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Artigo do Jornal: Jornal Março 2016

Sobre o autor

Jacob Melo

Jacob Melo

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É um caso sério!

            Tenho estudado, experimentado, escrito, falado e sigo envolvido nas lides magnéticas, seja aprofundando e pesquisando, seja socorrendo e ajudando, ou ainda divulgando e orientando. E por mais que Allan Kardec tenha defendido a necessidade de se estudar esse importantíssimo ramo do saber e do servir humano, de certa forma ainda impera um vigoroso sistema fechado querendo negar e combater o que o mestre tanto se esforçou por ser parte integrante do Espiritismo.

            Por outro lado, um querido amigo magnetizador, pessoa íntegra e muito dedicada às causas do verdadeiro Espiritismo, tem-se empenhado em restabelecer o sonambulismo, para isso não se limitando a estudos e experimentações, mas levando a muitas pessoas, grupos e lugares o saber que envolve tão rica prática.

            Se encontro resistências quando abordo as questões do Magnetismo, seguramente o meu amigo tem padecido de muito mais desafios do que eu. De fato, não é fácil levar avante a ideia e o saber dessa possibilidade igualmente humana e que, para espanto geral, novamente o próprio Allan Kardec desenvolveu e estimulou seu conhecimento e sua prática em nosso meio.

            Seria redundante ficar enaltecendo a base do Magnetismo e do Sonambulismo neste artigo, mas preciso destacar algo do Codificador. N’O Livro dos Espíritos, em sua 2ª parte, item 455, ele anotou: “Para o Espiritismo, o sonambulismo é mais do que um fenômeno psicológico; é uma luz projetada sobre a psicologia. É aí que se pode estudar a alma, porque é onde esta se mostra a descoberto (...) (grifei).

“Pelos fenômenos do sonambulismo, quer natural, quer magnético, a Providência nos dá a prova irrecusável da existência e da independência da alma e nos faz assistir ao sublime espetáculo da sua emancipação. Abre-nos dessa maneira, o livro do nosso destino”.

            De tão linda chega a ser poética a forma como esta parte da ciência espírita era – e é – destacada na codificação.

            Tudo isto fazia parte da ideia dos Espíritos constituintes da base espírita, tanto que foi assim que Santo Agostinho se expressou na Revista Espírita de agosto de 1863:

“O magnetismo foi o primeiro passo para o conhecimento da ação perispiritual, fonte de todos os fenômenos espíritas; o sonambulismo foi a primeira manifestação de isolamento da alma”.

            Bem se percebe que tudo isso é um caso muito sério mesmo. Temos Allan Kardec e os Espíritos Superiores concordando com o valor do sonambulismo e demonstrando seu vínculo com o Espiritismo, enquanto a maioria dos que se dizem seus seguidores segue contrária e contrariada com essa busca que se faz na base, já que, ao que parece, ela levará os que estão acomodados com o “deixa como está para ver como fica” a reverem seus argumentos, argumentos esses desprovidos de apoio espírita.

            Para concluir, na Revista Espírita de janeiro de 1860, o senhor Jobard correspondeu-se com o senhor Allan Kardec e fez sua exposição de motivos acerca de como entendia as qualidades dos Espíritos após a morte. Eis aqui o final de seu escrito, seguido do comentário do insigne Kardec:

Artigo “Carta do Sr. Jobard sobre as qualidades do Espírito depois da morte”. Bruxelas, 23 de dezembro de 1859.

(...) Hoje, que as academias admitem, enfim, o magnetismo e o sonambulismo, primos-irmãos do Espiritismo, é necessário que seus partidários se animem a assinar com todas as letras. O medo do que disto se dirá é um sentimento frouxo e mau (grifei).

A ação de assinar o que se viu e o que se crê não deve mais ser olhada como um traço de coragem; deveis, pois, convidar vossos adeptos a fazer o que faço todos os dias, a assinarem.

JOBARD.

Nota de Allan Kardec  (Box)

            Estamos, em todos os pontos de acordo com o senhor Jobard: primeiro, suas observações sobre o estado dos Espíritos são perfeitamente exatas. Quanto ao segundo ponto, aspiramos como ele momento em que o medo do que disto se dirá não reterá ninguém mais; mas, que quereis? É necessário fazer a parte da fraqueza humana, alguns começam, e o senhor Jobard terá o mérito de haver dado o exemplo; outros seguirão, estejai disto seguro, quando virem que se pode colocar o pé fora sem ser mordido; é preciso tempo para tudo; ora, o tempo vem mais depressa do que o crê o senhor Jobard; a reserva que colocamos na publicação de nomes é motivada por razões de conveniências, das quais, até o presente, não temos senão que nos aplaudir; mas, à espera disso, constatamos um progresso muito sensível na coragem de sua opinião... (grifei).

            Por que será que escolhi chamar de caso sério este artigo? Exatamente porque muito se propala que o Espiritismo tem postura científica, filosófica e moral, mas a vida real parece apontar na direção contrária. Não se tem tido a moral de se respeitar as propostas de Allan Kardec; não se filosofa como seria devido, pois a “fé raciocinada” tem andado cega; nem se pode fazer ciência, pois isto é “desvio de rota”, no dizer dos que preferem a acomodação.

            Mas se você leu este artigo até aqui, então devemos pelo menos repensar em sobre como estamos pensando o Espiritismo. Temos o sonambulismo nos oferecendo as oportunidades de estudar a alma com mais propriedade e, com o Magnetismo, podemos sim ajudar o ser humano a ser mais feliz, em todos os sentidos. E então?! O que fazemos?! Façamos o bem que o Espiritismo espera de cada um dos seus adeptos, fazendo uso de tudo de bom que Allan Kardec deixou para que avançássemos seguros, pois só assim poderemos transformar um caso sério em um caso bem resolvido.

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