
Andrew Jackson Davies
Até agora temos relatado nesta coluna a vida e a obra de cientistas e pesquisadores que, muitas vezes, buscando encontrar fatos que pudessem desmerecer os fenômenos espíritas e, consequentemente, os médiuns envolvidos como se fossem charlatães, terminam por reconhecer não apenas a veracidade dos fenômenos espíritas, como também se tornam grandes divulgadores da nova ciência que comprova a existência da alma, pré-existência da mesma e a comunicabilidade entre elas e o mundo dos encarnados. Ou, em outras palavras, a veracidade do espírito e do espiritismo.
Hoje, entretanto, decidimos trazer aos nossos leitores fatos da vida de um médium norte-americano que era semi-analfabeto, completamente sem cultura científica, mas que mostrava grandes conhecimentos sob ação dos espíritos. Trata-se de Andrew Jackson Davies.
Como nos informa Sir Arthur Conan Doyle, o médium Davies era “fraco de corpo e mentalmente pobre”, mas por seu intermédio foi possível demonstrar, àquela época, com absoluta clareza, que o espírito domina a matéria e que o próprio conceito científico fica abalado diante do impacto das manifestações espíritas.
INFÂNCIA
Andrew Jackson Davis nasceu em 11 de agosto de 1826, num pequeno distrito de Nova York, e desencarnou em 1910, aos 84 anos de idade. Consta que sua mãe era uma pessoa vulgar, inculta e supersticiosa, enquanto seu pai era um alcoólatra, tendo Davis recebido uma educação bastante elementar. Nos últimos anos de sua infância, começaram a se desenvolver seus poderes psíquicos, passando a ouvir vozes gentis que lhe davam bons conselhos.
Simultaneamente, ele teve desenvolvida, além da clariaudiência, a clarividência. Por ocasião da morte de sua mãe, teve a visão de uma casa situada em uma região brilhante, que imaginou ser o lugar para onde ela teria ido ao morrer.
Certa feita, um grupo de artistas de um circo intinerante fazia exibições em sua cidade e um deles demonstrava suas aptidões com o magnetismo, fazendo mágicas ou adivinhações para atrair a atenção das pessoas que se juntavam ao seu redor e às quais procurava vender alguma coisa. Um dia, quando foi convidado pelo homem, Davis se submeteu a uma experiência e entrou em transe sonambúlico provocado durante o qual foi constatado que ele possuía um espetacular poder de clarividência.
A partir deste fato, a capacidade mediúnica de Davies despertou o interesse de um alfaiate que era um autodidata em filosofia e assuntos correlatos, de nome Livingstone.
MEDIUNIDADE EM DESENVOLVIMENTO
Livingstone se encarregou de desenvolver a mediunidade de clarividência de Davies empregando este artifício para o diagnóstico de doenças. Isto era possível porque quando Davis entrava em transe sonambúlico provocado por magnetização, descrevia o interior do corpo humano com bastante precisão, já que ele se tornava transparente aos seus olhos espirituais. Cada órgão aparecia claramente e com uma radiação especial e peculiar, que se obscurecia em caso da pessoa apresentar alguma doença.
Na tarde de 6 de março de 1844, um fato extraordinário ocorreu com Davis: ele foi inesperadamente envolvido por uma força desconhecida que o transportou da cidade de Poughkeepsie, onde vivia, até as montanhas de Catskill, distante aproximadamente 60 quilômetros de sua casa, num fenômeno físico de transporte, semelhante ao que ocorreu com o apóstolo Filipe e descrito no livro de Atos dos Apóstolos, capítulo 8, versículos 29 a 40.
Voltando à viagem de Davis, ele esteve ausente toda a noite e, na manhã seguinte, ao descrever para várias pessoas o local onde estivera, foi confirmado que se tratava das montanhas de Catskill.
Fato digno de nota e que acontecia com Davies era que, quando em transe sonambúlico, registrava no inconsciente todas as informações recebidas no plano espiritual e depois, ao despertar, recordava-as com clareza nos mínimos detalhes. Servia, assim, como fonte útil de informações para os outros, embora continuasse ignorante para si próprio, pois não assimilava o conhecimento que, como médium, transmitia às outras pessoas.
MEDIUNIDADE EM ATIVIDADE
Ao completar 19 anos de idade um novo magnetizador, Dr. Lyon, começou a trabalhar com Davies e a partir desse dia, quando entrava em transe magnético sonambúlico, falava corretamente diversas línguas, inclusive o hebraico, e demonstrava profundo conhecimento de vários ramos das ciências.
Publicou seu primeiro livro, Filosofia Harmônica, aos 21 anos de idade, e teve mais de 40 edições. A essa época não necessitava mais ser magnetizado para continuar seu trabalho mediúnico. Entretanto, apesar de emitir pareceres os mais avançados em assuntos bastante complicados, continuava totalmente ignorante e muito lento de entendimento e inteligência quando em estado normal.
Davies fez previsões extraordinárias como a máquina de escrever, o automóvel, o avião, e o surgimento do Espiritismo. Sobre este assunto publicou o livro Revelações Divinas da Natureza. (1)
Sobre o fenômeno que ocorreu em Hydesville, na casa da família Fox, escreveu em 31 de março de 1848: "Essa madrugada, um sopro quente passou pela minha face e ouvi uma voz suave e forte dizer: 'Irmão, um bom trabalho foi começado, olha! Surgiu uma demonstração viva'". E Davis fez ainda a seguinte anotação: "Fiquei pensando o que queria dizer semelhante mensagem".
Andrew Jackson Davies, inculto, introvertido, sapateiro por profissão, mas considerado um sábio quando entrava em transe mediúnico, é mais um exemplo de que a sabedoria pertence ao espírito e não um mero subproduto do conhecimento material.
Em seu país, os Estados Unidos da América, é considerado um pioneiro do Espiritismo tão importante quanto o eminente sábio Emmanuel Swedenborg.
- Baseado nas informações de Magaly Sonia Gonsales - Núcleo Fraterno Samaritanos