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Amadeu Ferretti nasceu no bairro de Bangu, no Rio de Janeiro, em 4 de janeiro de 1920.
Foi atuante no Movimento Espírita desde a juventude, dedicando-se ao Espiritismo, a Arte Espírita e ao Esperanto, como emérito professor. Escreveu poesias e peças teatrais de qualidade, como Evangelizador da Infância e Juventude, desempenhando o papel do educador generoso. Teve ainda papel de destaque como Expositor Espírita e Médium. Viveu uma vida simples entre as pessoas, desencarnando próximo de completar 88 anos de idade.
Amadeus Ferretti tinha mente privilegiada. Contava casos diversos com extrema facilidade, bem como fazia referências belíssimas sobre as lições de Jesus, encantando a quantos o ouviam.
Outra façanha do nobre amigo era saber contagiar as pessoas com o seu carinho e a atenção devidos, escutando a dor das pessoas com generosidade e afeição.
Certa vez fomos convidados para fazer a palestra de comemoração do Centro Espírita Irmã Sheila, em Campo Grande, Rio de Janeiro. Chegamos com antecedência e fomos levados para conhecer as obras assistenciais, quando avistamos em meio às mães da comunidade um homem articulado, conversando alegremente. Era ninguém mais, ninguém menos que o nosso Amadeus Ferretti. Fui ao seu encontro e ele me abraçou efusivamente a ponto de me envolver numa vibração jamais sentida.
Outro encontro fabuloso foi na apresentação do espetáculo Renúncia, psicografado por Chico Xavier, ditado pelo Espírito Emmanuel, com a Cia. Spirito Teatral.
Ao vê-lo presente na plateia fiz o convite ao amigo para que subisse ao palco e fosse homenageado pelo grande público presente. Todos logo o aplaudiram estampando a satisfação de sua presença.
Tratando-se de um ator, o palco e as luzes da ribalta formam o cenário propício para que o público sempre o reverencie.
Então, sem delongas, pediu-me se podia apresentar o monólogo Para que servem as mãos, de autoria de Procópio Ferreira, o pai de Bibi Ferreira, que tantas vezes vimos declamando nas rádios, nos teatros e nas emissoras de televisão do Brasil.
O iluminador rapidamente deu um black-out e logo uma luz azul em pino surgiu em cima dele, criando um ambiente cênico.
Com a sublimidade de sempre, ele olhou para o público e marcou a cena mediante a circunferência iluminada e começou o monólogo envolvendo o ambiente com a leveza da sua voz.
Não se ouvia nem suspiro na plateia. O público se encantava com aquele homem de idade madura a ponto de nem piscar os olhos. Da coxia, eu me emocionava e via os outros atores amontoados do outro lado do palco assistindo maravilhados o colega veterano de memória fotográfica e gestos delicados.
Ao término do monólogo, que durou aproximadamente 8 minutos, o público levantou-se de uma só vez e, num longo e sonoro aplauso, acolheu o ator merecedor de todas as reverências.
Os atores, quebrando o protocolo da apresentação, com os respectivos figurinos, adentraram ao palco e envolveram Amadeus Ferretti em abraços de profundo respeito.
Em seguida, ele retornou ao seu lugar na plateia, como se nada tivesse acontecido. Mas eu fiz questão de acompanhá-lo durante o espetáculo a fim de ver suas reações ao longo dos 90 minutos de representação.
Embora ele conhecesse a obra mediúnica, bem como os personagens da história, mesmo assim, eu queria sentir sua emoção mediante a cada cena.
O espetáculo chegou ao final e misturado ao público, ele fez questão de cumprimentar um por um dos atores e transmitir-lhes o incentivo, o carinho e a alegria de poder assistir uma peça genuinamente espírita.
A importância de Amadeus Ferretti para as novas gerações significa dizer que, muito além do espirita, esperantista e ator dedicado à arte espírita, existe o homem identificado e fidelizado com Jesus. O trabalhador incansável e digno de suas funções. O espírito que teve o seu mergulho de quase 88 anos de vida, mas que em nenhum instante se deixou abater pelas adversidades do mundo.
Que alegria deve ser para o espírito Amadeus Ferretti poder ver e sentir em seus admiradores e amigos a continuidade ao trabalho que ele próprio começou.
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