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Artigo do Jornal: Jornal Setembro 2015
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Quantos de nós ainda nos pronunciamos afirmando que “cada um tem a sua verdade”, absolutamente certos de que a verdade depende do entendimento de cada um, confundindo-a com o que podemos chamar “ponto de vista” – este sim é de cada um, em conformidade com seu grau evolutivo, suas necessidades, suas características pessoais, seu acervo intelecto-moral.

Na atualidade, a verdade tem sido relegada a segundo plano de forma ostensiva por muitas criaturas, muitas vezes membros representantes de segmentos da sociedade que deveriam justamente pautar sua atuação em princípios morais límpidos e transparentes, mas que sem nenhuma cerimônia alteram esses valores morais adaptando-os aos seus interesses pessoais, dignos ou não, legítimos ou não.

É quando lembramos Allan Kardec, em Obras Póstumas, em um de seus brilhantes arrazoados, quando declara que “por melhor que seja uma instituição social, sendo maus os homens, eles a falsearão e lhe desfigurarão o espírito para a explorarem em proveito próprio”. E isso não vem acontecendo só na atualidade, mas no decorrer dos séculos, nas mais diversas civilizações, nos mais variados segmentos – sociais, políticos e até religiosos...

Presentemente, graças ao progresso da comunicação, cada vez mais abrangente e ágil, com tecnologias e métodos cada vez mais avançados, aquele que não deseja ser omisso ou brincar de Alice no país das maravilhas pode inteirar-se do que acontece praticamente em todas as áreas através do mundo, quase que de imediato. Em setembro de 2011 eu estava dando almoço à minha netinha de 4 anos, assistindo um noticiário quando vi acontecer exatamente naquele momento ali, diante dos meus olhos, a derrubada das torres gêmeas...

Esse foi apenas um exemplo do quanto estamos conectados e interligados no contexto mundial e hoje até universal... Podemos ver detalhes de planetas a anos luz de distância... Portanto, mesmo que não queiramos, mesmo tapando olhos, ouvidos e boca, não nos furtaremos a fazer parte da história do nosso momento reencarnatório como já o fizemos em passado próximo e mesmo remoto, sem no entanto conseguirmos evitar estar inscritos na lei de causa e efeito, sem evitar nos enquadrarmos nas expiações coletivas, além das individuais, exatamente por termos sido omissos...

Dizem-nos os Espíritos que com Kardec elaboraram a Doutrina Espírita, na q.33 de O Livro dos Espíritos, que tudo está em tudo; e na q.540, que tudo se encadeia na natureza, desde o átomo primitivo até ao arcanjo. Na Revista Espírita de março de 1867, Kardec colocou uma mensagem de Um Espírito que nos esclarece afirmando que o homem não é um ser isolado, é um ser coletivo (...) tanto que a infelicidade de um membro da humanidade, de uma parte de vós mesmos, poderá vos afligir.

Muitas vezes não queremos aceitar que não basta não fazer o mal, não basta não fazer ao outro o que não quero que o outro me faça... Muito provavelmente por ingenuidade pensamos que basta não colaborar ativamente para uma determinada situação negativa; ou mesmo, se possível, não tomar conhecimento consciente dela e assim nos mantermos incólumes e seguros. Triste ilusão que acalentamos em geral até por medo...

Contudo, cedo ou tarde a realidade nos alcança, nos atinge muitas vezes de forma dolorosa. E então, assustados, muitas vezes nos perguntamos: Mas como? Por quê? Eu não fiz nada... E é provável que exatamente isso, não fazer nada, tenha sido o nosso maior erro...

O Mestre Jesus foi muito claro: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Se existem diferentes verdades sob a ótica de cada cultura, de costumes e crenças próprios a cada povo, já não podemos negar a existência de uma grande e eterna verdade: a que podemos chamar de verdade absoluta. Embora em nosso atual estágio de progresso espiritual ainda não tenhamos estatura moral para atingir essa verdade absoluta, compreendê-la e vivenciá-la. Todavia, verdade e liberdade estão intimamente ligadas – uma não existe sem a outra.

Consequentemente, se queremos ser livres – sonho multimilenar de toda a humanidade – e viver com dignidade, sem medo, sem guerras, sem fome, sem doenças, sem desonestidades nem falcatruas, não temos outra alternativa a não ser buscar conhecer essa verdade. E não a conheceremos através de meios externos, ninguém nos vai trazê-la impressa numa folha de papel ou comunicá-la por meio da internet, das redes sociais... É dentro de nós, lá onde Jesus nos afirmou que está o reino de Deus, que a encontraremos – em nossa consciência, quando desperta e quando queremos ouvi-la. Então saberemos que não há verdade maior nem maior liberdade do que viver de acordo com a lei de amor, justiça e caridade.

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