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Artigo do Jornal: Jornal Junho 2014
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No ano de 1994, foi lançado o livro Chico Xavier e Nosso Lar em Cordel, com tiragem de 10 mil exemplares pela Casa Editora O Clarim. Escrita por Francisco Aparecido Lisboa, trás na sua capa especialmente criada pelo Plano Espiritual, uma tela assinada por Claude Monet, através da médium Valdelice Salum e no seu interior, ilustrações de Wanda Cardim.

O Cordel é uma Literatura muito conhecida no Brasil, que surgiu no século XVI, quando o Renascimento popularizou a impressão de relatos orais. Em Portugal, eles eram pendurados em cordas de barbantes para serem vendidos. No Nordeste do Brasil o nome foi herdado, mas a tradição do barbante não se perpetuou. Alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, também usadas nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.

Vemos no trabalho organizado por Francisco A. Lisboa, uma proposta bem clara de divulgação do Espiritismo através do cordel, como também, de valorização cultural a partir da arte na educação, que cabem tão bem no universo artístico de crianças e jovens, podendo ser um atrativo perfeito para o desenvolvimento criativo nos encontros da infância e mocidade.

São duas histórias excelentes, cuja capacidade multidisciplinar pode ser desenvolvida na sua simpliscidade, dando largas oportunidades aos frequentadores de produzirem dentro das diversas formas criativas, ações mobilizadoras que venham compor o progresso intelectual e espiritual, bem como no entretenimento de qualidade e elevação.

Quanto a sua montagem para o teatro, existe a possibilidade de se produzir algo de uma beleza regional, utilizando-se da musicalidade, da poesia e da encenação, considerando sua plasticidade e a presença de muitos atores. Isto sem contar o seu baixo custo de produção, podendo ser apresentada em qualquer local.

Por se tratar de um recorte da vida do Chico Xavier e da literatura de Nosso Lar, o texto propõe uma dinâmica empolgante, capaz de oferecer a diversão e a interação do público no espetáculo, utilizando os elementos corporais e sonoros com leveza e brilhantismo.

Sendo um trabalho de linguagem rimada, com o encatamento melódico e de cores diversas, abre-se um espaço para envolver plateias de todas as idades, dando o frescor da intimidade e a nitidez expressiva da sua mensagem, garantindo assim, um espetáculo cultural cheio de simpliscidade e afeto.

É importante dizer, que Francisco A. Lisboa, em 1987, por ocasião do sexagésimo aniversário de atividades mediúnicas de Chico Xavier, criou o Cordel, baseando-se nas obras: Chico Xavier, Sua Verdadeira História, de Fred Jorge, (Edição avulsa) e Parnaso de Além-Túmulo: Espíritos Diversos , psicografia de Francisco Cândido Xavier, (Edição FEB).

Falando um pouco mais sobre essa tradição vinda de Portugal: a literatura de cordel chegou no balaio e no coração dos nossos colonizadores, instalando-se na Bahia e mais precisamente em Salvador. Dali se irradiou para os demais estados do Nordeste. A pergunta que mais inquieta e intriga os nossos pesquisadores é "Por que exatamente no Nordeste?". A resposta não está distante do raciocínio livre nem dos domínios da razão. A primeira capital da nação foi Salvador, ponto de convergência natural de todas as culturas, permanecendo assim até 1763, quando foi transferida para o Rio de Janeiro.

Esse eruditismo todo, mantém até os nossos dias a beleza da autenticidade e a clareza descontraida de dizer, de rimar e de ritmar através de palavras que se agrupam, demonstrando originalidade, bem como contando uma história sem a preocupação de elitizar.

Carlos Drummond de Andrade , reconhecido como um dos maiores poetas brasileiros do século XX, assim definiu, certa feita, a literatura de cordel: "A poesia de cordel é uma das manifestações mais puras do espírito inventivo, do senso de humor e da capacidade crítica do povo brasileiro, em suas camadas modestas do interior. O poeta cordelista exprime com felicidade aquilo que seus companheiros de vida e de classe econômica sentem realmente. A espontaneidade e graça dessas criações fazem com que o leitor urbano, mais sofisticado, lhes dedique interesse, despertando ainda a pesquisa e análise de eruditos universitários. É esta, pois, uma poesia de confraternização social que alcança uma grande área de sensibilidade".

A literatura de cordel apresenta vários aspectos interessantes e dignos de destaque:

  • As suas gravuras, chamadas xilogravuras, representam um importante espólio do imaginário popular;

· Pelo fato de funcionar como divulgadora da arte do cotidiano, das tradições populares e dos autores locais (lembre-se a vitalidade deste gênero ainda no Nordeste do Brasil), a literatura de cordel é de inestimável importância na manutenção das identidades locais e das tradições literárias regionais, contribuindo para a perpetuação do folclore brasileiro;

· Pelo fato de poderem ser lidas em sessões públicas e de atingirem um número elevado de exemplares distribuídos, ajudam na disseminação de hábitos de leitura e lutam contra o analfabetismo;

· A tipologia de assuntos que cobrem, crítica social e política e textos de opinião, elevam a literatura de cordel ao estandarte de obras de teor didático e educativo. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.)

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