Aproxima mais um carnaval e com ele os foliões arrastam multidões pelas ruas afora. Entretanto, muitos preferem os retiros espirituais e assim podemos destacar a COMEERJ e o ENEFE, que publicamos nesta edição artigo sobre seu surgimento. E para você que vai descansar longe da folia indicamos a obra imperdível - Nas Fronteiras da Loucura – ditado pelo então médico Monoel P. de Mirando e psicografada por outro baiano Divaldo P. Franco e com notáveis passagens de casos acompanhados por Bezerra de Menezes.

No capítulo 6 – Lições Proveitosas da citada obra, o autor do livro, desejoso em conversar com um famoso sambista desencarnado, o qual não é difícil sua identificação como Noel Rosa, o poeta de Vila Isabel autor de belíssimas canções.

Com tranquilidade Noel responde que em suas canções traduzia as dores e aspirações do povo, relatando dramas, angústias e tragédias amorosas do submundo carioca.

“Sem resistências morais, resvalei, não poucas vezes na fuga pelos alcoólicos e drogas outras, o tormento que não deixava”.

“Despertei sob maior soma de amarguras, com fortes vinculações aos ambientes sórdidos, pelos quais transitara em largas aflições”.

“Embora eu não fosse um herói, nem mesmo um homem que se desincumbira corretamente do dever, a minha memória gerou simpatias e a mensagem das músicas provocou amizades, graças a cujo recurso fui alçado pela Misericórdia Divina, que me recambiou para outros sítios de tratamento e renovação, onde despertei para realidades novas”.

O diálogo continua com o autor da obra e o sambista assim conclui: “o carnaval, para mim, é passado de dor e a caridade, hoje, é-me festa de todo dia, qual primavera que surge após inverno demorado, sóbrio.”

E o carnaval acaba na quarta-feira de cinzas.

Muita Paz e uma ótima leitura!