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Artigo do Jornal: Jornal Setembro 2020

Sobre o autor

Sônia Hoffman

Sônia Hoffman

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Atitude ética, transversalizando as mais diversas relações, resume o significado filosófico de inclusão. A conquista desta atitude ética não pode ser adquirida somente pelo ensino ao outro de lições morais, mas também por meio da meditação, do autoconhecimento e pela formação do entendimento consciente de que todo e qualquer ser humano apresenta e desenvolve, conjuntamente e ao mesmo tempo, sua individualidade evolutiva (com as suas autonomias e competências), sua composição como participante da sociedade e seu pertencimento da espécie humana.

Alguém inclusivo se constitui pelo exercício continuado de um conjunto de aptidões e, para adquirir tal condição, trabalha com três elementos basilares: preocupação empática, #alteridade e compreensão mútua que encontra, na reciprocidade, a atitude preventiva, dialogante e criativa.

A Codificação Espírita apresenta nítidas evidências inclusivas as quais, por motivos particulares de muitos que com elas teve contato não atribuíram a devida importância, fizeram uma interpretação superficial ou simplesmente não as estudaram com seriedade e a merecida eficiência.

Exemplificadamente, encontramos em síntese, tomando apenas a obra O Livro dos Espíritos, edição traduzida por Guillon Ribeiro, que Deus criou iguais todos os Espíritos, mas cada um destes vive há mais ou menos tempo. Consequentemente, cada qual tem feito maior ou menor soma de aquisições. A diferença entre todos está na diversidade dos graus da experiência alcançada e da vontade com que obram, o que lhes dá aptidões diversas. A variedade das aptidões é necessária a fim de cada um poder concorrer para a execução dos desígnios da Providência, no limite do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais. Aquilo que um não faz, faz outro e, assim, cada qual desempenha seu papel útil (questão 804).

A base da justiça, segundo a lei natural (questão 876), está em saber tratar o homem como quereria que com ele procedessem, em circunstância idêntica. A primeira de todas as obrigações, dado que o homem tem a necessidade de viver em sociedade, é de respeitar os direitos de seus semelhantes. Quem respeitar esses direitos agirá sempre com justiça (questão 877). O limite do direito reconhecido para si está vinculado ao do seu semelhante, em idênticas circunstâncias e reciprocamente (questão 878).

O Evangelho segundo o Espiritismo assinala, no capítulo V (“Bem-aventurados os aflitos”), especialmente nos itens 26 e 27, resumidamente, que as provas têm por fim exercitar a inteligência, a paciência e a resignação. Alguém pode nascer em posição penosa e difícil precisamente para procurar meios de vencer as dificuldades. Méritos existem quando os sofrimentos e as privações objetivam o bem do próximo, mas não quando os sofrimentos e as privações somente objetivam o bem de quem a si mesmo infligem, porque aí só existe o egoísmo.

Alguns, no entanto, pensam que, as provas devem espontaneamente seguir seu curso e outros chegam ao ponto de julgar que não só nada devem fazer para as atenuar, mas devem, ao contrário, contribuir para as aumentar não auxiliando ao próximo. "Não digais, pois, quando virdes atingido um dos vossos irmãos: É a justiça de Deus, importa que siga o seu curso. Dizei antes: Vejamos que meios o Pai misericordioso me pôs ao alcance para suavizar o sofrimento do meu irmão. Vejamos se as minhas consolações morais, o meu amparo material ou meus conselhos poderão ajudá-lo a vencer essa prova com mais energia, paciência e resignação. Vejamos mesmo se Deus não me pôs nas mãos os meios de fazer que cesse esse sofrimento; se não me deu a mim, também como prova, como expiação talvez, deter o mal e substitui-lo pela paz".

A ajuda mútua e não consideração de servir como instrumentos de tortura deve ser um hábito, esforçando-se sempre para atenuar a amargura da expiação porque só a Deus cabe detê-la ou prolongá-la, conforme julgar conveniente. Ninguém tem o dever ou o direito de aumentar a dose de sofrimento de outrem. Todos estão na Terra para expiar e todos, sem exceção, devem esforçar-se por abrandar a expiação dos semelhantes, de acordo com a lei de amor e caridade.

Assim, a aproximação edificante, com solidariedade e recíproca, permutada entre os seres em evolução, ou seja, todos nós, toma importância crucial para o rompimento da selvageria e ação instintiva excludente ainda marcante nos processos interativos mantidos na humanidade terrena.

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