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Artigo do Jornal: Jornal Julho 2017

Sobre o autor

Lúcia Moysés

Lúcia Moysés

"O bem que praticas em qualquer lugar será teu advogado em toda parte." Emmanuel
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Quem são os filhos que chegam em nossos lares? Alguns são amigos de muitas existências e que retornam para dar continuidade à tarefa de ascensão rumo às esferas mais elevadas. Outros, adversários que, de certa forma, concordaram em voltar para o junto do desafeto, numa tentativa de acertar o passo. Outros, ainda, podem ser espíritos com provas difíceis, como doenças graves, anomalias, que esperam contar com o amor, a boa vontade e a paciência daqueles que os aceitaram como filhos. E há ainda, – bem o sabemos – aqueles contra os quais graves erros foram cometidos no passado pelos pais (ou por um deles) e que estão de retorno como verdadeiros cobradores.

Mas todos têm por meta a evolução.

Tomemos, como exemplo, uma criança que se enquadre nesse último caso. Se é fato que na sua bagagem ela porta uma folha de compromissos reencarnatórios a cumprir, não podemos nos esquecer de que ela traz, também, um lastro de experiências. Em ajudá-lo na tarefa evolutiva, devem os pais se esforçar.

Assim, ao educar os filhos, sejam eles quais forem, os pais deveriam levar em consideração tanto suas características e seus interesses quanto suas necessidades emocionais e espirituais.

Os pais são aquilo que em psicologia se chama de “outros significativos”. Pessoas que, na visão da criança e do jovem, têm o poder de ser respeitado e acatado. Penso que eles poderiam aprender muito com J. Pestalozzi, o eminente educador suíço de quem Allan Kardec (H. L. Denizard Rivail) foi discípulo no Instituto de Iverdon. Embora dedicasse um grande amor por todos os seus alunos, cuidando da educação integral de cada um deles, ele entendia que não poderia se descurar de promover os talentos que observava despontarem em alguns deles. É dele este registro1:

 

“(...) com o meu jeito simples e com a minha habilidade de extrair do seu próprio círculo de experiências, de forma rápida e geral, tudo o que elas soubessem com cada matéria, poderia realizar com elas um curso bem determinado. Esse curso teria abrangido, por um lado, o conjunto de conhecimentos essencialmente úteis à massa humana e, por outro, teria trazido a qualquer criança dotada e algum talento especial em certa área um número suficiente de conhecimentos iniciais, para facilitar posteriormente o progresso individual da sua cultura”.

 

Na formação dada nos lares, podemos perceber como são variados os graus evolutivos dos filhos. Enquanto uns se assemelham a plantas tenras, necessitando cultivo, outros se parecem com botões de flores, anunciando os frutos saudáveis que irão de vir. Há que se ter sensibilidade para distingui-los e oferecer a cada um aquilo de que mais necessita.

É ainda Pestalozzi quem acrescenta, a propósito do respeito às diferenças individuais:

 

“Não temos nenhum direito de limitar a homem algum a possibilidade de desenvolver as próprias faculdades. Pode ser oportuno tratar alguns com maior atenção e propor a outros objetivos menos elevados: a grande variedade de dotes e inclinações, de projetos e tendências que se encontram entre os homens é já uma prova por si mesma suficiente desse tratamento diferenciado”. 

 

Mas não somente nos lares a criança de família espírita pode ser educada. É importante, também, que ela seja levada para as aulas de evangelização promovidas pelos Centros Espíritas.

O campo da educação espírita é muito apropriado para o desenvolvimento das potencialidades que os educandos trazem latentes, particularmente na área dos sentimentos. Temos notícias de trabalhos muito produtivos feitos com jovens e crianças de periferia através das artes; conhecemos projetos que estão trazendo de volta para a casa espírita rapazes e moças atraídos pela possibilidade de se tornarem protagonistas. E tudo começa ouvindo as suas dificuldades, seus anseios e seus sonhos, como é o caso de um belo projeto realizado no ano de 2015, na Rocinha (RJ), no qual jovens da comunidade, assustados com a violência local, realizaram um documentário em que entrevistavam moradores acerca do significado da paz para cada uma delas.

Os espíritos reencarnados que ora batem às portas dos Centros Espíritas esperando serem evangelizados confiam nas mãos amigas dos evangelizadores, certos de eles compreenderão suas necessidades evolutivas e farão tudo o que estiver ao seu alcance para que elas sejam atendidas.


1 As citações de Pestalozzi foram extraídas do livro de Dora Incontri: Pestalozzi – Educação e Ética, (pag.   156 e 97, respectivamente).

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