“Para construir um mundo novo, precisamos de um homem novo.” (1)
A cada ano, cada um de nós, com a aproximação do final do ano, alimenta a expectativa de que a virada de ano – na contagem terrena – trará a realização de nossas esperanças, de nossos sonhos, de nossos projetos e planos de conquistas diversas, inclusive da felicidade, da segurança e da paz; e nos enchemos de bons propósitos que, lamentavelmente, geralmente, não são firmados nas sólidas bases do nosso próprio esforço continuado e persistente. Acreditamos, ingenuamente, que uma simples mudança de data pode fazer surgir um novo mundo diante de nós, pode fazer desaparecer o velho mundo deixado para trás, sem que tenhamos primeiramente feito todo o necessário para que isso possa efetivamente acontecer.
É muito conhecida entre nós, espíritas, a afirmativa de que “a Natureza não dá saltos”. Muitas e muitas vezes nos servimos dessa afirmação para explicar certas condições, situações e, até, fatos – só que muito frequentemente esquecemos que somos parte integrante e agentes da Natureza cuja lei natural também se aplica a nós. Nossa mudança, nossa transformação, também não dá saltos! É construção paulatina e trabalhosa, que independe de datas, mas, para que se processe, depende de nossa firme vontade e constante perseverança, como ilustradas no “bom combate do apóstolo Paulo de Tarso: despertar as consciências e libertar o homem do egoísmo, da vaidade e da ganância" (2).
Ansiamos todos, é verdade, por um mundo novo, com uma nova filosofia de vida, uma nova sociedade mais justa, um novo mundo em que a fraternidade seja a viga mestra. A maioria de nós deseja um mundo renovado para desenvolver o homem.
Mas como se daria esse mundo renovado? Aconteceria pelas mãos de quem? Por obra e graça do divino espírito santo? Será que ainda acreditamos em milagres? Ou já sabemos que é exatamente o contrário: é o homem renovado que construirá um mundo renovado? “O Espiritismo ensina que a transformação é conjunta e recíproca, mas tem que começar pelo homem. Enquanto o homem não melhora, o mundo não se transforma (...) Temos que insistir na mudança essencial de nós mesmos.” (3)
Fala-se muito na fase de transição por que atravessa o planeta, mudando de mundo de provas e expiações para mundo de regeneração; mas não se fala, ou pouco se fala, na fase de transição por que atravessa a humanidade, a humanidade encarnada e desencarnada. Porque é a sua transição para uma condição mais elevada do ponto de vista moral que operará a transição para um mundo melhor.
Portanto, para sermos coerentes com as nossas próprias expectativas, vamos em primeiro lugar ser coerentes com a Lei Maior; vamos procurar, finalmente, despertar nossas consciências, nas quais está inscrita essa Lei, para extirparmos o egoísmo, a vaidade e a ganância que ainda nos habitam; vamos trabalhar para transformar o egoísmo em altruísmo equilibrado, a vaidade em autoestima racional e a ganância em anseio de crescimento espiritual. Vamos, sim, seguir a tradição de comemorar a chegada de um novo ano no nosso calendário; todavia, vamos aproveitar esse evento e transformá-lo em uma nova oportunidade de progresso, de fortalecimento de nossos esforços para o próprio avanço na escala evolutiva, rumo à nossa verdadeira felicidade.
Feliz Ano Novo para toda Nova Humanidade! Feliz Nova Humanidade para todos os anos vindouros.
Fontes bibliográficas:
- (2) e (3) – José Herculano Pires, livro O Homem Novo.