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Artigo do Jornal: Jornal Junho 2014

Sobre o autor

Ângela Delou

Ângela Delou

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Estudar sobre a gestação humana é sempre fascinante. Refletindo a respeito dos ensinamentos da Doutrina Espírita, vamos entendendo que nada acontece de forma aleatória. Há um planejamento reencarnatório do Espírito que reinicia uma nova jornada terrestre. E a beleza e a perfeição das Leis Divinas demonstram que o Amor é a grande força que move o universo sempre na direção da evolução espiritual.

              Assim, em sua trajetória evolutiva, o ser espiritual enfrentará todas as lutas e obstáculos com o objetivo maior de alcançar a perfeição moral, vencendo os vícios morais, libertando-se gradativamente dessas algemas espirituais e movendo-se em direção à felicidade, direcionado sempre pelo Amor Divino.

              Cada um de nós poderá agir nessa direção ajudando na solução de tantos desafios que se apresentam nesses processos reencarnatórios. Especialmente nos casos mais difíceis, como os dos bebês prematuros. Sempre me interessei por conhecer melhor os casos desses espíritos que aceitam reencarnar em condições tão desafiadoras. São heróis, tanto os reencarnantes quanto seus pais e os profissionais que cuidam deles; bebês e familiares. Em razão disto e buscando caminhar um pouco mais dentro desse universo que é a vida humana, procurei um amigo, companheiro de trabalho de Comeerj – Confraternização de Mocidades Espíritas do Estado do Rio de Janeiro e médico pediatra neonatologista – Dr. Adriano Almeida.

           Esse encontro emocionante rendeu ótimos frutos que compartilho com você, querido leitor, que também se interessa por assunto tão importante, abordado à luz do Espiritismo.

A neonatologia - o desafio de salvar vidas

         “Por algum motivo (planejamento reencarnatório?), desde criança, por volta dos 3 anos de idade, já dizia que seria pediatra. A neonatologia surgiu na faculdade, quando tomei contato com o cuidado com os recém-nascidos e percebi o quanto é desafiador o trabalho com crianças pequenas, que não conseguem expressar sua dor pela linguagem oral, além de ser, em grande parte, um campo direcionado à terapia intensiva, outro desafio, o de lidar com pacientes graves. Existe ainda a oportunidade de lidar com o início da vida, pelo menos, o início da vida fora do útero.” Adriano atua com prematuros desde a faculdade, quando iniciou os estágios, em 1993.

       O médico neonatologista precisa o tempo todo estar alinhando a técnica à perícia em cuidar dos bebês que nascem antes das 38 semanas de gestação. Precisa também desenvolver uma empatia com seus pacientes. Os pais esperam sempre por um bebê sadio. Adriano é casado e pai de Clara, Daniel e João, confirma isto dizendo que essa empatia deve acontecer em dois níveis: com a criança e com os pais. No seu dia a dia procura compreender os sentimentos e dúvidas dos pais, buscando orientá-los, esclarecer suas questões, explicando de forma clara, o que está acontecendo com seu filho.

      ”A UTI é um ambiente assustador, para quem não está acostumado. As reações dos pais são as mais diversas. Com as crianças, mesmo sendo prematuras e pequenas, também possuem percepção do que ocorre no seu entorno. É preciso que o toque, o falar, a atenção seja toda de cuidado e acolhimento, para que as impressões que ele leve daquele momento sejam as mais amenas, pois sabemos, diz Dr. Adriano, que eles sentem dor e sofrem com o que ocorre na UTI, além do distanciamento de sua família.”

        Salvar crianças tão pequenas requer um pequeno exército de dedicados profissionais de saúde. Além dos médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, há também necessidade de equipamentos modernos. Mas, acima de tudo, de muita dedicação e amor. Não é possível atender o recém-nascido sem que a equipe esteja integrada e com todos voltados para um só foco – o pequeno paciente.

Fato marcante

         “O nascimento prematuro é sempre uma prova para pais e crianças e uma oportunidade de crescimento para os neonatolgistas também”, diz o médico que, certa vez, acompanhou o parto de um bebê que apresentava uma alteração de formação do abdômen que precisaria ser encaminhado diretamente para a cirurgia. Quando o bebê nasceu, verificou que, além da má formação abdominal ele também não tinha um dos braços, e quando saiu do centro cirúrgico para transferir o bebê para o outro centro, onde seria feita a cirurgia do abdômen, “nos aproximamos do pai que aguardava e contamos da descoberta, mostrando o bebê para ele. O pai observou e disse: Doutor, não tem problema, este é um motivo para amarmos mais ainda nosso bebê.” Esse fato foi marcante, pois nem sempre o médico encontra compreensão por parte dos familiares e sim revolta, desconfiança, medo, ansiedade, e precisa compreender essa família em situação de crise, sendo necessário um trabalho maior por parte da equipe da UTI. “Se os pais tivessem o conhecimento espírita seria, com certeza, mais fácil para eles o entendimento da situação”.

Conversa com os bebês

          Perguntei também para Adriano se ele costumava conversar com os bebês, seus pequenos pacientes. Ele nos disse que sim, pois sabe que são espíritos imortais. Procura envolvê-los em prece e em um ambiente de cuidado e acolhimento. Fala com eles mentalmente e, por vezes, conversa diretamente, percebem a atenção do médico e muitas vezes se acalmam.

Os ensinamentos da Doutrina Espírita

        Para finalizar, Adriano explicou como o Espiritismo o auxilia nessa rotina atribulada com os recém-chegados à Terra em condições tão delicadas, dizendo que utiliza a prece nos momentos de dificuldade, ficando atento à presença dos Amigos Espirituais e dos guias espirituais dos pacientes e familiares presentes o tempo todo, dando tranquilidade e a certeza desse assessoramento, lembrando que acima de tudo está o poder de Deus e o Seu planejamento para cada um de seus pacientes.  

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