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Artigo do Jornal: Jornal Agosto 2019

Sobre o autor

Sônia Hoffman

Sônia Hoffman

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A Revista Espírita, em fevereiro de 1865, narra um episódio de mutismo infantil bastante interessante. Uma criança francesa de três anos, além de dizer papá e mamã, tinha apenas uma linguagem de sons inarticulados.

       A mãe, depois de muitas tentativas infrutíferas para o filho pronunciar palavras mais usuais, foi despertada em uma noite pela voz da criança, que dormia e articulava distintamente, em voz alta e repetidamente, as letras A, B, C, D jamais ditas. Quando despertado, o menino não conseguia dizer estas letras, somente durante o sono.

       Kardec lança a hipótese de que que este Espírito, não tendo aprendido em vigília e naquela vida o que dizia durante o sono, forçoso é que tenha aprendido em outra e, ainda, numa reencarnação na qual falava francês, pois que sua pronúncia era francesa.

       Um Espírito oferece, mediunicamente, como explicação o seguinte:

       “É uma inteligência que poderá ainda ficar oculta por algum tempo, pelo sofrimento material da reencarnação na qual o Espírito teve muita dificuldade em se submeter e que, momentaneamente, anulou suas faculdades com terna solicitude durante o sono do corpo físico, seu guia protetor o ajuda a sair desse estado pelos conselhos, encorajamento e lições, as quais não serão perdidas e se acharão vivazes quando a fase de entorpecimento houver passado. Este término do torpor será determinado por um choque violento, uma extrema emoção”.

       Aqui, há um ensinamento importante: um Espírito desencarnado dando a primeira educação a um Espírito encarnado. Evidentemente, a articulação das letras durante o sono do garoto era um efeito mediúnico, pois resultava do exercício indicado pelo Espírito.

       Uma carta de dezembro de 1864 esclarece que, posteriormente, sua avó caiu e quase esmagou a criança, causando um choque violento. Desde esse trauma, o menino surpreende a todo instante pronunciando, em vigília, frases inteiras.

       Esclarecimentos foram trazidos, em sessão da Sociedade Espírita Parisiense, confirmando e desenvolvendo o princípio desse gênero de mediunidade infantil. Após ter sido preparado pelo anjo-da-guarda, começam a se estabelecerem no Espírito a reencarnar e passar novas provações para o seu melhoramento os laços que o unem ao corpo, a fim de manifestar a sua ação terrestre.

       O papel e a disposição do Espírito sobre a matéria, durante o período da infância no berço, é pouco sensível. Assim, os guias espirituais se desvelam em aproveitar esses instantes, quando a parte carnal não obriga a participação inteligente do Espírito, a fim de o preparar e o encorajar em suas boas resoluções, as quais impregnam sua alma.

       Nos É durante os momentos de desprendimento que o Espírito compreende e se lembra dos compromissos contraídos para o seu adiantamento moral. É, então, que os Espíritos protetores prestam assistência e ajudam ao reconhecimento. Adormecida, a criança sorri aos que o cercam e guiam; acordada, ora olha fixamente, parecendo reconhecer seres amigos, ora balbucia palavras e seus gestos alegres parecem se dirigir a rostos amados. Mais tarde, esses mesmos Espíritos, durante o sono, lhe darãodar-lhe-ão boas e salutares instruções; em estado de vigília, as instruções podem acontecer por inspiração.

       Assim, fica claro que, ao menos em germe, todos os homens possuem o dom da mediunidade e a infância, propriamente dita, pode se dizer, é uma longa série de efeitos mediúnicos.

       Também é possível constatar o quanto, nessta fase infantil, o sentido filosófico de inclusão e das acessibilidades acontece no constante intercâmbio de comunicações, instruções, orientações e inspirações entre Espíritos encarnados e desencarnados. Esste acontecimento afirma, igualmente, a transcendência e a grande importância do seu estudo e abordagem nas diversas estruturas do Movimento Espírita.

       Por issto, precisamos agilizar, cada vez mais, e aprofundar a inclusão da inclusão em cada instância da instituição doutrinária em todas as atividades, seja para pessoas com ou sem deficiência, mas sim com a sua diferença.

 

Referência

KARDEC, Allan. Espíritos instrutores da infância: criança afetada de mutismo. Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos, Brasília, ano 8, p. 66-69, fev. 1865. [Trad. Evandro Noleto Bezerra].

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