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Artigo do Jornal: Jornal Maio 2017

Sobre o autor

Pedro Valiati

Pedro Valiati

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Na edição de 15 de março da revista Veja, consta a entrevista com Rodrigo Jallout, primeiro brasileiro nato a se tornar clérigo xiita. Em determinado momento da entrevista, é perguntado a ele: Como é ser muçulmano no Brasil? A resposta, contraria todas as notícias as quais temos acesso em outras partes do mundo. Irei transcrever alguns trechos.

“Pode acreditar, não existe islamofobia no Brasil. Algumas mulheres dizem que sofrem preconceito por conta do véu, mas acho que se trata de casos isolados... Os brasileiros são flexíveis com religião. Meu centro islâmico recebe Kardecistas e Evangélicos. Sim, existem muçulmanos espíritas e não vejo motivo barrá-los. Sinceramente, não há problema algum para nós aqui...”

Esta resposta me recorda o trecho retirado do livro Brasil: Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, de Humberto de Campos, psicografia de Chico Xavier, capítulo “Coração do Mundo”, ocorrido no último quarto do século XIV:

“Mãos erguidas para o Alto, como se invocasse a bênção de seu Pai para todos os elementos daquele solo extraordinário e opulento, exclama então Jesus: — Para esta terra maravilhosa e bendita será transplantada a árvore do meu Evangelho de piedade e de amor. No seu solo dadivoso e fertilíssimo, todos os povos da Terra aprenderão a lei da fraternidade universal”.

Bem sabemos que analisando os acontecimentos últimos e lastimáveis do Brasil, é bastante difícil adquirirmos a certeza de que este realmente será o divino solo oferecido pelo Cristo. Observando os acordos espúrios e exemplos das lideranças de diversas instituições, a esperança cessa e o coração amargura. Quando vemos a pecha do desespero no trabalho que escassa; a sombra do vício na escola que deveria ensinar o futuro promissor; ou a marca da violência na sociedade a qual deveria se proteger, sentimos, é bem verdade, que os planos do Mestre para a Pátria do Evangelho foram alterados ou falharam fragorosamente.

Não é verdade, não percamos a esperança. Os planos do Cristo mantem-se inalterados. Devemos, sim, compreender o momento vivido como o da grande mudança de um ciclo arraigado no coração humano desde há muitos séculos.

Recomendamos a leitura do Item “Flagelos Destruidores”, d’O Livro dos Espíritos, de Kardec: através da espiritualidade, transcorre sobre as causas, propósitos e objetivos dos momentos de crise severa os quais vivemos, não apenas no Brasil, mas em todo o planeta. Até mesmo países ditos de absoluta segurança e tranquilidade, têm sofrido a mácula do terrorismo, inclusive com autores locais.

737. Com que fim fere Deus a Humanidade por meio de flagelos destruidores? “Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são frequentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos”.

E ainda:

740. Não serão os flagelos, igualmente, provas morais para o homem, por porem-no a braços com as mais aflitivas necessidades? “Os flagelos são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não domina o egoísmo”.

Entendemos, então, que os flagelos, ou as crises, funcionam como um instrumento divino a nos proporcionar o desafio da melhora íntima, através do exercício da inteligência e paciência, além da resignação, que não significam, de forma alguma, passividade. Movimentar a vontade na direção do bom ânimo diante das adversidades. Nenhum dos expoentes do cristianismo adquiriu a experiência evolutiva sem ser vítima da violência, sem participar da miséria ou sob o descanso que acomoda. Nenhum deles foi arremessado a condição de seguidores fieis do Cristo sem experimentar a mentira, a desgraça ou a restrição.

Devemos observar a vida pela perspectiva espiritual, enxergar para o além do túmulo, verter o olhar para o horizonte do espírito, onde encontraremos que as dificuldades aqui vividas são apenas a trilha traçada, nos séculos pretéritos, pelo Senhor das Almas, Mensageiro de Deus. De pronto, tal atitude nos reabastecerá a fé e ordenará o equilíbrio, na certeza que os dias gloriosos aguardam os que se dedicam com fidelidade ao aperfeiçoamento do espírito no charco das dificuldades, sendo a si e para o próximo o exemplo de resistência diante dos flagelos atuais.

A fé do tamanho do grão de mostarda, a qual move montanhas, moverá nossas almas do calvário das crises às paragens celestiais anunciadas pelo Guia e Modelo da Humanidade (Mateus 17:20).

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