
Todas podem ser produtivas, eficientes e/ou eficazes – o que não significa que todas sejam benéficas, educativas e/ou recomendáveis... Algumas, que não precisamos citar aqui por serem do conhecimento de todos nós por diversos meios, chegam até mesmo a ser ostensivamente prejudiciais.
No Livro dos Médiuns, Allan Kardec dedicou todo o capítulo XXIX ao estudo das reuniões e sociedades espíritas e, logo de início, nos esclarece que: “As reuniões espíritas diferem muito quanto às suas características, segundo seus propósitos (...) Segundo sua natureza, elas podem ser frívolas, experimentais ou instrutivas”.
Esse esclarecimento ainda hoje nos é extremamente válido, embora decorridos 150 anos... Atualmente, os grupos espíritas se contam aos milhares, porém cada um é certamente único; muitos podem ter similaridades entre si, mas cada um terá peculiaridades relativas ao local onde se situa, à comunidade que atende, aos dirigentes que o coordenam, aos trabalhadores que dão andamento às suas atividades, às dificuldades que enfrentam, além das possibilidades financeiras de que dispõem – porque essa questão também existe no grupo espírita...
E em conformidade com o grupo, casa ou centro espírita, embora seus propósitos possam parecer os mesmos, suas características serão absolutamente, digamos, individuais, visto que, conforme ainda explicitado no mesmo capítulo, “uma reunião é um ser coletivo cujas qualidades e propriedades são a soma de todas as dos seus membros, formando uma espécie de feixe – ora, esse feixe será tanto mais forte quanto mais homogêneo”. Mas, lamentavelmente, o que precisamos considerar é que homogeneidade não significa necessariamente comunhão de bons pensamentos...
Em Obras Póstumas, Kardec ainda nos esclarece acerca das individualidades propriamente ditas e as individualidades coletivas, alertando-nos para o fato da nossa responsabilidade em ambas as situações. Assim, podemos facilmente compreender as três categorias de reuniões a que Kardec se refere ao analisarmos as casas espíritas que conhecemos, visto ser uma reunião o congraçamento de diversos indivíduos gerando um mesmo tipo de atitude coletiva com suas inerentes consequências.
Nosso mestre espírita começa falando sobre as reuniões de caráter frívolo, aquelas em que se busca o passatempo, o entretenimento, a satisfação da curiosidade, a apreciação do que se considera desconhecido, sobrenatural, sem outro objetivo mais sério, nem sequer a avaliação criteriosa e imparcial da questão.
Efetivamente, encontramos diversos centros espíritas que mais parecem clubes festivos para encontros de colegas e amigos, com comemorações diversas, conversas as mais variadas, nem sempre favoráveis aos companheiros e, muito menos, ao campo vibratório do centro. A ambiência amigável, cordial e sadiamente alegre não é em si mesma absolutamente negativa ou prejudicial; muito ao contrário, desde que sejam respeitadas as condições necessárias à manutenção da boa harmonia fluídico-espiritual entre encarnados e os desencarnados sempre presentes e em geral em maior quantidade...
As outras duas classificações, as experimentais ou as instrutivas, são praticamente autoexplicativas – as primeiras destinam-se particularmente à produção das manifestações físicas e também das inteligentes; e as segundas destinam-se ao estudo dos ensinamentos transmitidos pelos Espíritos e não compreendem apenas a parte moral, mas também a análise dos fatos da vida; contudo, necessário se faz, sempre, observar rigorosamente as “condições em que devem realizar-se, e a primeira de todas é a de manterem a seriedade em toda a acepção do termo. Outra exigência não menos necessária é a sua regularidade”.
Não é sem certa tristeza que se verifica frequentemente no meio espírita que o estudo, a persistência, a regularidade, o comprometimento com a doutrina e seus postulados não atraem uma boa parte de seus adeptos... Entretanto, como declarou nosso ilustre espírita Deolindo Amorim, “o estudo, o conhecimento e a reflexão são pontos de sustentação para todo espírita empenhado, conscientemente, em sua transformação moral para melhor”.
Portanto, já que todos sabemos que estamos justamente atravessando um período de transição, em que grandes transformações físicas e espirituais devem operar-se, nós, espíritas, conhecedores dessas leis de afinidade e sintonia e de causa e efeito, precisamos prestar ainda mais atenção às reuniões que estamos promovendo, de quais estamos participando e como estamos agindo e interagindo nelas – e não somente quanto às reuniões espíritas, mas em relação a todo tipo de reunião.