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Artigo do Jornal: Jornal Julho 2019

Sobre o autor

Sônia Hoffman

Sônia Hoffman

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       A pessoa vivenciando, presentemente, a oportunidade de melhoramento intelecto-moral por meio da surdez, busca, no Espiritismo, o esclarecimento, a consolação, a orientação para o seu amadurecimento como espírito em evolução. A Casa Espírita, no entanto, ainda não se encontra, em sua grande maioria, preparada para o seu acolhimento, para sua efetiva inclusão com a adoção da sua acessibilidade comunicativa primordial: a língua de sinal (que, no Brasil, é a Libras).

       Várias são as dificuldades enfrentadas pela pessoa surda, para sua continuidade, nas instituições espíritas despreparadas. O começo está na insistência de se referir a elas como surdas-mudas. Não, ; elas são mudas porque não ouvem, , provavelmente, por não terem sido educadas para falar ou por sentirem-se desmotivadas por não se ouvirem. Prova está que muitas delas emitem sons, dão gargalhadas sonoras e conseguem manter uma breve conversação em situações específicas.

       Quando visibilizadas, inicia toda uma epopeia: muitos trabalhadores têm a tendência de gritar, como se, assim, elas fossem ouvir! Depois, surge uma série de mímicas e gesticulações desordenadas, pois frequentemente ficam atrapalhados e, na ânsia de resolver o conflito comunicativo, o tornam ainda mais confuso. Isso, provavelmente, porque equivocadamente consideram que língua de sinal é a prática de mímica, e não é. Ela tem toda uma estrutura gramatical, morfológica e componentes apropriados como um idioma ou língua possui.

       Muitos, então, optam pela escrita, considerando terem encontrado uma solução. Não, na maioria das ocasiões, certamente todos irão enfrentar alguns constrangimentos, pois é elevado o contingente de pessoas surdas que não fazem a leitura e desconhecem o português. Lembrem-se: a língua materna delas é a língua de sinal! Quando algumas delas são oralizadas e fazem a leitura labial, sendo bilíngues (utilizam LIBRAS e português), outro obstáculo é frequente ser enfrentado: a pessoa não se dirige a ela, colocando-se à sua frente e muitos palestrantes têm o hábito de usar o microfone na altura dos lábios, dificultando assim a visualização. No uso do PowerPoint, que poderia ser um recurso capaz de dar uma pista do que vem sendo tratado, é comum não haver imagens ou legendas apropriadas.

       Infelizmente, quando algumas instituições espíritas têm intérpretes especializados em língua de sinal, o número é bastante reduzido (talvez somente um!). Daí, tem de haver toda uma combinação e seleção de quando a pessoa pode efetivamente ser beneficiada de palestras e estudos - sem falar na problemática da evangelização na infância e juventude.

       Ainda existe a situação de que algumas instituições não admitirem que o intérprete fique ao lado do palestrante, alegando que o público irá dar mais atenção a ele do que ao discurso. Nesse caso, as pessoas surdas são levadas para outro espaço juntamente com o intérprete.

       Muitas pessoas surdas então se contentam com a possibilidade de somente receber o passe... e outra barreira surge: a elas é indicado que fechem seus olhos e, deste modo, o canal comunicativo pela visão é cortado. Sem saber o que está acontecendo, quando o passe foi concluído, por não terem sido ao menos tocadas gentilmente, diversas delas já permaneceram sentadas e o médium ficou desnorteado.

       Desse modo, é urgente que possamos repensar nossa atitude junto à pessoa surda, os procedimentos adequados a serem adotados e providenciado que existam intérpretes em todas as instituições pelo menos no território brasileiro. Algumas federativas já estão organizando cursos de LIBRAS específicos para os trabalhadores.

       Todos estão convidados a buscar essas informações e atender ao pedido do Mestre: evangelizar a todas as gentes!

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