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Artigo do Jornal: Jornal Agosto 2014
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Ao término de um seminário espírita, fui procurado por um jovem de mais ou menos 30 anos de idade. Seu semblante mostrava certa alegria e suas palavras simpáticas revelavam alívio.

- Muito obrigado, disse ele, você acabou de explicar o drama da minha vida.

O rapaz explicou-me que desde a sua adolescência ele tem “crises” que o fazem enxergar coisas à distância e sentir-se fora do corpo, um fenômeno que a psicologia classificaria como dissociativo. Este jovem frequenta consultórios psiquiátricos e toma medicamentos desde o início das “crises”. No presente, fazia tratamento desobsessivo em uma instituição espírita, buscando resolver este seu problema.

Falávamos no seminário a respeito de sonambulismo e demais faculdades da alma. Os Espíritos Superiores disseram a Allan Kardec que “o Espírito recobra sua liberdade quando os sentidos se entorpecem. Para se emancipar, ele se aproveita de todos os instantes de repouso que o corpo lhe oferece” ( O Livro dos Espíritos, questão 407). Disseram ainda que o Espírito encarnado aspira incessantemente à libertação (Idem, questão 400). Sendo assim, sonambulismo, dupla vista, êxtase, letargia, catalepsia, são faculdades naturais que certas pessoas possuem e que lhes proporcionam um desligamento parcial do corpo físico que carregam. Nesse estado, o Espírito consegue expressar certas faculdades que possui. A visão sem obstáculos, a leitura do pensamento, a pré-ciência e a visão do passado, são algumas delas e que fazem parte do cotidiano destes indivíduos, homens ou mulheres, adultos ou crianças.

De certo modo, todos temos a capacidade de desprendimento do corpo físico. Fazemos isto quando dormimos. Quando o corpo repousa, seja num sono mais profundo ou num simples cochilo, o Espírito desprende-se para usufruir de um pouco de liberdade. Assim, o Espírito pode encontrar-se com seres espirituais ou com outros encarnados cujos corpos também estão adormecidos. Podem lembrar do passado ou planejar o futuro reencarnatório. Dedicam-se a atividades de acordo com os seus hábitos, desejos e padrões de pensamentos e sentimentos. Um executivo, por exemplo, poderá retornar durante o sono ao seu escritório para rever os seus problemas de trabalho. A mãe poderá permanecer ao lado do corpo do filho doente. Amantes poderão se encontrar, bem como podemos buscar os entes queridos através dos diferentes planos de existência quando eles se encontram desencarnados. Da mesma forma, antros de prostituição ou ambientes espirituais de degradação atrairão aqueles que se encontram afeitos a este tipo de conduta, bem como planos maléficos serão engendrados pelos desafetos juntando muitas vezes mentes encarnadas e desencarnadas neste processo. Logicamente, a cada um cabe a responsabilidade pelas próprias ações e pensamentos. Os momentos, quaisquer que sejam, aproveitados para o bem, trarão sempre a recompensa do acréscimo de experiência e aprendizado, gerando a satisfação relativa ao crescimento do Espírito. Os minutos utilizados em atividades que destoem do bem trarão a angústia e o vazio, até que o tempo e o esforço de cada um venham a modificar o panorama íntimo de cada indivíduo.

Os sonhos nada mais são que lembranças fragmentárias destes momentos vividos em liberdade, fora do corpo físico. Muitas vezes não fazem sentido, como um quebra-cabeça faltando pedaços. Há que se entender que o sonho representa a vivência do Espírito fora do corpo e que estas lembranças podem ou não ficar registradas no cérebro físico, a depender da profundidade do sono de forma geral, bem como do interesse de Amigos Espirituais ou do próprio Espírito de que haja a lembrança quando acordado. Às vezes o sonho só é lembrado por alguns poucos instantes para depois se apagar da memória física. De outras vezes, o sonho é nítido, claro, significando que conseguiu ultrapassar a barreira vibratória entre Espírito e corpo deixando sua marca na memória cerebral. Os sonhos ainda podem ser simbólicos, uma estratégia utilizada pelo nosso cérebro quando não consegue reter aquela lembrança cuja energética está além da sua capacidade receptiva, já que o cérebro vibra muito mais lentamente que a mente espiritual.

Allan Kardec definiu o sonho como sendo um estado de sonambulismo imperfeito (O Livro dos Espíritos, questão 425). No sonambulismo, o desprendimento da alma é maior, ensejando um uso mais expressivo das faculdades espirituais. O corpo influencia o Espírito com menos intensidade quanto mais profundo seja o desacoplamento entre os dois. Assim, quando o sonâmbulo diz enxergar mesmo estando com os olhos fechados, ou quando vê algo que se encontra distante, ou ainda quando vê o passado e o futuro, é a alma que vê. Da mesma forma que no sono profundo, no sonambulismo, todas as ações tendo sido realizadas pelo Espírito independentemente do corpo, não há lembranças quando o estado de vigília novamente se manifesta.

As faculdades de emancipação da alma provam que mente e corpo podem agir separadamente e que o pensamento não é consequência da atividade cerebral. O corpo é instrumento do Espírito, por meio do qual expressa as suas vontades e pensamentos. O organismo físico é um produto do Espírito que o molda segundo as suas necessidades evolutivas enquanto habitante do mundo terreno. O estudo do sonambulismo, bem como das demais faculdades da alma, nos oferece os meios de convicção de que não somos um aglomerado de músculos, ossos, sangue, etc., mas um ser espiritual de essência ainda inabordável, porém perfeitamente sentidos e percebidos os efeitos da sua atividade.

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