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Artigo do Jornal: Jornal Maio 2014
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sonambula

Sandra, uma jovem de 16 anos, após um dia intenso de atividades estudantis, sentindo a necessidade de um repouso, deita-se para descansar. No meio da noite, sem acordar-se, senta-se na cama, olha de um lado para outro e conversa como se estivesse a confabular com alguém. Depois se levanta, caminha pela casa, vai até a porta, tenta abri-la, mas a chave não está na fechadura. Caminha novamente pela casa sem esbarrar em nenhum móvel ou objeto, retorna ao seu quarto e deita-se outra vez, voltando a dormir.

Quem diria que este fenômeno tão comum, interpretado pela Medicina como patológico, contém os rudimentos de uma faculdade que possibilita ao seu portador o contato com a sua própria essência, a alma! E mais ainda, que pode fornecer as evidências da existência de algo que transcende a matéria, que na verdade a comanda e configura de acordo com os seus padrões de pensamento e sentimento.

O episódio descrito acima revela os germes de uma capacidade espiritual muito mais ampla no ser humano, a qual faz parte daquilo que Allan Kardec classificou como faculdades de emancipação da alma. Dentro desta categoria estão o êxtase, o sonambulismo, os fenômenos de quase morte, a dupla vista, a catalepsia, a letargia, a telepatia, a insensibilidade física, o sono. A alma não se encontra fechada, enclausurada dentro do corpo físico. Goza, em certos momentos, de uma relativa liberdade que lhe concede a utilização de alguns recursos que fazem parte das faculdades do Espírito. Representa, portanto, esse elenco de fenômenos, a capacidade da alma em desprender-se temporária e parcialmente do corpo material, alcançando percepções e uma lucidez tanto maiores quanto mais desprendido estiver o Espírito.

Infelizmente, o interesse em estudar esses fenômenos, que podemos chamar de anímicos, é diminuta, chegando muitos a afirmar que o sonambulismo e a dupla vista, por exemplo, não ocorrem mais. Estuda-se bastante sobre mediunidade, esquecendo-se que nós somos Espíritos e que não perdemos as nossas faculdades espirituais pelo fato de estarmos encarnados, muito embora o corpo carnal, pela sua densidade, imponha limites à livre expressão da alma.

O estudo teórico e prático a respeito das manifestações extracorpóreas do Espírito encarnado é importante, pois representa a demonstração da existência de uma essência que consegue viver e pensar independente do cérebro físico. A prova disso é que o verdadeiro sonâmbulo consegue enxergar, mesmo com os olhos corporais totalmente vendados, para além dos limites comuns do espaço e do tempo: visita o passado e descreve o futuro; enxerga à distância, onde a vista física não alcança, atravessando todos os obstáculos materiais; revela uma perspicácia e uma inteligência que não expressa nos momentos de vigília; lê os pensamentos daquele com quem estiver em relação; conversa com os Espíritos desencarnados...

Quando o sonâmbulo em estado de transe: 1) diz visitar um determinado local no qual nunca esteve, nem nunca ouviu qualquer referência, 2) descreve-o minuciosa e corretamente, 3) enxergando-se presente ao local, significa que uma porção dele realmente lá esteve. Contudo, o corpo físico não saiu do lugar onde estava e todo o tempo permaneceu de olhos fechados, em estado de transe profundo e quase sem contato através dos seus sentidos físicos com a realidade que o cerca. É lógico então pensar-se que foi a alma que se deslocou até aquele ambiente recolhendo as impressões do local.

Esta e as demais faculdades reveladas pelo ser humano, bem entendidas, podem trazer uma nova luz para a Psicologia e a Psiquiatria. Revelam potencialidades no ser humano que podem aclarar muitos pontos sobre os quais estas ciências debatem-se sem conseguir formular uma explicação adequada no âmbito do Materialismo.

Os episódios de desdobramento do Espírito, na separação parcial espírito-corpo, são tidos como transtornos dissociativos passíveis de tratamento medicamentoso e/ou psicológico. O estudo do Espiritismo nos revela que são ocorrências naturais representativas da ânsia do Espírito em livrar-se por um momento que seja das injunções físicas que o retém e aprisionam. Certos estados convulsivos – não todos, é importante ressaltar – são consequência do esforço do Espírito em amenizar essa constrição corporal, respirando um pouco de liberdade, sem que as leis da matéria permitam que isto venha a acontecer a qualquer tempo, daí estabelecendo-se a luta.

Mesmo nos Centros Espíritas, pessoas portadoras destas faculdades não têm conseguido explicação razoável sobre o que lhes sucede, sendo remetidas muitas vezes a tratamento como supostas vítimas de uma obsessão.

Ao estudo, portanto, como é a recomendação do Espírito de Verdade, buscando entender o ser humano em todas as suas faces, pois se através da mediunidade entendemos o Espírito desencarnado, pelas faculdades de emancipação da alma estudamos o Espírito encarnado.

 

Adilson Mota de Santana, casado, nascido em 18/09/1968 na cidade de Itabi, estado de Sergipe. Formado em Administração de empresas e estudante de Psicologia.

Espírita desde 1989, pesquisa e trabalha com o Magnetismo há 11 anos.

Coordenador de reunião mediúnica e de reunião sonambúlica, além de palestrante.

Editor do Jornal Vórtice, informativo sobre Magnetismo. Um dos fundadores e atualmente diretor do Instituto Espírita Paulo de Tarso. Ministra anualmente o "Estudo do Passe e do Magnetismo", curso preparatório para magnetizadores, em parceria com Marcella Colocci.

 

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