Daqui a alguns dias, estaremos comemorando o Natal. Apesar da forte conotação consumista que vem transformando a data em evento muito comercial, este ainda é, para milhares de famílias, o momento do encontro de afetos, da troca de agrados e afagos.
A festa máxima da cristandade traz para perto de nós a presença do Menino Jesus, e o ato tradicional de se armar o presépio pode ser uma excelente oportunidade de se conversar com as criancinhas acerca do nascimento de Nosso Senhor, despertando emoções e introduzindo as primeiras noções de espiritualidade em suas mentes. Em verdade, essa hora propicia o despertar do sagrado até mesmo para aqueles que, independente da idade, vivem apartados da religiosidade.
Já há algum tempo estudos científicos têm apontado a forte associação que existe entre espiritualidade e o bem-estar físico e psicológico dos indivíduos.
Confirmando essa tendência, foi publicada recente investigação liderada por dois estudiosos da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos Estados Unidos (Ying Chen Tyler J Vander Weele). Trata-se uma pesquisa sobre esse tema que vem atraindo a atenção de pessoas de diferentes segmentos religiosos pela seriedade com que foi conduzida e pelas conclusões a que chegou.
Esse estudo acompanhou mais de sete mil jovens durante 14 anos, analisando vários aspectos ligados à saúde física, mental e comportamental. A pesquisa começou em 1999 quando eles tinham, em média, 15 anos e os foi testando em várias ocasiões: quando estavam com 23 anos, depois com 26 e finalmente, com 29 anos. Toda a pesquisa se resumiu a duas perguntas básicas: “Você frequenta algum ofício religioso?” e “Você ora ou medita?”. Para cada pergunta eles teriam que assinalar uma das três respostas. Na primeira: nunca; menos de uma vez por semana; pelo menos uma vez por semana. E a segunda: nunca; menos de uma vez por dia; pelo menos uma vez por dia.
Os resultados a que chegaram foram interessantíssimos. Ficou claro que os que diziam respeito aos que compareciam pelo menos uma vez por semana a um ofício religioso e oravam ou meditavam todos os dias eram muito diferentes dos demais. O grupo que mantinha a religiosidade permanentemente acesa teve ganhos extraordinários desde o final da adolescência até se tornarem adultos de quase 30 anos.
Vejamos os resultados desse grupo, comparado aos outros dois de fraca religiosidade. Frequentar pelo menos uma vez por semana e orar ou meditar diariamente foi associado a uma ampla gama de bem-estar psicológico, como maior satisfação com a vida e com as relações afetivas; autoestima elevada e maior controle das emoções. Também maior fortaleza de caráter, dedicação a trabalhos voluntários; um alto senso de missão e um dado dos mais importantes: facilidade de perdoar as faltas alheias.
Do ponto de vista da saúde física, foi observado um menor número de problemas orgânicos, o mesmo ocorrendo com a saúde mental, que mostrou índices baixos de depressão e ansiedade. Ganhos altamente significativos também foram notados no campo do comportamento, com menor ocorrência de tabagismo e de abuso de drogas, menor número de parceiros sexuais ao longo da vida e de iniciação sexual precoce. Poucos foram os que relataram histórias de doenças sexualmente transmissíveis e, um dado que se destacou entre os demais: um número muito reduzido de gravidez precoce.
Ou seja, os dois aspectos ligados à religiosidade se mostraram como fortes fatores de proteção a situações de risco físico, mental e comportamental de adolescentes e adultos jovens.
A lição que se pode aprender com essa pesquisa é que seria muito bom se começássemos desde cedo a levar nossas crianças para frequentar os locais onde praticamos a nossa religião, e as ensinássemos a orar diariamente, a exemplo de muitos pais que assim procedem ao colocá-las para dormir.
Hoje o Movimento Espírita está em franca ampliação e na esteira desse caminhar expansionista estamos vendo crescer o número de crianças e jovens que estão semanalmente nas instituições espíritas para os encontros da evangelização. E nos lares, grandes parcelas de pais estão conduzindo seus filhos para participar do Culto do Evangelho no Lar, um momento propício para lhes ensinar a orar. Que assim seja, pelo bem estar geral daqueles que se encontram, ainda, nas fases iniciais da vida.
Em resumo: o sentimento de religiosidade é algo que pode e deve ser desenvolvido no coração das crianças desde cedo. Que, nesse Natal de Jesus, todas as oportunidades sejam bem aproveitadas nesse sentido, para que elas possam colher benefícios ao longo da vida.