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Artigo do Jornal: Jornal Janeiro 2016
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“E quem não toma a sua cruz e não segue atrás de mim, não é digno de mim”.

(Mateus, X: 38; Lucas, XIV: 27)

 

            A passagem evangélica acima é catalogada no seio dos estudiosos do cristianismo à conta de experiência em renúncia, resignação e obediência à vontade divina.  Alguns outros a classificam como a necessidade do sofrimento e única forma de evolução e progresso do ser ou de se “expurgar os pecados”.

            No antigo testamento, mais especificamente no Livro de Jó, encontramos a história do homem que perde todo o seu dinheiro, toda a sua família e saúde, mas mesmo diante de todos os infortúnios e da zombaria alheia em relação a sua fé, se mantém fiel a Deus e ao final da sua jornada é restituído em dobro por tudo o que tinha perdido. Encontraremos tantos outros profetas divinos que suportaram uma série de dificuldades durante sua vida.

Até o próprio insigne codificador Allan Kardec também enfrentou sua cota de sacrifícios, conforme narrativa de Hilário Silva, pela psicografia de Chico Xavier, em no livro O Espírito da Verdade. Entretanto, em todos os episódios, os que não recuaram diante das dificuldades foram amparados, consolados e venceram suas lutas individuais.

 

Compreendendo as dificuldades

            Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo V, Bem-Aventurados os Aflitos, nos itens Justiça das Aflições, Causas Atuais e Anteriores das Aflições, Allan Kardec nos orienta acerca das origens de nossas experiências difíceis. Nos fala sobre a justiça e bondade divina, e que sem estas não poderíamos conceber a Deus. Assim, vamos entender que tudo o que nos acontece é resultado de equívocos cometidos em vidas passadas; erros cometidos na vida atual; preparações para vidas futuras. Ressalte-se ainda, amigo leitor, que conforme instrução fornecida à Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, na questão 258, é o próprio espírito que faz a escolha das experiências pelas quais irá enfrentar, secundado pelo benfeitor espiritual que lhe assiste antes da reencarnação.

            Diante destas informações, entendemos que a dificuldade que vivenciamos é resultado da lei de causa e efeito, ação e reação, que regem as relações universais. É fruto das nossas próprias escolhas, baseadas no arrependimento instaurado em nossa consciência resultante de atos praticados contra as leis divinas.

 

O Mestre recebeu ajuda para “carregar sua cruz”

            Narram os evangelistas Mateus (cap. 27: 31 e 32), Marcos (cap. 15: 20 e 21) e Lucas (cap. 23: 26), que o Doce Rabi da Galileia, no caminho do Gólgota (lugar da crucificação), não mais aguentando o peso, cedeu o madeiro infame a Simão Cirineu (da cidade de Cirene).

 Comenta Emmanuel, no livro Fonte Viva, na lição Após Jesus, que o “... estrangeiro, instado pelo povo, aceitou o madeiro, embora constrangidamente, e seguiu carregando-o, após Jesus”. Informa ainda que esta lição seria “legada aos séculos do futuro...”. A nós cabe considerarmos que a mesma é de profunda sabedoria e até nos últimos instantes o Mestre não nos recusou o pedido de aprendizado.

            Todos os que se aproximam do Evangelho, com o intuito de fazer a sua reforma pessoal, serão compelidos a dar testemunho de renúncia, humildade, trabalho e sacrifício pelo aprimoramento íntimo.

 Entretanto, como bem afiança Emmanuel no capítulo citado “Do alto descerão para o teu espírito as torrentes invisíveis das fontes celestes, e vencerás valorosamente.”. Receberemos a ajuda e amparo decisivos para “carregarmos a nossa cruz”.

            O Mestre nos exemplificou! Quando estava abandonado, sozinho do ponto de vista material e com as forças físicas exauridas, eis que um desconhecido recebe ordem para ajudá-lo a carregar a sua cruz. Significa, querido leitor, que nunca estaremos abandonados e teremos ajuda para suportar nossas aflições.

 Importante sabermos também, que mesmos aqueles que estão à frente de trabalhos religiosos, caridosos, na divulgação da Boa Nova, trabalhando na seara Cristã, terão a sua dose de sacrifício e de provas a suportar, que deverão abdicar de alguns privilégios para concorrerem com a obra de Deus, mas que acima de tudo, quando mais se sentirem solitários diante do sacrifício, mais receberão a ajuda providencial de um ombro amigo, pois Jesus também nos confidenciou que sempre estaria junto de nós.

 

Fontes Bibliográficas

- Kardec, Allan, 1804-1869. O Evangelho Segundo o Espiritismo / Allan Kardec; tradução de Albertina Escudeiro Seco. – 5. ed. – Rio de Janeiro: CELD, 2010.

- Dias, Haroldo Dutra. Mateus, capítulo 20, O Novo Testamento/tradução de Haroldo Dutra Dias. – 1. Ed. 2. Imp. – Brasília: FEB, 2013.

- Emmanuel (Espírito). Após Jesus. Fonte Viva / pelo Espírito Emmanuel; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 1. Ed. Especial – 3. Imp. – Rio de Janeiro: FEB, 2011.

- Kardec, Allan, 1804-1869. O Livro dos Espíritos / Allan Kardec; tradução de Maria Lúcia Alcântara de Carvalho . – 2. Ed. – Rio de Janeiro: CELD, 2011.

- Monteiro, Gerson Simões. O Livro dos Espíritos Evita o Suicídio, p. 64, Suicídio e Suas Consequências. – 4. Ed. – Rio de Janeiro: Mauad  X, 2014.

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