
Sempre se revelara de maneira impactante para o ser humano a questão da faculdade mediúnica, em todas as épocas da Humanidade, mormente quando o homem, adquiriu recursos para a investigação da verdade utilizando-se da metodologia científica.
A psicologia não escapou de ter sido desafiada por fenômenos mediúnicos, porquanto eles sempre fizeram parte, tanto da formação dos povos e das civilizações, quanto da formação do próprio pensamento científico. (Wallace Leal, 1980)
A psicologia reverencia nomes que pela seriedade com que procuraram encaminhar seus estudos, ergueram bases fundamentais para posteriores descobertas, especialmente no que concerne aos estudos psicopatológicos.
Citamos Karl Jung, que deixou em aberto a possibilidade da vida extrafísica, e da mediunidade, debruçando-se, entretanto, sobre os aspectos intrapsíquicos e universais. Em decorrência da diversidade de manifestações dos chamados distúrbios mentais ou patologias da mente, é que a psicologia não pode se esquivar dos fenômenos que paralelamente solicitavam dela e de seus representantes, dignidade e isenção, até para compreendê-los melhor.
As pesquisas e informações transmitidas pelo eminente pedagogo e codificador e Hippolytte Léon Denizard Rivail, cognominado Allan Kardec, dá-nos conceito elucidativo que retira a faculdade mediúnica daquelas pertencentes ao rol de uma personalidade evoluída, ou de uma manifestação patológica.
O Espiritismo esclarece, situa a mediunidade como auxiliar na evolução intelecto-moral do ser humano: “...; a faculdade mediúnica se radica no organismo; independe do moral. O mesmo, porém, não se dá com o seu uso, que pode ser bom ou mau, conforme as qualidades do médium.”(O L.M.- Cap. XX, item 226).
É de se notar a relevância que a investigação da faculdade mediúnica teve nesses esforços iniciais de se entender o inconsciente e a dissociação (capacidade que o médium adquire em transe, mediúnico ou hipnótico, bem como , sonambúlico, de diversificar atividades motoras e perceptivas ao mesmo tempo, utilizando, supõe-se, áreas do cérebro diversas.).
William James, além de ter sido um eminente filósofo pragmatista, fundou, na Universidade de Harvard, o primeiro laboratório americano de psicologia, dedicando-se, nos 30 últimos anos de sua existência, a pesquisas intensas no campo da mediunidade. Por mais de duas décadas investigou Leonor Piper, uma das mais renomadas médiuns do século XIX (James, 1886,p. 95; 1890p. 102.). Em 1909, publicou um substancioso relato da manifestação mediúnica de um falecido pesquisador psíquico (Richard Hodson) através da médium (James, 1909, p. 115).
James declarou:”Os fatos chamados psíquicos apenas começaram a ser tocados e investigados com propósitos científicos. Eu estou persuadido que é através da investigação destes fatos que as maiores conquistas científicas da próxima geração serão alcançadas” (James, 1909ª).
Realmente, uma legião de devotados servidores do Cristo, como verdadeiros apóstolos Dele e sob a orientação do evangelho redivivo e do conhecimento da Doutrina Espírita, têm levado ao mundo com o instrumental da mediunidade, o sustento de que carece.
Como O Consolador que é, orienta com a fé raciocinada os estudos científicos de hoje, porquanto, a sabedoria espírita pode intervir em todas as frentes de atividades humanas, aprimorando-as para atingirem o seus destinos gloriosos.
Referências bibliográficas
KARDEC, Allan– Lê Livre des Médiums ou Guide des Médiums set des Évocateurs
Paris, 15-janeiro-1861 / Tradução de Guillon Ribeiro da 49ª edição francesa.
Cap. XX, pag. 281
RODRIGUES, Wallace Leal – Katie King - 2ª Edição -1980, pág.23.
JAMES, William – The Principles of Psychology, vol. I. Henry Holt & company, New York, 1890.
JAMES, William - Certain Phenomena of trance. Proceeding of the Society for Psychical Research, vol. XVII, Part XVII, 1901
JAMES,William – Report on Mrs. Piper’s Hodgson-control. Proceedings of AmericanSociety for Psychical Research, vol.III,1909.