Talvez não exista personalidade religiosa mais celebrada do que São Francisco de Assis, após a vinda de Jesus Cristo e Maria de Nazaré à vida terrena.
São Francisco de Assis reencarnou em 1181 e desencarnou em 1226, vivendo, portanto, menos que meio século numa sociedade conturbada e completamente entregue ao materialismo.
Ele se tornou uma referência legítima para o mundo ocidental, a partir da sua vida de profunda dedicação de amor ao próximo e a todas as criaturas da natureza.
Destacamos as suas principais habilidades de pacificador, humanista, ecologista e poeta.
Sua filosofia estabelece a bondade, a obediência, a humildade, o perdão e o amor como a base para uma vida justa e positiva.
Ele desnudou-se em praça pública para viver apenas do necessário, numa imitação consciente a qual o Mestre Jesus trouxe em sua época.
Ensinou que a vida terrena é temporária, porém, suficiente para os que acreditam em realizações edificantes na direção do progresso.
Ele trouxe ao mundo a mensagem de amor em toda sua expressão mais pura, ou seja, servir sempre mais, como disse Jesus.
Abraçou os excluídos que estavam abandonados e esquecidos, foi ao encontro dos que estavam desvalidos, doentes e leprosos, entregues à dor e à morte prematura.
Como pacificador minimizou guerras, usando da palavra sincera e do diálogo fraterno, celebrando a paz entre os homens.
Reza a história que ele ouviu uma voz que lhe pedia para reconstruir a Igreja, que estava em ruínas. A mensagem mexeu tão profundamente com o seu intimo, que avivou a programação escolhida por ele antes de retornar à vida humana.
Sua primeira atitude foi reconstruir a Igreja de São Damião, que estava em ruínas, com a ajuda de alguns idealistas que encontrou pelo caminho. Porém, com o tempo foi se familiarizando, enfim, com a verdadeira finalidade da sua missão.
Criou a Ordem e foi ao encontro de Inocêncio III, sendo hostilizado e ridicularizado pela corte, mas, logo foi ouvido pelo pontífice, que devidamente aceitou as Regras da Ordem, estabelecidas por Francisco, como sendo duras, mas autênticas e sinceras.
Mas foi ao lado da Irmã Clara que ele estabeleceu um dos mais belos diálogos de amor fraterno.
Há uma lenda que ilustra, mui belamente, a inseparabilidade dos dois:
Numa tarde de inverno, Francisco e Clara voltavam de Spoleto para Assis. A neve cobria o caminho, vestia as oliveiras, enrolava-se nos troncos e galhos desfolhados, envolvendo tudo em seu manto alvo e gélido. O céu pardacento. O vento frio açoitava tudo, como que zangado, varrendo o que encontrava em seu caminho. Os dois caminhavam penosamente.
Francisco, com os pés metidos em velhas sandálias e Clara, com os pés desnudos, pisando nos sulcos abertos por Francisco. Trêmulos ao frio da terra, mas aquentados ao amor divino do céu, marchavam em silêncio.
De súbito, na encruzilhada dos caminhos, Francisco rompe o silêncio:
- Irmã Clara, devemos nos separar, aqui.
- E quando tornaremos a nos encontrar, irmão Francisco?
- Quando a primavera chegar com as suas flores.
E separaram-se. Francisco fez um sinal da cruz e desapareceu como que diluído na neblina.
Clara ajoelhou-se na brancura do caminho, enquanto, em Assis, os sinos dobravam. E de repente... uma carícia primaveril a envolveu.
Abriu os olhos e a neve sumira.
Por toda parte rosas. Rosas à beira dos caminhos. Rosas nas oliveiras e ciprestes.
Rosas na amplidão. Por toda parte rosas.
Colheu as braçadas e correu ao encalço de Francisco:
- Irmão, irmão, a primavera voltou. Não nos separemos mais...
E nunca mais se separaram, nem na história dos homens, nem na eternidade de Deus...
Dois anos antes da sua morte, tendo Francisco ido ao Monte Alverne em companhia de alguns de seus frades mais íntimos, pôs-se em oração fervorosa e foi objeto de uma graça insigne. Ele recebeu os sagrados estigmas da Paixão.
Enfim, enfermo, Francisco de Assis desencarna exclamando:
- ¨Bem vinda, Irmã Morte!¨.
Todo dia 4 de outubro nós celebramos a memória de São Francisco de Assis, canonizado pela Igreja Católica e perpetuado no coração de toda Humanidade.
Paz e bem!