
Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Rafaela Gonzaga de Bragança, herdeira do trono brasileiro, filha do Imperador Dom Pedro II e de D. Teresa Cristina Maria, princesa das Duas Sicílias, assumiu o governo, pela primeira vez, com 25 anos, substituindo o pai que viajara para a Europa.
As irmãs Isabel e Leopoldina foram criadas dentro de uma cuidadosa educação que incluía estudo de idiomas como o latim, inglês, alemão e de muitas disciplinas como a matemática, física, química, música, teatro e literatura. "A instrução não deve diferir da que se dá aos homens". Foram essas as palavras do imperador. As distrações favoritas eram os passeios a Petrópolis, pois mesmo nas férias as atividades de estudo não eram interrompidas. Distraíam-se também com representações teatrais no próprio palácio e jogos de salão.
Amor pela Abolição:
Em 28 de setembro de 1871, depois de prolongadas discussões na Câmara, finalmente a Lei do Ventre Livre foi aprovada e sancionada pela princesa. A partir daí ninguém mais nasceria escravo. Isabel escreveu ao pai contando à notícia que sabia seria recebida com alegria. Na breve regência de dez meses a princesa começava a cumprir sua missão espiritual, descrita pelo espírito Humberto de Campos, no livro Brasil, Coração do Mundo: "...viera ao mundo com a tarefa definida no trabalho abençoado da abolição."
Em 1885, quando comemorou seu aniversário de 38 anos, durante solenidade no Paço Imperial, D.Isabel concedeu carta de alforria aos seus escravos, que, em fila, beijavam a mão da aniversariante, em sinal de respeito e gratidão.
O grande abolicionista, engenheiro André Rebouças, registrou mais de mil os fugitivos acolhidos pela Princesa. Financiava a alforria de ex-escravos com seu próprio dinheiro. Apoiava a comunidade do Quilombo do Leblon, que cultivava camélias brancas, símbolo do abolicionismo. Recebia escravos fugitivos em sua própria casa, em Petrópolis.
A Redentora:
Com coragem e desapego ao cargo, em 13 de maio de 1888, domingo, desceu de Petrópolis para o Rio de Janeiro. O marido, Conde D Eu lhe advertiu: "Não assine, Isabel, pode ser o fim da Monarquia". Respondeu-lhe: "É agora, ou nunca!"
Usou uma pena de ouro, especialmente confeccionada para a importante ocasião. Em frente ao Paço, a multidão se aglomerava para saudar Sua Alteza. Após sancionar a lei, o jornalista José do Patrocínio, adentrou o recinto e colocou-se, aos pés da princesa, em prantos.
O Barão de Cotegipe ao cumprimentar a princesa, disse: "Vossa Alteza libertou uma raça, mas perdeu o trono." A princesa não se intimidou, respondendo: "Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil."
Em setembro recebeu do Papa a "Rosa de Ouro", como reconhecimento pela Abolição da Escravatura. A única personalidade brasileira a receber tal condecoração.
Após a Proclamação da República:
Aos 43 anos, na madrugada de 17 de novembro de 1889, seguiu com sua família para o exílio. O Imperador Dom Pedro II embarcou, com grave crise de diabetes, amparado pelo seu médico. Os bens particulares da família foram confiscados e leiloados.
Envelheceu ao lado dos filhos e netos no castelo da família, na Normandia. Sua casa era considerada uma espécie de embaixada do Brasil. Desencarnou em 14 de novembro de 1921, após a morte de dois filhos, com saudade do Brasil.
Uma grande mulher:
Com idéias modernas era a favor do voto feminino. Dona de uma conduta impecável, Isabel sofreu injúrias e discriminação, numa época em que a mulher ainda não havia se emancipado socialmente, Isabel foi Princesa Regente..
Para que não passe em branco mais um glorioso treze de maio, um marco na história do nosso país, é bom lembrarmos de soberanos, de alta estirpe espiritual, que governaram o Brasil, com dignidade e elevada moral, desapegados das questões pessoais, visando o bem estar da sociedade para a qual prestaram seus mais estimáveis serviços. Isabel, a Redentora dos escravos, foi uma verdadeira cristã.
Que Jesus possa continuar a derramar seu amor sobre a Terra do Cruzeiro, neste momento de tão graves mudanças e abençoar a nobre Família Imperial, a quem tanto devemos.
Publicado no Jornal Correio Espírita ediçao 59/ Maio 2010.