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Artigo do Jornal: Jornal Setembro 2015

Sobre o autor

Lúcia Moysés

Lúcia Moysés

"O bem que praticas em qualquer lugar será teu advogado em toda parte." Emmanuel
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Inglesa de 75 anos põe fim à vida em uma clínica especializada em suicídios assistidos, na Suíça, por não desejar chegar à velhice. A notícia, amplamente divulgada ao redor do mundo, vem levantando debates acerca do tema.

Depois de vários anos tratando de idosos, a enfermeira inglesa G. P. decidiu colocar um ponto final na sua vida. Plenamente saudável, apenas não queria vir a ser um problema para os dois filhos, nem passar pela decrepitude comum na velhice, como deixou escrito.

A antiga enfermeira, que trabalhou vários anos na área de cuidados paliativos e escreveu dois livros sobre a melhor forma de cuidar de idosos, também não queria vir a receber cuidados de um estranho, mesmo que profissional. Por isso, escolheu uma clínica suíça que faz suicídio assistido e, plenamente consciente do seu ato, concretizou a sua decisão. Seu companheiro – com quem vivia há 25 anos – a apoiou, pois sabia que a ideia de não se submeter às dificuldades da senilidade fora acalentada por mais de duas décadas. A filha, ao contrário, era a que mais lutava contra a deliberação da mãe.

Ela mantinha um blog e na sua última postagem fez uma longa declaração acerca dos seus motivos. Todos muito racionais: a vida é boa até os 70 anos, depois começam as limitações, tais como ir ao shopping, cultivar o jardim, preparar jantares para os amigos, viajar... “Eu não acho que a velhice é divertida. Ela não vai começar a ficar melhor. Eu percebi que as pessoas envelhecem por dentro e por fora”. E mais: filhos que precisam tomar conta de pais idosos ficam tolhidos nas suas atividades de lazer. “O pensamento de que eu possa precisar da ajuda de meus filhos me apavora. Sei que muitas pessoas velhas esperam, até mesmo exigem, a ajuda de seus filhos, mas eu acho que esta é uma visão muito egoísta e irracional”. Em relação aos amigos e à família, declarou preferir ser lembrada como era atualmente do que envelhecida. Afirmou, ainda, não estar se lamuriando de nada nem tampouco deprimida”. Vivi bem até aqui: uma vida completa e feliz”.

Chama a atenção no seu depoimento a total descrença em Deus. Seu olhar se restringe exclusivamente à vida material. E talvez seja este o ponto crucial de toda essa história.

Sabemos que a visão materialista da vida pode levar a raciocínios desse tipo. Sem a noção da imortalidade da alma, o ser não consegue ver nada além da presente existência. Tudo se resume ao mundo material. Negando a paternidade divina e todas as implicações daí decorrentes, a pessoa sente-se dona do seu próprio destino. Supondo que tudo acaba com a morte do corpo, ignora as consequências espirituais que tal ato pode acarretar.

Aqueles, no entanto, que creem haver uma continuidade da vida no mundo espiritual, utilizam outros parâmetros ao analisar as consequências inerentes à velhice. Ancorados nos preceitos evangélicos que relacionam os sofrimentos terrenos às bem-aventuranças no Mundo Maior – “bem-aventurados os que choram porque serão consolados”, e esclarecidos quanto às leis divinas, aceitam como natural o envelhecimento e a dependência que muitas vezes os acompanham.

Nas famílias onde reina o amor entre seus membros, filhos cuidam dos pais idosos sem que isto se constitua em um fardo, um sacrifício. Ao contrário, encaram a tarefa como uma oportunidade de servir, de retribuir todos os cuidados recebidos desde a infância. Talvez seja este o sentimento alimentado pela filha da referida mulher, que não concordava com a atitude tomada pela mãe.

O mais preocupante neste caso é saber que aumenta, ano a ano, o número de pessoas que procuram o suicídio assistido como forma de superar dificuldades, quer físicas, quer morais. São aquelas que não conseguem ter uma visão do ser humano englobando espírito e matéria e ignoram que, diante da justiça divina, somos responsáveis pelos nossos próprios atos.

A literatura espírita apresenta numerosos estudos sobre o suicídio e as consequências que acarreta para o espírito. Dores, sofrimentos, angústias estão presentes nos relatos daqueles que retornam através da mediunidade de companheiros terrenos. Arrependidos, espíritos que atentaram contra si mesmos buscam convencer a todos da inutilidade do seu ato insano.

Educar a criança à luz da Doutrina Espírita é, sem dúvida, uma forma de contribuir na diminuição de equívocos como esse aqui relatado. É, principalmente, um meio seguro para se entender o sentido da vida e compreender que vale a pena viver. Sempre!

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