Teria Jesus acreditado na ausência do Pai?
Há alguns anos,um grupo de jovens espíritas da Baixada Fluminense, convidou-me para fazer uma palestra na sociedade espíritas onde se reuniam. Quando eu perguntei qual era o tema, um deles me disse : “As fraquezas de Jesus”. Achei um tema inusitado e perguntei a eles qual o motivo da estranha escolha e eles me disseram que havia passagens nos Evangelhos que sugeriam ter Jesus fraquejado algumas vezes e, como exemplo, citaram a passagem em que Jesus, antes de desencarnar diz a frase - título deste artigo.
Aceitei o desafio e, pesquisando o assunto, descobri que os judeus no momento da grande aflição e, a morte é um desses momentos, costumavam apelar para O Senhor, pedindo a sua ajuda. Foi exatamente isto o que Jesus fez. E, para se dirigir ao pai, ele se vale do salmo XXII que começa exatamente dizendo : “Pai, Pai,por que me abandonaste”. Jesus, portanto não está lamentando o “abandono” de Deus no momento extremo, mas conversando com ele, por meio da prece. Reforça esta idéia o fato de que este salmo é um salmo messiânico típico, que trata dos sofrimentos do justo e que se adequa perfeitamente à situação de Jesus.
Diz este salmo :
“ cães numerosos me cercam
Um bando de malfeitores me envolve,
Como para retalhar minhas mãos e meus pés.
Posso contar todos os meus ossos
As pessoas me olham e me vêm ;
Repartem entre si as minhas vestes
E sobre a minha túnica tiram sorte.
Se continuarmos a leitura deste salmo, veremos que ele começa com uma aparente lamentação e acaba com a exaltação. Com ele Jesus expressa a sua crença firme em Deus e revela, ao final da sua vida terrena que ele era o Messias de Israel, o Cristo de Deus.