
Depois, apesar das dificuldades e dos obstáculos com que nos deparamos, a todo o instante, acreditamos que seremos felizes e que a felicidade nos espera em algum lugar e, num dado momento, tomaremos posse dela.
Por que, então, nos tornamos infelizes? O que faz a felicidade distanciar-se de nós, se a buscamos constantemente?
O insigne Allan Kardec, comentando a questão de número 933 de O Livro dos Espíritos, escreveu: “De ordinário, o homem só é infeliz pela importância que liga às coisas deste mundo. Fazem-lhe a infelicidade a vaidade, a ambição e a cobiça desiludidas. Se se colocar fora do círculo acanhado da vida material, se elevar seus pensamentos para o infinito, que é o seu destino, mesquinhas e pueris lhe parecerão às vicissitudes da Humanidade, como o são as tristezas da criança que se aflige pela perda de um brinquedo, que resumia a sua felicidade suprema. Aquele que só vê felicidade na satisfação do orgulho e dos apetites grosseiros é infeliz, desde que não os pode satisfazer, ao passo que aquele que nada pede ao supérfluo é feliz com o que os outros consideram calamidades”.
No livro Os Morfeus do Sonho, de minha autoria, escrevi que o medo e o desejo são os grandes vilões na nossa existência. Saber administrá-los é fundamental para a nossa felicidade. A nós compete a escolha.
Sucesso é ser, e não ter. Sucesso é saber escolher, administrando o medo e o desejo de forma que façamos aquilo que dita a nossa consciência e nos tornemos felizes, vivendo sempre o melhor possível, sabendo que em cada dia temos 86.400 segundos à nossa disposição, que representam oportunidades de milhares de escolhas.
A felicidade é responsável pelo sucesso. Não é o sucesso que traz a felicidade. Uma pessoa feliz, que procura ter atitudes positivas criando um bem-estar consigo mesma através do autoconhecimento e com o próximo, na vida de relação, na valorização de cada dia, tem todo o preparo para o sucesso.
Daniel Goleman, autor do livro Inteligência Emocional, psicólogo norte-americano de grande conceito pela proposta do QE (quociente emocional), confirma: “A felicidade é o estado emocional ideal para o trabalho eficiente”.
Estudiosos, como Martin Seligman, um dos fundadores do novo ramo da Psicologia, chamada de Psicologia Positiva, que em vez de centrarem seus estudos nos transtornos mentais, pesquisam, como alvo de prioridade, as emoções positivas, as motivações e as qualidades intrínsecas que levam as pessoas a ter mais felicidade, afirmam: “a felicidade pode ser alcançada com mudança de atitude. Para serem mais felizes, as pessoas precisam criar um ambiente de crescimento no qual se considerem úteis e sintam que estão aprendendo. Esse é um grande propulsor da felicidade”.
No mundo corporativo está comprovado que a felicidade dá lucro porque a pessoa feliz compra mais, vende mais, tem um desempenho muito melhor em qualquer atividade e se relaciona bem com os clientes, com os colegas e com o “staff” da empresa. Entretanto, “a felicidade está relacionada com um estado mental, e não com o saldo bancário”, afirma Tal Ben-Shahar, professor do Centro Interdisciplinar de Herzliya, em Israel, onde dá aulas sobre felicidade.
“O mundo está repleto de pessoas que, embora cheias de conquistas, se encontram vazias de felicidade. A pessoa mais feliz não é aquela que tem mais; é a que menos necessidade tem”, no dizer do Espírito Pai João, na psicografia de Robson Pinheiro.
E como ser feliz nesse mundo repleto de violência, orgulho, preconceito, vaidade, mentira, corrupção e outras tantas dificuldades que impedem a realização desse sonho? Albert Einstein, o grande gênio científico do século XX, disse: “Procure ser uma pessoa de valor em vez de procurar ser uma pessoa de sucesso. O sucesso é só consequência”.
Procurar ser uma pessoa de valor significa penetrar no universo do mundo interior e, por meio do autoconhecimento, melhorar a nossa conduta, com perseverança, usando o tempo, o patrimônio divino, distribuído com equidade, a todos, sem distinção.
Allan Kardec perguntou aos Espíritos Superiores, na questão 920, de O Livro dos Espíritos: “Pode o homem gozar de completa felicidade na Terra?”. Ao que as Entidades Sublimadas lhe responderam: – “Não, por isso que a vida lhe foi dada como prova ou expiação. Dele, porém, depende a suavização de seus males e o ser tão feliz quanto possível na Terra”. E na questão 922 continua perguntando: “Haverá, contudo, alguma soma de felicidade comum a todos os homens?”. Recebeu como resposta: – “Com relação à vida material, é a posse do necessário. Com relação à vida moral, a consciência tranquila e a fé no futuro”.
Jesus, o Divino Mestre, quando foi cercado pelos fariseus, que lhe perguntaram quando viria o reino de Deus, respondeu: – “Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro em vós“.
Dentro de nós, em nosso Eu Transcendental, encontra-se o reino de Deus, o reino da felicidade. Devemos treinar, diariamente, as virtudes que possuímos; olhar para as pessoas com os olhos cheios de amor, a fim de que o amor, que jaz em estado latente, possa se desenvolver; despertar com bom humor e procurar mantê-lo em nosso dia. Sorrir o máximo que pudermos; sair da ociosidade, tendo atividade constante, e perdoar incondicionalmente, como também pedir perdão quando errarmos, porque errar é inevitável em nosso estágio de vida. Não adianta buscar a felicidade em fontes externas, como bem expressou o poeta Vicente de Carvalho, nos tercetos do soneto Felicidade: “Essa felicidade que supomos, árvore milagrosa que sonhamos, toda arreada de dourados pomos, existe sim: mas nós não a alcançamos porque está sempre apenas onde a pomos e nunca a pomos onde nós estamos”.
Muita paz!