Nos dias que correm, somos, a todo momento, tocados por notícias tristes, trazidas pelos noticiários ou postadas nas redes sociais, que nos comovem pelo seu lado doloroso. São tragédias particulares ou, em inúmeras vezes, sofrimentos de minorias, povos ou nações que nos angustiam pela impossibilidade de fazermos alguma coisa em prol das vítimas. Por isso, quando ouvimos histórias edificantes, sentimo-nos no dever de divulgá-las. São como flores perfumadas, nascidas no deserto.
Em uma pequena comunidade às margens do Rio Amazonas, nasceu Zita, a primeira de dez filhos. Vivendo a realidade das populações ribeirinhas, mal pôde conhecer as primeiras letras. Desde menina passara a ajudar a mãe no cuidado com os irmãos mais novos. Aos 14 anos, sem conhecer nada da vida e sem ter recebido nenhum tipo de orientação sexual, engravidou de um rapaz um pouco mais velho. Casaram-se e, da união, nasceram sete filhos, a maioria homens. Vidas que se repetiram: uniões prematuras gerando filhos antes da hora. Ao contrário do seu casamento que já avança para os 40 anos de vida em comum, quase todos os seus filhos viveram aventuras de pequena duração, que resultaram em rebentos não esperados.
Um, em particular, aos dezoito anos uniu-se a uma jovem mãe de uma menina. Desse enlace, que não chegou a completar três anos, nasceu um menininho. Na separação, a mãe foi taxativa ao afirmar que levaria a sua filha e que ele fizesse o mesmo com o filho que tiveram, selando assim o destino da criança.
Assustado, o inexperiente rapaz não viu outra solução que não fosse levar o bebê para que a mãe o criasse. Zita o acolheu como se fosse seu próprio filho. Cuidou da sua educação e ofereceu-lhe muito amor.
Mesmo sem nenhuma proximidade com a mãe, que morava em um vilarejo a poucas horas de barco, a avó o educou trazendo presente a lembrança materna, não permitindo jamais que alguém a denegrisse. Quando o garoto perguntava porque viviam afastados, ouvia a explicação de que o casamento não dera certo, mas era uma boa pessoa a quem ele deveria amar.
Os anos se passaram e o menino cresceu. Curioso sobre sua origem, não foi difícil chegar até sua mãe fazendo uso das redes sociais. Aos 13 anos, ao se aproximar o Dia das Mães, manifestou à avó seu desejo de conhecê-la. E aqui começa a beleza dessa história. Zita se esmerou na preparação psicológica do neto: “Ela é a sua mãe. Vá até lá, e trate-a com amor”. E caprichou na escolha de um presente, acompanhado de um belo cartão comemorativo da data.
Assim preparado e envolto em vibrações amorosas, o primeiro encontro do filho com a mãe foi marcado por forte emoção. Ela caiu em pranto quando ouviu de seus lábios uma expressão já quase em desuso: “A sua bênção, minha mãe.”, seguida de um carinhoso abraço. Agora tentam recuperar o tempo perdido, mantendo constante contato.
Figura extraordinária essa avó que, ao contrário de tantas outras, manteve no coração infantil a chama do amor e do respeito que deve brilhar nas relações entre mãe e filho. Considerando as circunstâncias em que se deu o surgimento desse filho-neto em sua vida e que se manteve ao longo dos anos, teria sido muito fácil insuflar sentimentos menos nobres no coração do menino em relação à própria mãe, difamando-a e acusando-a por tê-lo abandonado.
Ao invés disso, mesmo correndo o risco de perdê-lo, Zita comportou-se como uma verdadeira seguidora do Cristo, ensinando e praticando a Lei do Amor. Seu comportamento desprendido e amoroso denota a grandeza da sua alma. Uma alma generosa!
Seu exemplo nos faz refletir sobre nossos próprios sentimentos. Quantas vezes, em situações muito menos dramáticas, nos deixamos levar pelas reações egoístas, coloridas pelos ciúmes e desejo de vingança... Como nos é difícil renunciar em prol de alguém, mantendo nosso pensamento elevado, na certeza de que agir no bem e servir ao próximo de forma desinteressada é a melhor forma de nos aproximarmos de Deus.