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Artigo do Jornal: Jornal Junho 2014
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Fenômeno natural ou doença?

Participar do 7.º Encontro Mundial de Magnetizadores Espíritas, na cidade de Curitiba/PR, foi de grande aproveitamento. O contato com as experiências de outras pessoas muito nos enriqueceu, reafirmando a necessidade de se estudar e compreender melhor os fenômenos de emancipação da alma, em especial o sonambulismo, visto que ocorrem com frequência e têm crescido cada vez mais.

Conheci uma senhora de pouco mais de 60 anos que possui o dom da dupla vista. Há muitos anos ela consegue, em determinados momentos, enxergar literalmente duas realidades ao mesmo tempo. Apesar de espírita e frequentadora de uma instituição espírita, o desconhecimento a respeito desta faculdade levou-a a procurar um psiquiatra (já faz alguns anos que ela toma medicamento controlado), o qual provavelmente a diagnosticou como portadora de algum tipo de transtorno.

O estudo da faculdade natural de emancipação, em que a alma encarnada pode libertar-se parcial e temporariamente dos liames mais ostensivos que lhe prendem ao corpo, tem sido desprezado, causando confusão e dificuldades para o entendimento e a orientação aos seus portadores pelas Casas Espíritas.

Durante um seminário na cidade de Goiânia, tomei contato com um jovem de aparentemente 30 e poucos anos, o qual afirmou tomar medicamento controlado desde criança. Ele tinha e tem facilidade em ausentar-se do corpo físico, o que, conforme orientação dos Espíritos Superiores a Allan Kardec, certos organismos físicos facilitam*. Para os que conviviam com ele, as percepções diferenciadas não correspondiam ao conceito de normalidade. Foi levado ao médico pela família, que via naquela fenomenologia uma anormalidade passível de tratamento medicamentoso. Ao término do seminário onde expusemos sobre o tema sonambulismo, ele veio agradecer pela oportunidade que teve de conhecer-se e de tornar claro aquilo que para ele era o drama da sua vida. Agora ele sabia que não era doente, mas sim possuidor da capacidade natural de emancipar-se.

A possibilidade de sair do corpo físico não significa em si uma doença, mas uma evidência de que a vida se posiciona em dois aspectos: a vida de relação e uma vida interior, a vida do Espírito, que pode em certos momentos manifestar as suas faculdades quando o corpo exerce menos a sua influência. O sonâmbulo tem um organismo propício a este desprendimento do Espírito, o qual revela as suas potencialidades até onde a ligação com o corpo físico lhe possibilite.

Se o sonambulismo e demais fenômenos de emancipação da alma são naturais, há pessoas, porém, que os expressam em momentos de crise, podendo isto significar um fato que necessita de apoio psicológico. A fuga da realidade ou outro motivo qualquer podem ocasionar o desprendimento do Espírito de forma patológica, gerando a crise de ausência e outros transtornos chamados de dissociativos. Estes merecem tratamento psicológico ou psiquiátrico, enquanto aqueles outros se manifestam como sintomas, apesar de per si não denotarem uma doença.

Infelizmente, muitas casas espíritas se sentem incapazes de diferenciar o que é passível de tratamento daquilo que se manifesta de forma hígida, mormente no que diz respeito aos fenômenos de emancipação da alma.

Para quem se propõe a tratar doenças (este é o caso da maioria dos centros espíritas), identificar quando há uma patologia a ser tratada é indispensável: diferenciar doença orgânica, psicológica e obsessão de fenômeno mediúnico ou anímico não patológico, que precisam mais de orientação do que de tratamento. Percebe-se que o estudo de todos estes aspectos que podem se manifestar no ser humano é uma necessidade básica de todo espírita, a fim de cooperar de maneira eficiente para o bem estar e a saúde dos que o procuram.

* O Livro dos Espíritos, questão 433.

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