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Artigo do Jornal: Jornal Novembro 2019

Sobre o autor

Leonardo Vizeu

Leonardo Vizeu

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Um dos temas que mais aflige a sociedade contemporânea é a violência, e por consequência a possibilidade de sermos vitimados por ela ou termos alguém próximo que faça parte de suas tristes estatísticas.

Estarrecidos, assistimos, cotidianamente, a uma série de notícias que parecem minar nossa fé e esperança em dias melhores. Para compreendermos melhor o tema, é necessário analisá-lo sob uma perspectiva científica e sacra. Iniciemos a abordagem técnica. Segurança é a ciência da percepção do medo que se propõe a analisar todos os elementos que tiram a sociedade de sua posição natural de tranquilidade. Assim, através da compreensão dos fatores que estão retirando a calma dos indivíduos, são propostas medidas para se restabelecer o estado de apaziguamento na coletividade.

Trata-se de campo de conhecimento de caráter essencial na sociedade, a fim de evitar que as pessoas tomem medidas extremas, que se traduzem em respostas irracionais às situações de risco, perdas ou perigo. Para tanto, o Estado assume papel fundamental no que se refere à propositura de ações governamentais e políticas públicas de pacificação social, relativas à proteção da sociedade e das vias públicas.

Combatem-se os fatores de violência por meio de medidas, preventivas e repressivas, de eficácia temporal de curto, médio e longo prazo. Esse conjunto de convenções sociais, que se traduzem no bem comum da coletividade, são prestadas pelo Estado, uma vez que esse é o único ente constitucionalmente autorizado ao uso da força, moderada ou letal, para tanto. As medidas de curto prazo se traduzem nas ações governamentais de eficácia imediata, que se perfazem por meio do policiamento, atividade destinada à prevenção, repressão e investigação de atos violência, envolvendo medidas como: a) patrulhamento, para prevenção; b) enfrentamento, para combate; c) investigação, para resolução.

A médio prazo, a segurança pública se completa por meio de medidas de inteligência e contrainteligência. A primeiro é o exercício de ações especializadas para obtenção e análise de dados, produção e proteção de conhecimentos para a sociedade e a Nação. Por sua vez, a segunda é o conjunto de ações para produção de conhecimentos e realização de ações voltadas para a proteção de dados, conhecimentos, infraestruturas críticas (comunicações, transportes, tecnologias de informação, dentre outras) e outros ativos sensíveis e sigilosos de interesse do Estado e da sociedade.

Por meio destas ações, monitoram-se as atividades de crime organizado, desmantelando-se toda a estrutura constituída em torno dos ilícitos que se praticam, de forma contínua e prolongada. Todavia, as medidas de curto e médio prazo não têm eficácia duradoura.

Por mais bem planejadas e aplicadas que sejam, sem as medidas de longo prazo, não há como se garantir o estabelecimento de círculos virtuosos na sociedade, no sentido de vocacionar os indivíduos para o bem, quebrando-se o círculo vicioso do crime.

Aí entram em cena as medidas de segurança pública de longo prazo e eficácia temporal durável, que se traduzem nas medidas de inclusão socioeconômica, mediante o processo de habilitação e reabilitação social, visando reinserir a população em situação de risco social em atividades produtoras de rendas e riquezas, por meio de atividades de capacitação e educação intelecto-profissionalizante.

Infelizmente, nos tempos atuais, tendemos a confundir segurança com violência, exigindo do Estado uma resposta repressiva e violenta face aos irmãos que incidem no erro e no crime. Mas comportamento gera comportamento. Quanto mais violenta for a resposta do Poder Público, mais violento será o comportamento da sociedade.

Indagado sobre qual conselho deixaria para as gerações mais novas, o filósofo e matemático Bertrand Russel deu o seguinte ensinamento: O amor é sábio. O ódio é tolo. Cristo, em sua infinita sabedoria, recomendou perdoar setenta vezes sete (Mateus 18:21-22) e a dar a outra face (Lucas 6:27-31; Mateus 5:43-48).

Todavia, chegamos em um dilema: o que fazer diante da violência que, dia a dia, parece aumentar e não ter solução? Na questão 784 do Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga e tem como resposta:

“Bastante grande é a perversidade do homem. Não parece que, pelo menos do ponto de vista moral, ele, em vez de avançar, caminha aos recuos? Enganas-te. Observa bem o conjunto e verás que o homem se adianta, pois que melhor compreende o que é mal, e vai dia a dia reprimindo os abusos. Faz-se mister que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas.

Guardemos a fé no Criador e a esperança em dias melhores, que certamente virão!

Vide: Bíblia online; Livro dos Espíritos (FEB); Evangelho segundo o Espiritismo (FEB).

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