O dia mal começa e as diferentes mídias que acessamos inundam nossas mentes com noticiários assustadores e deprimentes, principalmente nos grandes centros urbanos. Há uma onda de pessimismo que vai se espalhando e, se não nos cuidarmos, acaba por nos contagiar.
Muitas vezes fraquejamos quando a esse quadro externo vêm se somar as nossas dores físicas e morais. E assim, acabamos por criar, para nós, sentimentos negativos. Nessas horas, mais do que nunca, deveríamos manter viva a chama da fé.
É nesse refúgio que vamos ganhar forças para enfrentar todas as dificuldades. Quantas vezes marchamos esquecidos de que somos filhos de Deus, o Pai de Bondade que nos criou para alcançar a perfeição e a felicidade. Com imenso amor colocou junto a cada um de nós um anjo guardião, esse amigo paternal que nos orienta nas sendas da vida, nos consola das aflições e nos ampara nos momentos de dor.
Como é bom saber disto! Como nos conforta!
Das inúmeras menções existentes na obra kardequiana a essa figura angelical que vela por nós, destacamos a que é relatada no livro O Céu e O Inferno (capítulo VIII), ao abordar as expiações terrestres. Estamos falando do caso de Clara Rivier, uma garota de dez anos, pertencente a uma família de lavradores num vilarejo francês. A partir dos seis anos fora acometida por uma doença que a fez sofrer terrivelmente, levando-a à desencarnação. Mesmo diante da dor, jamais reclamava, mantendo-se calma. Pouco depois do seu passamento, mediante uma comunicação mediúnica, ela forneceu esclarecimentos muito interessantes acerca da sua profunda resignação – uma atitude incomum na infância.
Ao ser questionada sobre o motivo que a fez enfrentar com tanta galhardia seu padecimento, ela respondeu: “Porque o sofrimento físico era controlado por um poder maior, o do meu anjo guardião, que eu via continuamente perto de mim; ele sabia aliviar tudo o que eu sentia; ele tornava minha vontade mais forte do que a dor.”
A menina era médium e essa condição favorecia o estreitamento dos laços que mantinha com aquele espírito protetor. Poucos minutos antes da sua morte, ela avisou aos pais que estaria partindo e a explicação que deu, posteriormente, é que havia sido avisada por aquele espírito que, segundo expusera, nunca a abandonara.
A fala de Clara, além de trazer consolo aos que passam por grandes tribulações, oferece ao leitor uma lição prática da aplicação da Lei de Causa e Efeito. É ela mesma quem elucida que todo o seu martírio teve origem em uma vida passada:
“Eu tinha faltas anteriores a expiar; tinha abusado da saúde e da posição brilhante de que gozava na minha encarnação anterior; então Deus disse-me: ‘Gozaste grandemente, desmesuradamente, sofrerás igualmente; eras orgulhosa, serás humilde; eras orgulhosa de tua beleza e serás aniquilada; em vez da vaidade, esforçar-te-ás por adquirir caridade e bondade.’ Fiz de acordo com a vontade de Deus, e meu anjo guardião ajudou-me.”
Uma vez mais ela deixa patente o papel zeloso do guia espiritual ao seu lado, conferindo-lhe forças para vencer os desafios impostos pela necessidade de superar suas próprias inferioridades. Ao afirmar que se submeteu à vontade de Deus ela nos instrui sobre a importância de aceitarmos os desígnios divinos e fazermos a nossa parte. O protetor ajuda, mas não toma as rédeas em suas mãos e nos coloca a reboque. Não carrega as pedras que temos que levar. Não nos poupa de passar por aquilo que nos ajudará a redimir nossos erros do passado.
Mas o amparo especial que temos não termina aí. Sabemos que há outros amigos queridos que nos acompanham, intuindo-nos para a ação no bem. São os Espíritos Protetores, que podem ser de parentes ou amigos, desta e de outras vidas. Para que não tenhamos dúvidas em solicitar-lhes seu amparo, em O Livro dos Espíritos (questão 495), São Luís e Santo Agostinho afirmaram: “Não temais fatigar-nos com as vossas perguntas. Ao contrário, ficai sempre em contato conosco, pois assim sereis mais fortes e mais felizes.”, demonstrando que estão sempre prontos a nos valer.
Portanto, oremos mais. Aumentemos nossa fé no Poder Maior e nas providências que Ele toma em nosso favor. E, na condição de pais ou responsáveis, lembremo-nos também de semear o sentimento de religiosidade no coração das crianças.
Quem ensina a criança a orar desde cedo, fazendo-a entender que Deus, Jesus e os protetores são amigos queridos ao seu coração, cria barreiras vibracionais poderosas, capazes de lhe transmitir confiança diante das possíveis asperezas da vida. E nós não temos o direito de lhe subtrair essa alegria.