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Artigo do Jornal: Jornal Maio 2019

Sobre o autor

Jacob Melo

Jacob Melo

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Pode parecer estranho, mas há um movimento muito considerável querendo desnaturar o Magnetismo. Na história, isso não chega a ser uma novidade, pois, desde que Mermer (1734-1815) apresentou suas “descobertas” acerca do Magnetismo animal, a academia médica se posicionou frontalmente contra tal ciência, inclusive nomeando comissões para investigar as práticas e, dados os modelos metodológicos de análises da época, houve condenações, ainda que sob o piso do “apesar disso acontecer julgamos que não os resultados positivos não passem de indução”.

Só que hoje não são mais a ciência em geral, nem as academias em particular, que querem promover o desentendimento de tão relevante e sublime potência; o seio onde se desenvolve a tentativa de derrubada do Magnetismo é o meio espírita. O mesmo meio que tem por base um dos maiores e mais eloquentes defensores dessa Ciência – o senhor Allan Kardec.

As tentativas vão desde insinuações do tipo: mas Kardec era materialista, até dizer que ele, o codificador, mudou de ideia e, portanto, já não existe mais o tão falado fluido vital. Tudo isso seria apenas palavras a esmo se proferidas por pessoas ignorantes da essência do Magnetismo e do Espiritismo; poderia também ser considerado como expressões de muito mau gosto, oriundas de mentes desocupadas e irrefletidas. Infelizmente não é isso. São pessoas que são ouvidas, recebidas e respeitadas como formadoras de opinião no meio espírita e, por isso mesmo, fica tudo deveras estranho, raiando a absurdidade da profanação.

Não cabe, neste artigo, deslindar todas as peças que envolvem essa ampla questão, mas apenas para registrar um ponto, que, embora considere dos menores, poderá terminar repercutindo negativamente nesse contexto de descaracterização do Magnetismo, vou apresentar duas razões de extrema gravidade na contra-argumentação do que está sendo pretendido.

Dentre os esforços negativos atuais, se colocou que a palavra Magnetismo não é cientificamente associada ao que defendemos como Magnetismo, pois, querem afirmar, cabe à física a detenção dessa nomenclatura. A partir daí vem a grave sugestão de que devemos suprimir o verbete, tanto de nossas palestras, artigos e debates como até da obra de Allan Kardec.

Muito bem. Comecemos fazendo uma correção. É atribuído a Mesmer a criação da expressão Magnetismo Animal, mas ela surgiu muito antes de suas obras, pois veio por Van Helmunt, Athanasius Kircher (1601-1680) e pouco tempo depois por Colonel John Maxwell (1611-1650). Como Mesmer só nasceu em 1734 – portanto muito depois desses dois já terem partido – e ele era estudioso de várias ciências, pode ser que tenha absorvido a expressão junto a algum deles ou mesmo dos dois e, mesmo sem o interesse de incorporá-la à sua personalidade, devido à divulgação e ao impulso que tomou esse ramo depois de sua interferência, a humanidade passou a reverenciá-lo como seu criador.

Ora, se a expressão “magnetismo animal” vem desde Van Helmunt, então o direito de uso vem daí. Se não bastasse isso, Mesmer ratifica seu uso e sua aplicabilidade em seu Mémoire Sur la Découverte du Magnétisme Animal, publicado em 1779.

Mas de onde surgiu a informação de que o termo “magnetismo” que vale é o dos físicos e não dos magnetizadores e, por que não dizer, dos espíritas?

Algumas enciclopédias afirmam que Tales de Mileto, no século VI a.C., enunciou as palavras magnetismo e eletricidade, muito embora magnetismo tenha tido origem na Grécia antiga, por causa de uma cidade chamada Magnésia. Ali foi observado um minério que tinha a propriedade de atrair objetos de ferro e seu nome era magnetita. Mas foi com o eletromagnetismo que o conceito de magnetismo adentrou mesmo na física, por meio de um formulado teórico por James Clerk Maxwell (1831-1879) e publicado em 1861. E é isso que pretensamente deu essa prevalência aos que estão alegando essa posse do uso da expressão. Entretanto, quando J. C. Maxwell empregou-a ela já era existente e viva dentro dos estudos do Magnetismo. Portanto fica a questão: que direitos teria a física para se apoderar e desbancar o que já estava estabelecido na ciência magnética, se só muito tempo depois ela surgiu?

Vale notar que um dos defensores dessa ideia, talvez o maior deles, a de calar o uso do Magnetismo no meio espírita, é professor de física. Surge então a dúvida: não teria ele mesmo sido espírita antes de ser físico? Se afirmativo, não estaria incorrendo na mesma lacuna vazia, pois que faz imperar o novo contra o consolidado? Nada contra mudanças e/ou progressos; muito pelo contrário, mas usurpar não é modernidade nem avanço; usurpação de direitos é, em última instância, crime.

E depois de essa nova reflexão sobre o que tem surgido, mais uma vez sinto-me confortável na posição de seguir com Kardec, portanto aceitando, estudando, exercitando, aplicando e ensinando o Magnetismo, que é ciência irmã do Espiritismo.

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