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Artigo do Jornal: Jornal Setembro 2020

Sobre o autor

Lúcia Moysés

Lúcia Moysés

"O bem que praticas em qualquer lugar será teu advogado em toda parte." Emmanuel
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Há lições na vida tão marcantes, que somos impulsionados a compartilhá-las com todos ao nosso redor. É o que ora fazemos em relação a uma narrativa protagonizada pelo valoroso Antônio Gonçalves da Silva Batuíra.

Português de nascimento, ele veio para o Brasil em 1850, com 11 anos de idade. Na Cidade de São Paulo desenvolveu suas atividades laborais e constituiu família. Tendo conhecido o Espiritismo, em pouco tempo se tornou um dos seus mais devotados divulgadores. Mas foi, sobretudo, no campo da ação caritativa e do socorro espiritual aos mais necessitados que se fez admirado e respeitado pelos que o conheceram. A bondade que irradiava de sua alma converteu-se no facho de luz que o projetou, depois da sua partida, como um dos nobres mentores do Movimento Espírita do Brasil e de Portugal.

Sua vida corria feliz, junto à esposa e um filho de 12 anos, quando, de um dia para outro, tudo mudou: uma simples espetada de espinho, causadora de um tétano fatal, arrancou de seu convívio o seu menino tão amado, apunhalando seu coração de uma forma arrasadora.

Sem nenhuma crença que o sustentasse nessa hora, não encontrava consolo em parte alguma. Sua figura era a de um pai desesperado. Em vão, familiares e amigos tentavam confortá-lo. O velório na sala da casa, como era o costume, seguia entre prantos e orações, quando, de repente, todos ficam admirados ao ver uma súbita mudança em seu semblante. Sem nenhuma explicação, sai rapidamente dali e se tranca no quarto.

Meia hora mais tarde, retorna, completamente transformado. Em sua fisionomia, a paz, mesclada de tristeza. Com todos os olhares voltados para ele, exclama: “Não quero que ninguém mais chore aqui. Meu filho não morreu. Meu querido filho vive. Por isso, não chorem mais! Eu só quero alegria a partir deste instante”.

O seu biógrafo, Eduardo Carvalho Monteiro, no livro Batuíra, Verdade e Luz, é quem dá os detalhes do que ocorreu naquele espaço de tempo, causando tamanha transformação.

A dor insuportável e o questionamento a Deus do porquê daquela fatalidade o fizera se recolher em busca de uma resposta. E ali, naquele quarto, em meio a uma névoa iluminada, Batuíra vê surgir a figura do seu próprio filho, provocando-lhe uma emoção incontrolável.

Posteriormente, ele irá relatar aos amigos que ouviu, claramente, quando o menino lhe disse: “Pai, não fique triste. Eu não morri. Estou mais vivo do que nunca”. E acenando-lhe com suas mãozinhas, como o fazia em vida, sua imagem vai se apagando lentamente.

Profundas meditações o envolvem. A presença do filho é tão real, tão verdadeira, que não há como duvidar: a morte não existe. A vida continua. Nossos laços de amor não se desfazem. Não há motivo para tanta dor, tanto desespero.

E foi a partir desse episódio que nosso amado mentor se tornou espírita e mudou, inteiramente, a sua vida, passando a se dedicar, por completo, às ações beneméritas em favor dos que sofrem.

Aprendemos em O Livro dos Espíritos que a alma, após a morte, conserva a sua individualidade, sem a perder jamais; que continua a ter um fluido que lhe é próprio – o perispírito – o que lhe permite guardar a aparência de sua última encarnação (Q. 150). E que, para evoluir espiritualmente, precisa passar por inúmeros processos de reencarnação. (Q.166).

É essa certeza de que somos espíritos habitando temporariamente uma veste carnal; que voltamos inúmeras vezes à Terra para a aquisição de novas experiências e acerto dos equívocos de vidas passadas; que viemos do Mundo Espiritual e para lá retornaremos quando findarem nossos dias aqui, que nos dá a serenidade diante da partida de um ser amado.

Para aquele pai macerado pela dor, a manifestação espiritual do filho, em uma prova concreta das verdades pregadas pelo Espiritismo, não poderia ser mais convincente. E são fatos, como esse, que vêm corroborar tudo aquilo que aprendemos nos nossos templos de fé. A sobrevivência do Espírito é um dos princípios básicos do Espiritismo, como o é o da comunicação com os Espíritos.

É sempre motivo de intenso júbilo receber algum tipo de contato dos seres queridos que já retornaram ao Plano Espiritual, como as mensagens psicográficas, por exemplo.

Os estudos, porém, das obras espíritas respeitáveis são capazes de nos transmitir essa mesma certeza que levou o nosso querido Amigo Espiritual ao convencimento da continuidade da vida após a morte do corpo físico.

A fé raciocinada emanada do Espiritismo permite-nos encontrar consolo e enxugar as lágrimas diante da dor da separação dos entes amados. É ela que enche nossa alma de esperança de um dia nos reencontramos para continuar seguindo, sob as bênçãos de Deus, as trilhas que um dia nos levarão ao Seu regaço.

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