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Artigo do Jornal: Jornal Novembro 2019
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Em português, de acordo com a definição em dicionário, finados significa que findou, acabou, faleceu. Entretanto, nós, espíritas, temos um outro entendimento a respeito dessa situação, cultuada há tanto tempo por diversos segmentos sociais e religiosos.

Na Revista Espírita de dezembro de 1868 (1), sob o título Sessão Anual Comemorativa dos Mortos, na Sociedade Espírita de Paris fundada por Kardec, o mestre espírita nos fala que

estamos reunidos, neste dia consagrado pelo uso à comemoração dos mortos, para dar aos nossos irmãos que deixaram a terra, um testemunho particular de simpatia; para continuar as relações de afeição e fraternidade que existiam entre eles e nós em vida, e para chamar sobre eles as bondades do Todo Poderoso”.

Nenhum outro comentário explicaria melhor o sentido da homenagem prestada aos chamados “mortos” no Dia de Finados pelo mundo afora. Isso não quer dizer que só nos lembremos dos entes queridos que partiram antes de nós nesse determinado dia. Os que amamos estão permanentemente em nossos pensamentos, mesmo nos momentos mais inusitados, mesmo nos momentos menos imaginados. Fazem parte do nosso cotidiano, de nossas atividades, mesmo as mais comezinhas, sem que para isso façamos nenhum esforço; a lembrança é tão presente e natural, que passa a fazer parte de nós.

O que Kardec destaca quanto ao valor dessa comemoração é o fato de isso gerar uma comunhão de pensamentos, uma homogeneidade de propósitos, uma similaridade de sentimentos – todos, estando fisicamente próximos ou não, emitem ondas vibratórias benéficas e amorosas, claro que em geral temperadas com saudade e certa tristeza, o que, se não exageradas, são provas do amor que ficou para sempre gravado em espírito.

Compreendemos que, muito provavelmente, aos que estão na outra dimensão da vida e que igualmente estão a nós ligados por sentimentos amorosos, essas ondas de afeto e apreço lhes chegam como afagos, como abraços carinhosos, relembrando doces momentos e fortalecendo os laços afetivos criados na existência terrena.

O que talvez ainda não tenhamos entendido e assimilado é a potência de que somos dotados através do pensamento. O pensamento, impregnado pelos nossos sentimentos e direcionado pela nossa vontade, tem um poder e uma capacidade para nós ainda inimagináveis. Léon Denis, em seu livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor (2), há quase um século nos assegurava que o pensamento é criador. Atualmente a ciência humana já pode comprovar isso fotografando o pensamento! Além do fato de que pelo pensamento, num sentido ou noutro, estamos todos interligados, formando todos nós uma grande teia que, mediante a lei do magnetismo, vai agregando outros tantos pensamentos similares, crescendo e se expandindo.

Outro fato ainda é que pensamento é uma energia que independe de estarmos no corpo físico ou somente em corpo espiritual, em perispírito; independe de estarmos encarnados ou desencarnados. É um atributo do espírito, qualquer seja a sua situação.

Assim, consequentemente, podemos compreender o valor desses encontros vibratórios, o seu significado e quanto bem podem proporcionar às criaturas dos mundos físico e extrafísico, sobretudo quando preces fervorosas permeiam essas vibrações. A prece é um pensamento elevado, que carreia o melhor de quem ora e extremamente valiosa quando a benefício de alguém.

Na Revista Espírita de dezembro de 1859 (3), Allan Kardec nos traz o depoimento de um clérigo, o Rev.Padre Félix:

A devoção para com os mortos não é só a expressão de um dogma e a manifestação de uma crença – é um encanto da vida, um consolo para o coração. Com efeito, que há de mais suave ao coração do que esse culto piedoso, que nos liga à memória dos mortos? Crer na eficácia da prece; crer que as lágrimas de saudade amorosa que por eles derramamos ainda lhes podem servir de auxílio; crer, enfim, que mesmo nesse mundo invisível em que habitam, o nosso amor pode visitá-los em seu benefício, que doce, que suave crença!”

Portanto, bem entendendo o significado dessa homenagem aos “vivos no nosso coração”, nas palavras de uma muito querida amiga, vamos honrá-los, prestando-lhes o nosso carinho e amor, no dia preconizado, se assim o quisermos, e sempre.

Bibliografia
Allan Kardec, Revista Espírita, dezembro de 1868
Léon Denis, O Problema do Ser, do Destino e da Dor
Allan Kardec, Revista Espírita, dezembro de 1859

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