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Artigo do Jornal: Jornal Junho 2017

Sobre o autor

Leonardo Vizeu

Leonardo Vizeu

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Comemoramos, no presente ano, os 160 anos da codificação da Doutrina dos Espíritos, por intermédio da acurada e ponderada visão do professor Rivail, vulgo Allan Kardec. Na qualidade de discípulo de Pestalozzi, adotou o método intuitivo-racionalista de pesquisa, considerando, todavia, o valor da análise experimental. Para Allan Kardec, a pesquisa tinha como ponto de partida o conhecimento dos fatos adquiridos pela observação, pela experiência e pela analogia, para daí se extraírem, por indução, os resultados e se chegar a enunciados gerais que pudessem servir de base de raciocínio, dispondo-se esses materiais com ordem, sem lacuna, harmoniosamente. Valeu-se da colaboração de diversos médiuns, de ilibada moral e notórias faculdades extrassensoriais, além de insuspeita assistência espiritual. Assim, comparando o teor das diversas comunicações que recebia, em resposta a perguntas previamente formuladas, compilava aquelas que se encontravam em consonância com os princípios da ciência e da razão. Deste trabalho, codificou as obras básicas do espiritismo.

A primeira obra, O Livro dos Espíritos, datada no ano de 1857, é um conjunto de perguntas e respostas de cunho eminentemente filosófico. Traz os princípios da doutrina espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade, segundo os ensinos dados por Espíritos Superiores com o concurso de diversos médiuns, recebidos e coordenados por Allan Kardec.

Por sua vez, a segunda obra, O Livro dos Médiuns ou O Guia dos Médiuns e dos Evocadores é datada de 1857, em Paris, França. Trata-se de um tomo de caráter eminentemente científico, uma vez que traz um ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o mundo invisível, um método de desenvolvimento da mediunidade, catalogando, ainda, as dificuldades e os tropeços que se podem encontrar na prática do Espiritismo.

A terceira obra da Codificação Espírita, O Evangelho Segundo o Espiritismo, foi publicada originariamente em 1864. Traz a explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida. Assim, é um livro de cunho totalmente religioso, uma vez que avalia os evangelhos canônicos sob a ótica da Doutrina Espírita, tratando com atenção especial a aplicação dos princípios da moral cristã e de questões de ordem religiosa como a prática da adoração, da prece e da caridade. Pela ordem cronológica de publicação das três primeiras obras da Codificação, percebe-se o perfeccionismo lógico que cerca a Espiritismo quanto doutrina filosófica (O Livro dos Espíritos) de caráter científico (O Livro dos Médiuns) e religioso (O Evangelho Segundo o Espiritismo).

Além das três iniciais, há mais duas obras que compõem o conjunto da Codificação. Na sequência de publicação, vem O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo, editada em 1865. Compõem-se de duas partes. Na primeira, Kardec realiza um exame da doutrina católica sobre a transcendência, procurando superar algumas contradições filosóficas e incoerências por meio de métodos de pesquisa e do conhecimento científico, tendo como norte o paradigma espírita da fé raciocinada. No segundo tomo, constam dezenas de diálogos, estabelecidos entre Kardec e diversos espíritos, nos quais estes narram as impressões que trazem do além-túmulo.

Encerrando o conjunto de obras da Codificação, tem-se A Gênese ou Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo, que foi publicada em 1868. Neste livro, Kardec aborda diversas questões de ordem filosófica e científica, como a criação do universo, a formação dos mundos, o surgimento do espírito e a natureza dos ditos milagres, segundo o paradigma espírita de compreensão da realidade.

Como textos complementares à Codificação, tem-se: O que é o Espiritismo (1859), que é uma introdução didática sobre a doutrina; a Revista Espírita, periódico editado por Allan Kardec de 1858 a 1869, para o desenvolvimento e o debate de ideias que seriam, muitas delas, após consolidadas, transferidas e incorporadas para os livros da Codificação Espírita; e Obras Póstumas, publicada em janeiro de 1890, pelos dirigentes da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, sendo uma compilação de escritos inéditos de Allan Kardec, com anotações sobre os bastidores da criação da doutrina e que auxiliam a sua compreensão. Toda essa obra literária constitui manancial precioso que tanto nos ajuda e consola. Assim, muito mais que uma codificação literária, o caráter interdisciplinar da doutrina dos espíritos perpassa todos os campos de atuação humana, sendo norte inafastável para todos os profissionais do direito, que abraçaram a justiça como sacerdócio.

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