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Hoje, o que mais se ouve na mídia de todo tipo, nas conversas em família e entre amigos é a palavra CRISE - usa-se esse termo como se ele fosse o culpado por toda a problemática da humanidade e até mesmo a individual.
Esse conceito alastra-se qual pandemia e afirma-se como o grande vilão e, ao mesmo tempo, como justificativa para nossa inércia, para nossa omissão... É a crise nos sistemas econômico, financeiro, político, ambiental, da saúde; crises familiares, conjugais, nos relacionamentos em geral...

E assim desenvolvemos e alimentamos a ilusão de que somos inocentes; de que não temos nenhuma relação com o atual estado de desequilíbrio generalizado que assola o mundo; de que, já que não participamos diretamente de atos violentos, de expoliações, da exploração ostensiva de pessoas, do uso abusivo e indevido de bens terrenos, estamos isentos de responsabilidade perante a lei da vida.

Triste ilusão a nossa... A doutrina espírita, bem como outras filosofias espiritualistas também, nos demonstram, de modo claro e inequívoco, como tudo está interligado no Universo; que a interdependência e a impermanência são condições básicas da lei de evolução que atinge toda a criação.
Alan Kardec, na Revista Espírita de 1864, nos apresenta como seres coletivos, visto que, inseridos nesta interdependência e impermanência, somos universalmente solidários e não conseguiremos ser inteiramente felizes enquanto houver um ser em sofrimento.
Cada um de nós, nos dois planos da vida, a partir do momento em que nos tornamos senhores do nosso livre-arbítrio, consequentemente com discernimento suficiente para fazer nossas próprias escolhas, vimos contribuindo, e continuaremos, com o estado geral do mundo e do meio em que atuamos. Tudo o que acontece não é obra do acaso, nem fatalidade; mas determinismo, ou seja, produto inevitável da semeadura que fazemos há milênios.
Somos criaturas caminhando há muito tempo e desde o início sujeitos à lei de causa e efeito e de reciprocidade na proporção do nosso desenvolvimento intelectual e moral. Portanto, mesmo que não queiramos aceitar, mesmo que tentemos ignorar, tudo o que acontece atinge e envolve a todos e a cada um de per si, pois é resultado das escolhas de todos e de cada um em particular.
No Livro dos Espíritos, nas Leis Morais, encontramos, além de muitas outras, duas questões bastante explícitas quanto a essa questão: a q.806 na qual os Espíritos Superiores nos afirmam que a grande diferença nas condições sociais entre os homens não é obra de Deus, mas sim dos homens. E na q.573 eles nos asseguram que a missão dos Espíritos encarnados é instruir os homens, fazê-los progredir, melhorar suas instituições por meios diretos e materiais. Entretanto, em nenhuma das questões ou em qualquer dos outros livros da Codificação, os Amigos Espirituais se propõem a fazer a nossa parte...
Em Obras Póstumas, no capítulo sobre expiações coletivas, estão explicadas as situações fundamentais a que o Espírito encarnado está submetido em nosso mundo terreno: responde como indivíduo propriamente dito, como membro de uma família e como cidadão inserido no contexto social.
Dessa forma, particularmente nós, espíritas, já podemos compreender que somos nós que promovemos a melhoria das condições pessoais e coletiva, tanto no plano social quanto no ambiental, através a reavaliação dos nossos valores ético-fraternos.
A atual fase de transição que atravessa o nosso planeta, fase muito bem explicada nos textos finais do livro A Gênese, de Kardec, oferece naturalmente todo tipo de comportamento e postura, cabendo a cada Espírito realizar sua escolha individual, escolha essa que o colocará em uma posição mais ou menos benéfica.
Sabemos ainda que não há arrastamento irresistível (OLE q.645), que podemos vencer nossas tendências inferiores por meio de nossos próprios esforços (OLE q.909); e também sabemos que contamos com o auxílio sempre amoroso dos Espíritos amigos desde que lhes forneçamos oportunidade de agir (OLE q910)...
Ainda hoje a questão da responsabilidade é para nós um "bicho de sete cabeças", um "bicho papão"; todavia, se avaliarmos criteriosamente a questão, veremos o quanto de verdade existe na declaração doutrinária de que é a responsabilidade que dá liberdade ao homem, e a liberdade é que lhe dá dignidade (Revista Espírita de 1869).
Desse modo, dispomos de todo o necessário para sermos cada vez mais dignos de nos tornarmos os colaboradores da obra da criação (OLE q.132) e atingirmos finalmente aquele estágio em que seremos deuses e faremos tudo que Jesus de Nazaré fez e ainda mais.

Publicado na edição 51 de Setembro de 2009

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