Narcisa Amália – você a conhece? .
Considerada uma verdadeira “deusa da poesia” Narcisa Amália de Campos, nasceu em São João da Barra, no Rio de Janeiro, em abril de 1852 e desencarnou, cega e paralítica, com 72 anos de idade. Seu corpo foi sepultado no cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro.
Jornalista, poetisa, cronista, professora e tradutora, essa mulher extraordinária, dona de grande talento tanto para a prosa quanto para a poesia, foi também defensora dos direitos femininos. Certa feita mereceu a visita do próprio imperador do Brasil, como prova do reconhecimento de seu importante papel para a sociedade, apesar de lutar pela república.
Nessa época Narcisa morava na cidade de Resende, no Rio de Janeiro, e D.Pedro II, em visita à cidade, fez questão de conhecê-la pessoalmente.
Vida familiar:
Filha do poeta Jácome de Campos e da professora Narcisa Inácia de Campos, ela com 11 anos mudou-se com a família para Resende, cidade que amava e considerava como sua terra.
Com 14 anos casa-se com João Batista da Silveira, um artista ambulante, de quem se separa poucos anos mais tarde. Em 1880 casa-se novamente, desta vez com Francisco Cleto da Rocha, conhecido como “Rocha Padeiro que era proprietário da “Padaria das Famílias”, em Resende e Narcisa nos primeiros anos passa a ajudá-lo no negócio.
Carreira profissional:
Em 1872 publica seu primeiro e único livro de poesias, intitulado “Nebulosas”. Dois anos depois publica “Nelúmbia”, de contos, sua segunda obra.
Em 1884 funda um pequeno jornal quinzenal, “O Gazetinha”, suplemento do Tymburitá, que tinha como subtítulo, “Folha Dedicada ao Belo Sexo.” Narcisa foi a primeira mulher a se profissionalizar como jornalista alcançando projeção nacional.
Fervorosa abolicionista, a contragosto do marido, realizava saraus em sua casa, onde recebia alguns amigos importantes e intelectuais como o poeta Raimundo Correia, Luís Murat, Alfredo Sodré e outros.
O casamento não durou muito e em razão das maledicências contadas pelo marido enciumado, Narcisa foi obrigada a deixar a cidade e mudando-se para o Rio de Janeiro, onde se dedicou ao magistério.
Antologia dos Imortais:
Comprovando a imortalidade do Espírito que nunca morre, que continua dono de seu próprio destino, nas páginas do livro “Antologia dos Imortais”, publicado pela Federação Espírita Brasileira, está Narcisa Amália, possuidora de forte sensibilidade e inconfundível estilo.
Para finalizar esta singela homenagem à importante feminista e primeira mulher jornalista do Brasil, selecionei o soneto “Nosso Filho”, psicografado por Waldo Vieira.
Guarda o tenro menino nascituro
Qual se trouxesses brando sol contigo.
Oferece-lhe os braços por abrigo,
O coração por lar ridente e puro.
Anjo frágil e pássaro inseguro,
Busca-te o pão de amor, radiante a amigo.
Corrige amando... Ampara sem castigo...
Vê na criança a aurora do futuro.
Não lhe firas os sonhos! Não lhe torças
A santa direção das novas forças
A caminho de flóreas primaveras!...
Dá-lhe o teu próprio exemplo por escudo;
Tens no filho querido, antes de tudo,
O teu credor volvendo de outras eras.