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Artigo do Jornal: Jornal Agosto 2015
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Allan Kardec já tinha dito que o sonambulismo representa a atuação da alma fora do organismo físico. Com uma menor influência da matéria, ela pode expressar melhor as suas faculdades que excedem em muito as capacidades físicas. Já escrevemos em artigos precedentes acerca desses potenciais anímicos como a visão através de objetos opacos e à distância, a leitura do pensamento, a pré e a pós-cognição, a lembrança ou a visualização de vidas pretéritas, a fala em línguas desconhecidas, dentre vários outros fenômenos.

Entretanto, não há dois sonâmbulos iguais e seria muito, muito raro um sonâmbulo que conseguisse realizar todos esses fenômenos descritos. Como estudo e pesquisa seria muito interessante encontrar um sujet assim tão suscetível ao magnetismo e com esta capacidade. O mais importante, porém, creio eu, é a lucidez e a precisão das informações. O fenômeno pode ser muito rico como fenômeno, mas não terá importância se não for confiável.

As informações transmitidas pelos sonâmbulos magnéticos necessitam de verificação sempre, pois há possibilidades de erros. A lógica e a razão devem servir para uma análise criteriosa daquilo que é dito pelo sensitivo, a fim de não cairmos no erro da credulidade que é prejudicial a qualquer aprendizado sério.

No capítulo XIV d’A Gênese, Kardec escreveu:

Necessariamente incompleta e imperfeita é a vista espiritual nos Espíritos encarnados e, por conseguinte, sujeita a aberrações. Tendo por sede a própria alma, o estado desta há de influir nas percepções que aquela vista faculte. Segundo o grau de desenvolvimento, as circunstâncias e o estado moral do indivíduo, pode ela dar, quer durante o sono, quer no estado de vigília: 1º) a percepção de certos fatos materiais e reais, como o conhecimento de alguns que ocorram a grande distância, os detalhes descritivos de uma localidade, as causas de uma enfermidade e os remédios convenientes; 2º) a percepção de coisas igualmente reais do mundo espiritual, como a presença dos Espíritos; 3º) imagens fantásticas criadas pela imaginação, análogas às criações fluídicas do pensamento. (grifei)

Completa o Codificador:

Estas criações se acham sempre em relação com as disposições morais do Espírito que as gera.

As imagens e tudo o mais que o sonâmbulo descreve, relativo ao presente, ao passado ou ao futuro pode ser real. O bom senso, contudo, deve prevalecer. É preciso critério para a análise das informações. Em certas situações seria interessante, se possível, a verificação através de outros sensitivos. No que diz respeito a revelações relativas a outras vidas, devido à dificuldade de comprovação, justificam um maior cuidado ainda, devendo ser tomadas com certa reserva.

Certas imagens podem ser criadas pela imaginação do sonâmbulo, o qual retira dos seus próprios arquivos mentais, material “(...) segundo a natureza das preocupações ou disposições do espírito; aí encontra a impressão de cenas religiosas, diabólicas, dramáticas e outras, que viu em outra época em pintura, em ação, em leitura ou em relatos, porquanto os relatos também deixam impressões. Assim, a alma realmente vê alguma coisa: de alguma sorte é a imagem daguerreotipada no cérebro” (Revista Espírita, julho de 1861).

Se ao sonâmbulo, por exemplo, é requisitado investigar a respeito da enfermidade de uma determinada pessoa, ele pode ver imagens formadas a partir dos seus próprios pensamentos e não da mente do doente. Isto acontece com tanta naturalidade, e as imagens são tão reais (por que realmente o são) que o sonâmbulo acredita que elas vêm de fora, pois as enxerga exteriores a si mesmo.

As nossas imperfeições, tanto quanto a materialidade do nosso meio, dificultam as percepções e a lucidez no sonambulismo, devendo este ser utilizado com seriedade e de forma que possa ser útil às pessoas. Não deve ser objeto de curiosidade de nenhuma espécie, mas sim recurso para o desenvolvimento do conhecimento e como auxílio aos que necessitam de ajuda. O esforço de transformação moral da dupla magnetizador e sonâmbulo, como o desenvolvimento da humildade e do controle das emoções, além dos objetivos elevados do trabalho, facultará ao sensitivo um maior equilíbrio que resultará em uma maior lucidez e precisão nas suas percepções.

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