
As Cinco Vias (Quinque Viae):
A Primeira Via. Argumento do primeiro motor.
Constamos pelos nossos sentidos que o movimento existe. Naturalmente, nada se move a si mesmo e o que é movido, é movido por outro movente. Em linguagem aristotélica o movimento pode ser entendido como a passagem da potência ao ato. A semente possui em potência a planta de sua espécie, quando a planta nasce dizemos que houve um movimento ou uma passagem da potência ao ato, ou ainda, uma atualização.
Uma coisa não pode ser ao mesmo tempo potência e ato. O calor atual, por exemplo, não pode ser, simultaneamente, o calor potencial. Do mesmo modo é por motivo análogo uma coisa não pode ser motora e movida ao mesmo tempo, em outras palavras, uma coisa não pode mover a si mesma, logo o movido é movido pelo movente. Em Física, esse fenômeno se chama princípio da inércia, segundo o qual nada pode ser movido se não houver um impulso inicial.
Sendo assim, o motor também, para ser movido, necessita de algo que o mova, ou seja, de outro motor que, por seu turno também não se pode mover sozinho.
Ora, se levarmos esta sucessão de motores ao infinito, não haveria um primeiro motor, e, em verdade, não haveria motor algum já que os motores só se movem por meio do primeiro motor. Logo, se torna necessário chegar-se ao um primeiro motor que moveria a todos os outros sem ser movido é a este motor que chamamos Deus.
Segunda Via. Argumento da Primeira causa eficiente.
Nas coisas sensíveis, encontramos uma sucessão de causas eficientes. Se perguntarmos: quem Fez A? Foi B, e quem fez B? Foi C e C, foi feito por quem? Por D. Ora se continuarmos assim, estaremos no mesmo caso apresentado pela primeira via e, por isso, é necessária uma causa eficiente primeira e está causa é que nós chamamos Deus.
Terceira Via. Do Existente necessário.
Se tomarmos uma laranja em nossas mãos, podemos dizer que a laranja é; mas, se a destruirmos de algum modo, ela deixa de ser; logo, a laranja pode ser e não ser, mas não ao mesmo tempo. Este raciocínio aplicado à laranja pode ser aplicado a qualquer outro ser da realidade sensorial. Assim, se as coisas podem deixar de existir, pode ter havido um tempo em que nenhuma delas existia. As coisas, porém, para existirem, necessitam de algo que as faça existir, já que não podem existir por si mesmas. Assim, necessita-se de um ser necessário por si mesmo que não tenha fora de si a sua necessidade e, ao invés disto, seria a causa necessária de todos os outros. O ser necessário é o que chamamos Deus.
Quarta Via. O Grau dos Seres Existentes.
Um homem pode ser bom, outro, muito bom, outro, ainda melhor que todos eles. Se continuarmos a atribuir grau de bondade a cada um deles, deveremos chegar a um ser que possua a bondade em grau máximo ao qual nenhuma bondade mais se possa acrescentar. Este ser que é a bondade absoluta é Deus.
Quinta Via. O Argumento Finalista.
Quando observamos a realidade objetiva, mesmo as coisas que não possuem inteligência ou conhecimento, percebemos que todas elas tendem a um fim e que operam sempre de modo a alcançar aquilo que é bom para elas. A raiz, por exemplo, mergulha fundo na terra em busca de alimento para a planta, o pássaro faz seu ninho para agasalhar seus filhotes e assim por diante. Estes comportamentos não são frutos do acaso, mas de uma intenção clara.
Ora, se tais coisas não possuem inteligência devem ser dirigidos por alguma coisa inteligente que está fora deles, como a seta é dirigida ao alvo pelo arqueiro. Este ser que possibilita a finalidade de todos os seres, segundo a sua natureza, é o que chamamos de Deus.