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Artigo do Jornal: Jornal Novembro 2020

Sobre o autor

Sônia Hoffman

Sônia Hoffman

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Deficiência visual é uma expressão genérica, abrangendo duas espécies de comprometimento: cegueira e baixa visão. A cegueira diz respeito a uma percepção sensorial da visão nula ou até 9 por cento. Portanto, temos a cegueira total e aquela parcial, com projeção luminosa ou percepção de vultos e cores. A baixa visão abrange de 10 a 30 por cento de visão, no melhor olho e após correção óptica, e apresenta-se com visão periférica ou tubular.

Tanto a cegueira quanto a baixa visão pode ser congênita ou adquirida em qualquer idade, sexo ou condição social. Logo, existe um vasto panorama de condições e de possibilidades dentro da deficiência visual, o qual deve ser profundamente conhecido e considerado pelo evangelizador no preparo dos encontros com crianças e jovens, apresentando uma ou outra situação. Importante, no entanto, sempre recordar que a visão é um sentido de síntese, enquanto o tato é mais analítico. Isto deve ser sempre considerado, porque alguns reconhecimentos acontecerão mais lentamente em determinadas situações.

O conhecimento prévio da condição visual do evangelizando, com diálogo franco e inclusivo tanto com a criança/jovem e, separadamente, com seus responsáveis oferece informações úteis sobre as necessidades e sobre as dificuldades/potencialidades vivenciadas por eles. Preconceitos, alarmismos ou opiniões proféticas devem ser abandonadas para realmente ser organizada uma ambiência acolhedora e funcional.

O reconhecimento prévio da sala de evangelização, assim como os demais espaços pelos quais a criança ou o jovem irão circular, traz grandes benefícios e segurança para os seus deslocamentos com independência e autonomia. O planejamento dos encontros deve apresentar o mesmo tema que para os demais evangelizandos do grupo, porém, é importante que estratégias de abordagem sejam diversificadas para que todos possam vivenciar aprendizagens e experiências diversas, justas e adequadas.

Na condição da cegueira, sinalizações em relevo como o sistema Braille, uso de colagem de fios limitadores, texturas táteis agradáveis e diferenciadas, demonstração de movimentos, gestos e demais criatividades organizadas com o evangelizando trazem benefícios para todos. Em diversas ocasiões, os próprios companheiros da criança ou jovem podem elaborar a atividade juntamente com o evangelizador, tomando a iniciativa de eles conhecerem da mesma forma as necessidades de diversificação.

Com a baixa visão, terá de ser observada a tendência e a funcionalidade da capacidade e acuidade visual, com o uso de contrastes, iluminação adequada e textos ou desenhos com caracteres ampliados. Especificidades e peculiaridades poderão ocorrer e, por este motivo, será sempre necessário à conversação para a melhor identificação do recurso a ser utilizado.

A contextualização será sempre necessária, porque cada criança ou cada jovem não é somente a sua deficiência visual e outras circunstâncias podem coexistir, facilitando ou entravando as interações. Por este motivo, não podemos ser rígidos e inflexíveis nos apontamentos, pois a inclusão ocorre por um processo construtivo e ativo. Aquilo, muitas vezes, tem uma boa receptividade ou resultado com alguém pode gerar inviabilidades com outrem.

A necessidade da diversificação de estratégias não se relaciona tão somente com a condição visual, mas igualmente com a característica ou competências de aprendizagem e de expressão do evangelizando. Alguns têm melhor assimilação pela audição, mas outros podem ter pelo movimento, pela música, pela escrita, pelo tato de mãos e pés. O uso do olfato resulta importante referencial de orientação para a sua mobilidade e para a sua localização.

 

Com tantas evidências, percebemos cada vez mais a grandiosidade da Sabedoria e Misericórdia Divina que disponibiliza inúmeras condições de desenvolvimento individual e coletivo. O importante é que possamos respeitar cada individualidade e não exigir ou esperar que alguém com cegueira faça as mesmas atividades da mesma forma como aquele com baixa visão ou normovisual, pois tudo irá depender dos estímulos, das possibilidades, dos interesses e da atitude inclusiva.

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