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"Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo." Paulo Freire
Desde todos os tempos, desde que o homem conquistou algum discernimento, começou o lento trabalho do seu burilamento através de incontáveis experiências, algumas bem sucedidas, outras nem tanto, mas que, no devido tempo e com a devida persistência e tenacidade, tanto umas como outras resultaram em seu progresso.
À custa de uma longa caminhada de n milênios, passando por todo tipo de conjunturas, situações e condições, foi a humanidade assenhorando-se de descobertas e conhecimentos técnicos, científicos, culturais e intelectuais que lhe permitiram, a cada novo passo, melhor abrigar-se, melhor alimentar-se, melhor proteger-se, mais facilmente conquistar poder, benefícios e supremacia que equivocadamente passou a exercer sobre os que, ainda que parte dessa mesma humanidade, de alguma forma e por algum motivo, estavam ou ficavam à retaguarda ou em posição considerada inferior.
Apesar disso, a história nos mostra alguns membros que, usando essas mesmas descobertas, esses mesmos conhecimentos, elaboraram algo mais, possível a todos na verdade, mas que poucos distinguiram como fundamental para efetivamente bem viver - esse algo mais é EDUCAÇÃO.
Cultura e conhecimentos, sejam quais forem, os mais avançados, não asseguram ao homem a garantia de segurança, de tranquilidade, de paz, de felicidade - objetivos por todos ansiados, mas que, na verdade, poucos, malgrado seus altos níveis intelectuais, alcançam. Em geral são justamente esses os que, insatisfeitos e entediados com o vazio e a insignificância dos valores com que se abarrotaram, atolados em excessos de todo tipo, que se agarram às ilusões de poder e se julgam com direitos sobre tudo e todos.
Em Obras Póstumas, no capítulo Credo Espírita, Allan Kardec, nosso lúcido mestre espírita, já esclarecia que "por melhor que seja uma instituição social, sendo maus os homens, eles a falsearão e lhe desfigurarão o espírito para a explorarem em proveito próprio" . E os fatos constatados no decorrer da história comprovam sobejamente essa afirmação. Tanto no passado remoto, no passado próximo, como no presente ainda, é o que estamos vendo acontecer dia após dia, apesar de todas as leis e instituições as mais variadas sobejamente próprias ao bom procedimento de todos os membros de nossa sociedade.
Ainda no mesmo capítulo citado, encontramos outra advertência kardeciana atualíssima: "O progresso individual não consiste apenas no desenvolvimento da inteligência, na aquisição de alguns conhecimentos. Nisso mais não há do que uma parte do progresso, que não conduz necessariamente ao bem, pois que há homens que usam mal do seu saber. Muito mal pode fazer o homem de inteligência mais cultivada". Também verificamos a veracidade dessa assertiva quando observamos o grau de instrução, muitas vezes bastante elevado, daqueles que hoje ainda se envolvem com atos e atitudes nocivas à coletividade e, sobretudo, a si próprios...
Entretanto, felizmente hoje já compreendemos a grande diferença entre INSTRUÇÃO e EDUCAÇÃO. Hoje já percebemos que INSTRUÇÃO é aquisição de informação, de dados, de conhecimentos culturais e/ou científicos em algumas ou em muitas das áreas de atuação do homem. Enquanto que EDUCAÇÃO é a maneira como utilizamos esses conhecimentos; é conquista realizada à custa de esforço no melhoramento ético-moral individual; é sobrepor ao interesse pessoal egoístico o interesse pelo próximo, pela coletividade.
Por isso também Kardec (no mesmo capítulo) afirma: "a questão social não tem, pois, por ponto de partida, a forma de tal ou qual instituição; ela está toda no melhoramento moral dos indivíduos e das massas. Aí é que se acha o princípio, a verdadeira CHAVE DA FELICIDADE do gênero humano, porque então os homens não mais cogitarão de se prejudicarem reciprocamente. NÃO BASTA SE CUBRA DE VERNIZ A CORRUPÇÃO - É NECESSÁRIO EXTIRPAR A CORRUPÇÃO. É pela EDUCAÇÃO mais do que pela instrução que se transformará a Humanidade" .
Por isso ainda o sábio Codificador nos demonstra que "o princípio do melhoramento está na natureza das crenças, porque estas constituem o móvel das ações e modificam os sentimentos; também está nas ideias inculcadas desde a infância e que se identificam com o Espírito" . Mas que crenças seriam essas, capazes de nos tocar a ponto de nos fazer procurar esse melhoramento que, em muitos casos, significa abnegação, renúncia de valores e de condições até então por nós considerados como essenciais ao nosso sucesso e felicidade?
Como ensina a nossa Doutrina Espírita, é a crença no futuro, na imortalidade, na pluralidade das existências, na lei de causa e efeito e de reciprocidade que nos abrem o entendimento do verdadeiro significado da solidariedade e de que "a fraternidade se funda numa lei da Natureza e no interesse de todos".
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