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Artigo do Jornal: Jornal Outubro 2014

Sobre o autor

Iris Sinoti

Iris Sinoti

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O que é Ser Humano?

Na trajetória do ser humano, estamos passando pela terra há bilhões de anos em um processo contínuo de aperfeiçoamento. Saímos da condição unicelular e chegamos ao estado em que nos encontramos atualmente, sendo o máximo do padrão evolutivo até então conhecido.

Claro que, nesses bilhões de anos de evolução biológica, fomos modificando o ambiente que nos circundava, e junto com o nosso desenvolvimento formatamos o planeta para atender às nossas necessidades. Saímos da condição de seres primitivos e hoje somos os Homo virtualis. Mas será que alguma coisa ficou faltando a ser desenvolvida?

Todos nós sabemos que somos humanos, mas será que já estamos assumindo a nossa identidade humanizada? Será que atuamos na vida exatamente como Seres Humanos que somos? Será que estamos nos esforçando ao máximo para descobrirmos quem somos e continuarmos o nosso processo de autoaperfeiçoamento? Ou rapidamente ocupamos o espaço vazio da nossa existência com “coisas” e nos ocupamos com tudo o que precisamos “resolver”, e não fazemos ainda o que precisamos fazer para nós e, sobretudo, por nós?

Passamos pela vida e não salvamos a única pessoa que realmente pudemos salvar, passamos pela vida e não vivemos como deveríamos viver. Apenas passamos...

Fomos levados a crer que amor-próprio era pecado, e que reconhecer as próprias qualidades era “vaidade”. Com isso nos isolamos e, no decorrer dos séculos, na esteira das reencarnações, fomos perdendo o hábito da conversa franca com o outro que existe em nós, pois perdemos o endereço da nossa casa interior. A consequência de tudo isso é claramente percebida na necessidade cada vez maior de consumo, assim como na busca imediata de prazer.

Por que somos tão imediatistas? Em um período quase de culto à ansiedade já não dispomos de tempo para nada referente aos conteúdos internos, vivemos para fora e buscamos fora o que só encontraremos dentro. Por não nos conhecermos nos tornamos egocentrados e infantilmente acreditamos que encontraremos as respostas para nossas angústias e a solução para os nossos problemas em algum lugar fora de nós, ou ainda, que alguém fará por nós. Imediatistas, somos todos que apesar de sabermos que estamos caminhando na estrada da vida, estrada essa que já percorrida em outras experiências e que continuaremos a percorrê-la, vivemos como se essa fosse a única vida que teremos. Perdemos o tempo das coisas, nos relacionamos com a vida como se estivéssemos em uma corrida desesperada para chegar a lugar nenhum...

A ansiedade que vivemos é tanta que nem mesmo a nossa relação com a religião ficou isenta.

Adentramos as casas religiosas na busca de soluções mágicas e instantâneas para os nossos problemas, não nos permitindo a mudança de valores e de conduta para a real transformação do nosso ser.

“O homem realmente não se conhece...” como afirma Joanna de Ângelis. Nos ocupamos em demasia com o que não contribui para o nosso processo evolutivo e deixamos passar as experiências que nos proporcionariam autoconhecimento, deixamos para trás um rastro de desconhecimento que vez por outra se volta contra nós. Fazemos mal porque não reconhecemos o mal que ainda reside em nós; vemos no outro o que não reconhecemos em nós, e nem mesmo o bem que podemos fazer, fazemos, por não nos conhecermos.

Só uma consciência moral poderá nos proporcionar o reconhecimento dos nossos valores internos, o que significa que, por não fazermos o mergulho necessário na sombra, deixamos de descobrir o verdadeiro tesouro que existe encravado no interior do nosso ser. Como já afirmava Jung, “trabalhar a sombra é uma questão moral”, e tornarmo-nos seres humanos melhores é o trabalho que precisamos realizar.

(baseado no cap. 3 do livro: O Homem Integral – Joanna de Ângelis/Divaldo Franco)

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