
Para o entendimento acerca do que proponho tratar neste artigo gostaria de deixar claro o que defino como passe coletivo: trata-se daquela aplicação de fluidos em que um ou mais passistas se posicionam de frente ou lateralmente a várias pessoas, num ambiente único, e direcionam ou emitem fluidos para, com o auxílio da Espiritualidade, envolver a todos num mesmo “clima fluídico”, de uma só vez. Por outro lado, o passe individual é aquele em que um passista assiste diretamente a um paciente por vez, ainda que numa cabine coletiva.
Isto posto, me parece ser evidente que, apesar de a maioria dos passes aplicados nas Casas Espíritas ser feita de forma individual, são também muito comuns os passes coletivos. Apesar disso é usual estes serem equivocadamente pouco valorizados ou simplesmente desconsiderados. Uma grande maioria de pacientes (ou assistidos, como preferem alguns) considera o passe coletivo como sendo “fraco”, “genéricos demais” ou leva que o recebe a se aborrecer quando, ao final da reunião, é informado de que naquela oportunidade o passe será dessa modalidade.
Embora sem procurar culpados, com facilidade descobrimos o porquê disso.
Poucas são as Instituições que aplicam o passe coletivo de forma regular e natural. O mais comum é fazer-se uso dele apenas em situações ditas especiais ou emergenciais. Com essa prática, unida à crônica falta de informação ao público sobre os tipos e as condições com que a Casa aplica o passe, é mais do que natural que o público sofra de certa crise de desconfiança ante os resultados que seriam de se esperar dos passes coletivos. E essa desconfiança, reconheçamos, é um elemento extremamente danoso para a consecução dos resultados objetivados com o passe.
Todos sabemos que a fé é um elemento valioso num processo terapêutico qualquer; no passe não seria diferente. Portanto, considerando-se que o paciente já parte do princípio da desconfiança e do descrédito ao passe em análise, essa insegurança gerará um grande potencial de bloqueios, contrário ao que se esperaria de uma atitude de crédito e confiança.
Tudo isso tem origem no fato de que o mais comum uso dos passes coletivos se dá quando a reunião pública se estendeu demais, o público presente é quantitativamente muito grande ou há poucos passistas disponíveis na ocasião para atendimento individualizado às necessidades de todos. “Aciona-se” então o passe coletivo, o que termina soando como uma desculpa insustentável ou um paliativo para que o público não saia da Casa sem ao menos um “passezinho”. Nessas ocasiões, normalmente são proferidas palavras como: “Em virtude do adiantado da hora, vamos aplicar apenas o passe coletivo”; “Como são muitos pacientes e poucos passistas, daremos apenas o passe coletivo hoje; os tratamentos com outros passes ficarão para outro dia...”; “O passe hoje será coletivo, mas na próxima reunião voltaremos com o passe normal...” É, por conseguinte, mais do que racional que o público veja o passe coletivo como algo de menor valor, tipo um simples água-com-açúcar-para-enganar-bebê.
Na verdade, essas posturas precisam ser revistas, do contrário estaremos condenando os passes coletivos a um descrédito tão grave que será difícil a reversão.
Ao contrário de só vir a ser acionado quando “impedimentos” nos passes individuais se impuserem, os passes coletivos deveriam ser mais largamente empregados e seus alcances melhor explicados e explicitados. Para isso devem ser apresentados ao público em suas nuanças de alcance e efeito, e que os passistas e dirigentes também entendam essas mesmas circunstâncias. Quando todos sabemos o que fazemos, por que o fazemos e os benefícios do que fazemos, todos saímos ganhando.
No passe coletivo, os fluidos em operação não precisam passar necessariamente pelos braços e mãos dos passistas, já que, nesse caso, o mais comum é a circulação dos fluidos partir diretamente dos centros vitais dos doares, além dos fluidos dos espíritos aí envolvidos. Ocorre que temos um atavismo — expressando fisiologicamente nossas reflexões psicológicas —, o qual leva a maioria dos passistas a ficar com os braços e/ou as mãos estendidos para cima e para a frente, como se estivessem a envolver o público. Mesmo que nossas emissões ou transferências fluídicas, nessas ocasiões, se dêem pelos pólos emissores (mãos), o direcionamento e a captação dos fluidos se darão à semelhança de uma irradiação (passe à distância).
Merece, todavia, ser levado em consideração a maneira como o público poderá “reagir” ao não posicionamento mais ostensivo dos passistas. Se os pacientes acreditarem que não estando os passistas bem posicionados e “direcionando” com as mãos os fluidos, então os benefícios não acontecerão; esse pensamento gerará força inibidora, não catalisadora, podendo vir a tornar o passe ineficiente ou inócuo.
A grande importância a ser destacada no passe coletivo é a posição mental, tanto do passista como do paciente. Esperança, fé, oração, confiança e humildade são ideais para uma boa sintonia nos passes em geral, sendo nos coletivos, entretanto, de indispensável efetivação para que os benefícios sejam alcançados em sua maior força. E isso tem uma explicação. Vejamos.
No passe individual, o passista responsável procurará se assegurar do “clima fluídico” do paciente e, dentro de suas atribuições, estabelecerá a “relação magnética” — elemento de singular importância para o sucesso das boas transferências fluídicas. No passe coletivo — e aqui está o ponto chave —, ao paciente é que caberá o esforço de manter a sintonia com a fonte emissora do fluido, procurando então estabelecer e sustentar a “relação magnética”. Resumindo: no passe individual o paciente é passivo enquanto no coletivo deve ser atrativo, ativo.
O que assistimos nas cabines de passes — individuais — é uma relativa inversão disso. No passe individual, o paciente, via de regra, se “entrega” mais confiante e contrito enquanto no passe coletivo ele fica mais distante, menos sintonizado — até como consequência de sua natural descrença na eficiência do mesmo. Ora, se no primeiro a ação direta e direcionada do passista fortalece o circuito fluídico e se, no segundo, cabe ao paciente estabelecer esse vínculo e, ao contrário do que deveria, ele se torna menos “ligado”, não é de se estranhar que os passes coletivos continuem sendo considerados como passes de “segunda linha”, por serem menos eficientes.
Necessário, pois, que as Casas Espíritas expliquem melhor o “funcionamento” dos passes coletivos a fim de que passistas e pacientes estejam mais abertos aos benefícios aí existentes e tão pouco aproveitados.
Quando todos estivermos conscientes das nuanças dos passes coletivos e nos portarmos mais afinados com seus requisitos, fácil comprovaremos sua fantástica eficácia. Que o digam aqueles que já puseram em prática — de forma metódica, inclusive — tal mecanismo fluidoterápico.
Como testemunho pessoal, semanalmente existe um grande número de pessoas que se dirigem ao Lar Espírita Alvorada Nova – LEAN, Casa à qual estou vinculado, situada no município de Parnamirim, na Grande Natal-RN, às quartas-feiras pela manhã, em pleno horário comercial, em busca dos passes coletivos aqui realizados. E seus depoimentos são estimulantes e enriquecedores. No LEAN os pacientes que recebem passes coletivos já sabem como absorver o maior e o melhor dos fluidos à disposição.