
Nos momentos graves dos dias atuais, recordemos a experiência do Mestre diante da angústia humana.
Qual a resposta à mulher surpreendida em ato adúltero? Não foi necessário expor-lhe as mazelas ou lembrar-lhe os códigos sociais. O Cristo, através de ato discreto, simplesmente marcando na areia a sombra dos acusadores, recordou a memória coletiva. Tendo os receios das revelações dos respectivos equívocos, os algozes retiraram-se, deixando o Mestre a sós com a acusada, promovendo-lhe novas oportunidades futuras.
À mulher da Samaria, diante de consecutivos relacionamentos frustrados, angustiada e triste, ofereceu-lhe a água da vida sem fustigar-lhe a consciência, concedendo-lhe a esperança.
Ainda, recordemos as ações do Mestre diante de Joana de Cusa, a mulher dedicada e virtuosa, contudo, dilacerada diante do abandono e traição no lar. Solicitando a permissão do Rabi para seguir-lhe, como forma de auxiliar os desvalidos do caminho, sem considerar que os maiores necessitados e compromissos estavam ao lado. O Cristo, fez-se a face dos carentes, conduzindo-a a nova posição.
Diante dos exemplos acima, analisemos o processo de conversão do espírito, o jargão popular diz: “O que não vai pelo amor, vai pela dor”, colocando a dor como protagonista dos momentos de retomada moral do espirito. Ledo engano, a dor, na condição atual moral da humanidade, é o veículo, mas a estrada é o amor, sem exceções.
O Cristo, mesmo aos acusadores e agressores, jamais precisou dilatar-lhes a dor, ao contrário, mostra-lhes novas e melhores condições futuras, através da alteração do comportamento: “Vá e não erres mais”.
Oportunidades não faltarão. Diante do lar atribulado, direcionemos sem pesquisar o passado, mostrando as oportunidades de novas e melhores emoções.
No trabalho, diante da insegurança alheia, acolha, escute, ampare, mostra o Cristo o qual ainda buscamos.
Na sociedade em geral, diante da calamidade, não destaque o escândalo, não sejamos os sacerdotes multiplicadores do pessimismo, demonstremos a segurança no caminho que a Terra deve percorrer.
Sejamos colaboradores que amparam corações, sem fugir da verdade.
Em nossa célula espírita, misturam-se irmãos de diferentes experiências, vivência. Normal que acontecimentos iguais tragam interpretações diferentes. Contudo, jamais fujamos da orientação que renova e reconduz o irmão a retomada da reflexão equilibradora, que alimenta a alma e renova as forças do amor para a vida.
A orientação do companheiro de jornada se faz na condição de obrigação caridosa, por mais que não seja amplamente aceita.
A verdade indigesta traz resultados jamais alcançados pelo simulacro da mentira elogiosa.
O mal que vem à tona será mais facilmente tratado pela reflexão natural do tempo.
Não desanimemos diante do irmão que se distancia, coloca o fardo em teus ombros, roga as bênçãos de Deus e trabalha. O irmão há de retornar, e te agradecerá os desforços.
Os irmãos, por vezes trazem as expectativas que, quando frustradas no ambiente espírita, assomam-se às demais, no lar, família etc., e optam, temporariamente, pela fuga. Respeitemos o momento de cada um, orientando sempre e com amor. Roguemos a Deus a inspiração nestes instantes graves da orientação.
A alma humana ainda é habitáculo do melindre.
Haverá o momento sagrado, tal como Paulo às portas de Damasco, ou Madalena, após a ascensão do Mestre, em que uma luz tomará conta do espírito, um momento único, representado nos evangelhos como “renascimento do espírito”, em que a alma percebe o rumo novo, a luz do espírito se acenderá e a nova jornada se fará clara, os novos deveres se revelam e a força para as novas convicções se multiplicam.
Inicia, assim, a subida ao cume da felicidade, onde os anjos os guiarão e auxiliarão o percurso, ao desequipar da sombra e adquirir a leveza da virtude, e cuja recompensa, ao chegar ao alto da montanha das virtudes, do bem e do amor, é a visão de Deus, em Sua imagem e semelhança.
Paz a todos.