Festejamos tantas datas, tantos aniversários, tantos feriados, incontáveis comemorações no decorrer do ano todo. Mas, em dezembro, nos preparamos para festejar ainda com mais intensidade o Natal, com mais aparatos, com mais fartura de presentes, enfeites, comidas e guloseimas, roupas novas escolhidas com esmero e cuidado, Natal do Papai Noel, o bom velhinho, como muitos o chamam... Nas lojas, nas ruas, nas casas, vêem-se todo tipo de adorno, luzes piscantes de todo tipo, de todas as cores... Só não vemos o Mestre Jesus em meio a tudo isso...
Em alguns locais, persistem ainda felizmente os presépios, com Jesus bebezinho na manjedoura, Maria, José, os reis magos e alguns animais domésticos. Mas ninguém tira foto junto a eles, apenas no colo do Papai Noel, um senhor contratado, fantasiado de Papai Noel...
Mas dezembro, como se convencionou há séculos, é o mês de aniversário do Mestre, Mestre com letra maiúscula sim, porque foi, e será sempre, aquele que aqui, nesse nosso mundo de expiações e provas, há cerca de dois mil anos, foi Mestre da Vida, Mestre que nos descortinou a Verdade que nos conduziria ao Caminho da libertação, da libertação de tudo que nos prendia à dependência de pretensos superiores que seriam nossos intermediários junto a Deus, sem os quais nós, míseros mortais, não alcançaríamos a nossa salvação.
A Doutrina Espírita nos apresenta Jesus como nosso modelo e guia (1) justamente porque ele veio demonstrar com simplicidade, e ainda vivenciar entre nós, como, quaisquer sejam as situações e as condições em que estejamos inseridos, podemos viver em conformidade com as leis naturais, isto é, as leis divinas, um conjunto de procedimentos que nos propicia caminhar com mais tranqüilidade pela longa e árdua estrada evolutiva.
Dora Incontri, pedagoga e espírita, em seu livro A Educação segundo o Espiritismo, Cap.X, (2) fala com muito critério sobre o “Pedagogo da Humanidade”: “Jesus é o nosso modelo moral por excelência. Destituído de todos os apetrechos místicos com que os séculos o enfeitaram, ele reaparece, à luz do Espiritismo, na sua grandeza de Espírito Puro, que veio à Terra para nos mostrar o caminho da evolução (...) Espírito perfeito, com o único título que aceitou: o de Mestre. E Mestre é Jesus da humanidade. Pedagogo da nossa educação espiritual”.
E ao falar da didática do Mestre, Dora coloca ainda com muita propriedade: “Jesus não ensinou em cátedras, não fez parte de corporações científicas, não se revestiu de nenhum título terreno e não fundou escolas ou instituições, nem mesmo nelas ensinou. E foi o maior dos mestres (...) Ensinava sem nenhum outro instrumento a não ser seus atos de amor, suas palavras simples e sua autoridade moral”.
E foi assim, com essa didática simples e amorosa, repleta, contudo, de ensinamentos morais, que o Mestre Jesus traçou para nós o rumo da felicidade, o que todos nós mais almejamos. Entretanto, não nos prometeu facilidades, nem privilégios – foi muito claro quando afirmou que para segui-lo seria necessário carregarmos a nossa cruz, que a cada um segundo suas obras...
Portanto, vamos comemorar sim, festejar sim, com alegria e muito carinho, o aniversário desse Mestre Maior, Mestre do Amor, Mestre que nos ensinou que Deus é Pai, Pai amoroso e justo de todos, quem quer que sejam e onde quer que estejam, a todos brindando com o mesmo princípio e a mesma destinação, criando todos com a mesma potencialidade, ou seja, em germe todas as faculdades para nos tornarmos, todos nós, espíritos puros, permitindo a todos todo o tempo e tantas repetições quanto necessárias. Por isso, por tudo isso, devemos a esse Mestre a nossa eterna gratidão.
Bibliografia:
- O Livro dos Espíritos, Allan Kardec - q.625
- A Educação segundo o Espiritismo, Dora Incontri - Cap.X