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Artigo do Jornal: Jornal Maio 2016

Sobre o autor

Pedro Valiati

Pedro Valiati

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Realizando as devidas observações na natureza, adentramos na intimidade da semente, aparentemente hirta, ao ser sufocada pela terra, também sob a aparência morta, transforma-se em vida frondosa, imprescindível ao planeta.

A árvore, sob estação do inverno, altera-se, perdendo a folhagem, como estágio renovatório, por mais que a aparência denote extermínio, apenas cumpre fase necessária para a colheita abundante dos frutos.

Até mesmo a rocha, bruta e estática, observando detidamente o modelo atômico, visualizamos intensa atividade de transformação.

O universo convive com o movimento e mudança.

Nos âmbitos sociais, mesmo nas regiões mais infelizes, vislumbramos associações organizadas, grupos em nobre atividade tentando reverter cenários caóticos.

Diante do mar de infelicidade, angústia, medo e vício, sorrisos e gentilezas são, mesmo que tímidos, trocados pelas ruas, demonstrando que a vivência harmônica é possível.

O exemplo talvez mais interessante seja o lar, reunião de almas muitas vezes antagônicas, se analisarmos as experiências pretéritas de muitas componentes domésticos, imaginamos não ter forma de tal reunião prover resultados positivos. Contudo, as circunstâncias, banhadas nas águas da paciência e renúncia, promovem os tímidos avanços, suficientes para que o cenário, ao final da experiência carnal, seja bem menos infeliz.

A lei maior de Deus, além de sábia, sabe aguardar e fazer-se presente em todos os lugares, garantindo que o bem e o amor estejam representados em todos os lugares e espíritos.

O mais execrável criminoso, líder mais ausente em escrúpulos, o viciado mais contumaz, ou seja, a alma mais renitente possui o germe do amor entranhado no espírito, por mais que sufocada, como a semente na terra, desnuda como a árvore no inverno e inerte, tal como a rocha bruta.

O amor é vida constante em presença garantida.

Reflexão e espera também se relacionam com a humildade.

Até mesmo a mais nobre das sementes necessita da terra e condições próprias para que o embrião seja abençoado pela vida e útil ao propósito.

Diante do caos extremo, relembremos Jesus.

Nos momentos de maior dificuldade, estava disposto a oferecer a flor da virtude. Não se perturbava, pois possuía a convicção do amor.

A via crucis é rica de ensinamento para a vida, apesar da lastimável violência do acontecido, podemos abstrair que o amor lapida, mesmo no charco do ódio e da calamidade, diante de ímpios e covardes, sob a ação da dor e trevas.

A ironia da coroa de espinhos do Rei dos Judeus teve como resposta o olhar de piedade.

Ao destempero de Pedro, ao soldado agressor, coube o entendimento de que havia a necessidade do bem e da lição, cicatrizando o algoz e orientando o apóstolo quanto as consequências da violência.

Contra as chicotadas inclementes, registrou a dor do corpo com a resignação dos puros, anestesiando a agressão sob a consciência de que tal ocorrência era necessária ao objetivo maior.

O cárcere, úmido e fétido, serviu aos propósitos da meditação, para fortalecer-se em comunicação direta com o Criador.

O caminho do Gólgota, acompanhado do madeiro da cruz, compreendia a necessidade do sacrifício, sem revoltar-se a sanha, turbar convicções, oferecendo a paciência.

O rosto suarento e ensanguentado, a demonstrar os limites físicos, formou Sua imagem em sudário, demonstrando que o bem estava sob o controle, havia esperança.

Ao ser pregado a cruz, pediu água, como a dar a oportunidade da expressão mínima da misericórdia, ao receber o fel, calou-se, em resignação.

Ao lado de ladrões, entre zombarias e solicitações, consolou e amparou.

Sob a ação da lança assassina, rogou ao Pai o perdão da ignorância.

Como resposta a morte do corpo, reapresentou-se, certificando a vida após a matéria.

Aquele que opera em Deus, em Deus permanece.

Não desanimemos justamente nos instantes finais, nos estertores do mal que se esvai. Onde equipes celestes são enviadas às centenas, a dissipar o mal não apenas em núcleos religiosos, mas igualmente nas organizações humanas, os resultados já se mostram, aguardemos em fé. Roga as bênçãos de Deus e prossegue, entrega a Deus as tuas dores e caminha.

O estático não desenvolve, não produz o bem, não consola e não dissemina o amor.

Chegará o momento em que as trevas e densidade da madrugada escura dará espaço ao alvorecer definitivo, onde as bem-aventuranças se realizarão, conforme a promessa do Cristo, e o sol da justiça e amor reinará sobre as cabeças dos filhos de Deus.

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