
O Espírito Hilário Silva, através da mediunidade de Chico Xavier e Waldo Vieira, nos trouxe diversas mensagens sobre os mais variados temas da vida humana.
Hilário Silva é o pseudônimo de um estudioso e aplicado Espírito por intermédio do Espírito André Luiz, de quem foi parceiro de trabalho e estudo para assistência aos irmãos habitantes das regiões umbralinas. Desde o início de sua participação na divulgação do ideal espírita, Hilário Silva compreendeu a necessidade de renovação que a popularização da Doutrina demanda, exige novas formas de pensamento para apresentar e ensinar os caminhos para transformação justa da vida. Autor de diversas obras ditadas a partir do mundo espiritual, como Almas em Desfile e A Vida Escreve, editadas pela FEB, muito vem contribuindo até os dias atuais, norteando-nos a favor do progresso espiritual.
A maneira breve dos seus contos facilita sobremaneira nas aberturas das sessões públicas, facilitando o entendimento de todos por serem páginas cuja leitura esclarecedora oferece narrativas e diálogos que asseguram o conhecimento.
O poder de síntese do autor ratifica a sua vivência do campo das ações expostas em seus contos, e todos que leem e ouvem conseguem abstrair com naturalidade, a ponto de visualizarem os personagens e a situação cênica tratada por ele.
Essa técnica literária é proposital, pois como facilitador espiritual, sabe perfeitamente como atender as necessidades prementes dos leitores e ouvintes.
A nossa querida Rádio Rio de Janeiro, 1400 AM, sempre apresenta seus contos em sua programação diária. Isso significa dizer que, educar através da leitura aos ouvintes, representa valorizar a imaginação dos ouvintes com vista à reflexão doutrinária.
Interessante dizer também que a informalidade dos seus contos permite o leitor ir mais longe, no tocante aos espaços inusitados para sua leitura.
Sendo um livro ligeiro e fácil de interpretação, temos visto leitores em ônibus, trens, metrôs e praças se deliciando com os seus dramas diversos.
Visando aproximar aos que ainda o desconhecem, apresento delicado caso intitulado Proteção Espiritual, do livro Almas em Desfile, psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira:
Marques, o ex-presidente do templo espírita, falava ao companheiro:
— Teremos uma assembleia geral depois de amanhã e estou colecionando os documentos. Veremos quem pode mais. Desmoralizarei os mandriões.
E Osório, o amigo fiel, ponderava:
— Mais calma. O senhor foi presidente por muitos anos. Sempre respeitado. Sempre querido. Recordemos nossas reuniões. Nosso Dias da Cruz, que o senhor conheceu tão bem, quando neste mundo, prometeu ajudá-lo até ao fim...
— Sei que estou protegido — dizia Marques, beliscando, nervoso, a barba branca —, mas vou colocar a coisa em pratos limpos. A diretoria foi tomada de assalto. É muita gente querendo transformar a casa em gamela gorda.
— Marques, a ironia é veneno.
— Tenho fotocópias, retratos, informações e muito papel importante para mostrar o passado desses oportunistas. Todo o material será exibido na assembleia. Alguns desses companheiros transviados são passíveis de xadrez.
— Medite, Marques, medite! — Pedia Osório. — O que passou, passou... agitar o fundo de um poço é fazer lama. Ore. Peça o amparo do Alto.
E, a convite do amigo, os dois se puseram em prece, rogando proteção espiritual.
Em seguida, tornaram à casa de Marques, onde Osório observaria como adoçar o calhamaço.
Ao procurar o libelo escrito, o dono da casa ouviu a arrumadeira, que entrara na véspera, a estranha explicação:
— Senhor Marques, todos os papéis que o senhor deixou espalhados nas cadeiras, com retratos e jornais velhos, eu entreguei ao lixeiro, quando o caminhão da Prefeitura por aqui passou.
— Meu Deus! — Gritou o velhinho, entrelaçando as mãos na cabeça, ante Osório sorridente — era serviço de oito meses!
E a jovem inexperiente replicou, sem saber que fazia a definição moral:
— Mas era muita sujeira!...
O autor à sua maneira simples e objetiva de escrever e educar, colocou aqui um dos seus maravilhosos contos a fim de tornar possível uma boa leitura e ótima reflexão.