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Primeiro e segundo programas Espíritas irradiados do Rio de Janeiro – Atuação dos pioneiros João Pinto de Souza, Geraldo de Aquino e Leopoldo Machado – Aquisição da Rádio Rio de Janeiro – Outorga concedida há 40 anos para a FUNTARSO – Os Programas Espíritas mais antigos.

Primeiro programa espírita no Rio de Janeiro

Na quarta-feira, dia 19 de agosto de 1937, às 21 horas, o locutor, professor e jornalista Silveira da Rosa, por sinal ateu, anunciava aos céus do Brasil a irradiação inicial do Programa “Hora Espiritualista”. A emissora era a Rádio Sociedade Fluminense (PRE-6). Seu fundador e apresentador era o jornalista João Pinto de Souza. Estava assim sendo iniciado um abençoado programa de trabalho que haveria de vencer a barreira do tempo e as eventuais incompreensões humanas, materializando de maneira eloquente aquela estranha profecia de Jesus, quando o Divino Mestre vaticinava a seus discípulos pregarem, um dia, pelos telhados das casas, tudo aquilo que Ele, Jesus, anunciava ao pé de seus ouvidos.

Os primeiros colaboradores da hora espiritualista

No dia 09 de março de 1938, a “Hora Espiritualista” passou a ser irradiada por outra emissora, Rádio Transmissora do Rio (PRE-3), e nestes seus anos iniciais contou com a colaboração de diversos oradores, tais como: Carlos Imbassahy, João Carlos Moreira Guimarães, Henrique Andrade, Lamounier Foréis, Carlos d' Almeida, Argolo Nobre, Oswaldo Paixão, Cadmo de Moura Brandão, Manoel Araripe de Faria,  Leopoldo Machado, Aurino Barbosa Souto, J. B. Chagas, Henrique Magalhães, Humberto Alexandrino de Aquino, Telma Campos Ávila de Souza, Acelina Póvoas, Celene Valadares, Altiva Duarte Monteiro, Jurema Póvoa, Hilda de Freitas, Victorino Eloy dos Santos, Rocha Garcia, José Augusto Póvoa, Jarbas Ramos, Marília Barbosa, Luiz Autuori, Klors Werneck, Levindo Mello, Comandante João Torres, Brandão da Rocha, Deolindo Amorim, Lagrange Nascimento, Carmelita Brasil, João Magalhães, Jota Alves de Oliveira e outros.

Dentre os participantes da “Hora Espiritualista”, encontrava-se Geraldo de Aquino, apresentando a seção "Jesus em Cafarnaum". Pois bem: a 30 de junho de 1943, desencarna no Hospital Central do Exército o valoroso João Pinto de Souza. E foi exatamente sobre os ombros de Geraldo de Aquino que recaiu a responsabilidade de prosseguir a tarefa iniciada por Pinto de Souza, anos antes.

Após Geraldo de Aquino ter proferido comovente oração junto ao túmulo de João Pinto de Souza, o General Daniel Cristóvão sugere que, em homenagem ao jornalista desencarnado, o programa passasse a ser denominado "Hora Espiritualista João Pinto de Souza", proposta imediatamente aceita, de sorte que, já no domingo imediato, foi com este nome anunciado por Geraldo de Aquino através da Rádio Ipanema, para onde o programa havia sido transferido.

Segundo programa espírita no Rio de Janeiro

O segundo Programa Espírita no Rio de Janeiro foi “A Hora Espírita Radiofônica”, transmitida pela P.R.E.3 – Rádio Transmissora, nascido de uma feliz inspiração de seus organizadores. E teve logo a adesão de todos que, dentro do Espiritismo, têm a nítida compreensão de que a doutrina de dinamismo que é a 3ª Revelação requer trabalho para a sua maior e melhor difusão.

Organizada legalmente em sociedade, com personalidade jurídica, antes de sua primeira irradiação, a “Hora Espírita Radiofônica”, desta forma, pautou as suas realizações dentro das leis divinas e humanas. Sua primeira audição foi a 1º de junho de 1939, marcando o maior acontecimento para o Espiritismo naqueles tempos. Daí, as medidas que classes medicas e médicos isolados tomaram contra ela e o Espiritismo junto ao Governo, e as discussões que se derramaram pela imprensa do Brasil inteiro.

A direção do programa “A Hora Espírita Radiofônica” ficou sob a responsabilidade dos espiritistas: Prof. Leopoldo Machado, diretor geral; Luís Fernandes da Silva Quadros, vice-diretor; Francisco Virgílio da Rocha Garcia, diretor-tesoureiro; Victor Torquato de Souza, diretor-secretário. O vice-diretor teve, posteriormente, de deixá-la, sendo  substituído pelo confrade Agostinho Pereira de Souza.

A comissão Doutrinária, de vez que nenhum trabalho era irradiado sem ser previamente analisado, era composta dos seguintes espíritas: Dr. Guillon Ribeiro, Dr. J. C. Moreira Guimarães e Manoel Quintão. O consultor jurídico e, também, elemento de relevo na atuação de seus programas semanais, foi o Dr. Henrique Andrade.

Leopoldo Machado Inaugura hora espírita radiofônica

O lançamento do primeiro programa se deu no dia 1º de junho de 1939, com o locutor anunciando:

“Vamos dar início ao programa inaugural da “Hora Espírita Radiofônica”, de sua P.R.E.3. Ao microfone, o diretor da “Hora Espírita Radiofônica”, Prof. Leopoldo Machado, para o ato inaugural”. Neste instante, o Professor Leopoldo Machado profere a seguinte prece dirigida a Jesus:

“Jesus, recebe, mestre e senhor, a oblata desta Hora Espírita Radiofônica, inaugurada em teu nome, e para o serviço da propaganda de tua doutrina, de teus santos evangelhos interpretados em espírito e verdade.

Sabemo-la pequenina, é certo!

É, porém, bem igual ao ceitil da viúva posto no gazofiláceo do templo.

E tem, senhor e mestre, a força da sinceridade dos corações deste pugilo de discípulos teus, embora imperfeitos, mas que procuram, de algum modo, e a medida de suas forças, ser instrumentos de tua vontade para a glorificação da verdade.

E tu, que perscrutas consciências e corações, podes ler, mestre e senhor, o que se passa, nesta inauguração, nos corações e nas consciências dos que, em teu nome, e para serviço de tua doutrina de amor, sabedoria e bondade, vão levar a efeito a Hora Espírita Radiofônica da P.R.E.3.

Abençoa, pois, o nosso pequenino empreendimento!

E permite que em teu nome, possamos declará-la inaugurada”.

Peregrinação da hora espiritualista por várias emissoras

Como se sabe, desde o início da “Hora Espiritualista João Pinto de Souza”, o programa sempre lutou com grandes dificuldades para ser irradiado. É bom lembrar que os Espíritas sofriam ataques de três frentes distintas. De um lado, alguns católicos intransigentes à época declaravam ser o espírita nada mais do que bruxo, que praticava magia negra, merecendo então encarniçada perseguição. Doutra parte, a polícia de Vargas fechava as casas espíritas, tachando os seus adeptos de contraventores, devendo ser fichados em registros especiais na delegacia do bairro. E como se tudo isso não bastasse, médicos psiquiatras, argumentando com base na Psicanálise de Freud, pregavam ser o médium um psicopata, um louco, um doido varrido que deveria ser trancafiado sem demora no hospício!

Diante deste contexto, não causam admiração as dificuldades com que o programa lutava para ir regularmente ao ar através de emissoras cariocas. Mesmo porque, o final das hostilidades da II Guerra Mundial fez com que muitas rádios fossem repentinamente silenciadas.

Assim é que, no final de 1943, O Programa “Hora Espiritualista João Pinto de Souza” voltou á Rádio Sociedade Fluminense. No ano seguinte, transferiu-se para a Rádio Clube Fluminense (PRD-2). Fechada então em 1945, Geraldo de Aquino, infatigável batalhador do bem, consegue fixar-se na Rádio Clube do Brasil (PRA-3).

O programa da Ave-Maria

Exatamente a 1º de novembro de 1948, Geraldo de Aquino criou o programa “Meditação e Evocação da Ave Maria”, de transmissão diária, a partir das 17 horas e 55 minutos, através da qual não só levou conforto a muitos sofredores da alma (seus companheiros de todas as tardes) mas também reuniu condições para a criação, em 6 de janeiro de 1950, do então Departamento de Assistência Social Paulo de Tarso, hoje Assistência Cristã-Espírita Paulo de Tarso, que ao longo do tempo tem levado ajuda material a um enorme contingente de irmãos necessitados, tanto do Rio de Janeiro como de outras cidades fluminenses e mesmo da chamada Zona da Mata, de Minas Gerais.

Além do programa das 6 da tarde, Geraldo criou e apresentou pela Rádio Clube do Brasil aos domingos, à noite, o programa “Bezerra de Menezes”, a partir de 1º de agosto de 1954; e o programa “Luz na Penumbra”, que começou em 19 de novembro do mesmo ano, com a apresentação de músicas clássicas e números de piano, declamação, bel-canto e apresentação de páginas em  Esperanto.

Grandes momentos do programa

Através do Programa “Hora Espiritualista João Pinto de Souza”, foi anunciada a assinatura, em 05 de outubro de 1949, do Acordo de Unificação do Movimento Espírita Brasileiro, denominado de Pacto Áureo, entre a Federação Espírita Brasileira e a Liga Espírita do Brasil; e em 13 de novembro desse mesmo ano, foi cantado por todos os presentes, e pela primeira vez gravado, o hino “Canção da Alegria Cristã”, com letra de Leopoldo Machado e música de Oli de Castro.

Através desse programa, em janeiro de 1951, foi lançada a campanha para a aquisição de uma emissora para os espíritas do Brasil, ideal que já era de João Pinto de Souza, e levado adiante por Geraldo de Aquino, que, para tanto, visitou diversos Centros Espíritas, não só da então Capital Federal, como também de várias cidades do antigo Estado do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e até de São Paulo.

Rádio clube do Brasil

Durante longos anos, a Rádio Clube do Brasil funcionou no 3º andar do Edifício Cineac-Trianon, na Av. Rio Branco, 181. Nela, Geraldo de Aquino criou e dirigiu com eficiência e carinho diversos programas, espíritas ou não. Por exemplo: de 08 de novembro de 1947 até 1952, esteve a frente do microfone com o programa “Inspiração”, apresentando tangos. De 07 de janeiro de 1948 até 1953, produziu e transmitiu o programa “Encantamento”, com apresentação de músicas selecionadas. Diversas obras Espíritas foram radiofonizadas sob a forma de rádio-teatro.

Em 1953, a Rádio Clube do Brasil entrou em falência; Getúlio Vargas cassa-lhe o canal e a emissora sai do ar, de modo que o programa “Hora Espiritualista João Pinto de Souza” foi obrigado a peregrinar por várias emissoras do Rio de Janeiro, como as rádios Tamoio e Mauá, enquanto Geraldo, ao lado de outros radialistas, como Orlando Forin e Salim Mansur, solicitava uma audiência ao Presidente Vargas pedindo a reabertura da PRA-3. Getúlio de fato concedeu o canal aos funcionários e a emissora voltou a funcionar com o nome de Rádio Mundial, como integrante na época das Organizações Victor Costa.

Porém, ocorreu que, no mês de setembro de 1961, surgiu um empecilho na tarefa de Geraldo à frente da Rádio Mundial. E Geraldo de Aquino se vê constrangido a deixar aquela emissora que ele, com o sacrificial apoio da família espírita, ajudara também a reconstruir. Por gentileza do médico Dr. Luiz George de Oliveira Bello, a programação Espírita se transfere para a Rádio Copacabana e o Programa da “Ave-Maria” passa a ser também retransmitido pela Rádio Rio de Janeiro. Isto porque estas emissoras eram de propriedade do mencionado facultativo.

Aquisição da Rádio Rio de Janeiro

Apesar dos reveses, ao longo dos anos, o ideal para a existência de uma emissora voltada para a divulgação do Espiritismo prosseguia incessante. Foi então que, em 19 de dezembro de 1970, Geraldo de Aquino reuniu a família espírita na Assistência Cristã-Espírita Paulo de Tarso (Rua César Zama, 19 – Lins de Vasconcelos), superlotando assim o Auditório Simão Pedro, para que juntos os espíritas estudassem a proposta do Dr. Luiz George de Oliveira Bello, que o procurava insistentemente para vender-lhe a Rádio Rio de Janeiro. Com a aprovação unânime de mais de 1.500 pessoas reunidas, teve início assim a criação da campanha para a aquisição da emissora dos Espíritas.

A 05 de fevereiro do ano imediato (1971), foi constituída a Fundação Cristã-Espírita Cultural Paulo de Tarso (FUNTARSO), constando de seus estatutos a existência de um Conselho Supremo de 80 membros e de uma diretoria, que não receberia nenhum centavo sequer por seus serviços prestados à Fundação, sendo a mesma desde então responsável pela compra da Rádio Rio de Janeiro. Bem entendido, a emissora não seria propriedade de uma só pessoa, mas de todos os Espíritas do Brasil. No dia 18 do mesmo mês, a Procuradoria Geral da Justiça do Estado da Guanabara aprovou tais estatutos, homologando o parecer favorável da Curadoria de Resíduos, sendo que em 31 de março de 1971 os mesmos estatutos já estavam devidamente registrados no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas.

Outorga do canal para a FUNTARSO há 40 anos

A aquisição da emissora deu-se a 02 de agosto de 1971, e o decreto federal da outorga do canal da Rádio Rio de Janeiro para a Fundação foi assinado em 30 de outubro do mesmo ano. Na época, a Rádio Rio de Janeiro tinha os seus estúdios na Avenida Rio Branco, 277 – 18º andar, no centro da cidade, e os seus escritórios na Rua César Zama, 37, no bairro do Lins de Vasconcelos.

Ficou assim constituída a primeira diretoria da Fundação Cristã-Espírita Cultural Paulo de Tarso: Presidente – Geraldo de Aquino; Vice-Presidente – General Milton O'Relly de Souza; Secretários – Agadyr Teixeira Torres e Dr. Jobel Rodrigues de Mattos; Tesoureiros – Falck Leschourle dos Santos, Coronel Fernando Carvalho da Silva e Dr. Augusto Marques de Carvalho; Procurador – Dr. Lauro Salles; e Diretor Social – Luiz Alberto Martins.

Os programas espíritas mais antigos

Sem dúvida nenhuma, um dos programas Espíritas mais antigos do Brasil é o “Programa João Pinto de Souza” (antigo “Hora Espiritualista João Pinto de Souza”), criado em 19 de agosto de 1937 e que é levado ao ar até hoje pela Rádio Rio de Janeiro, todos os domingos, das 09 às 12 horas, o qual, neste ano, completou 74 anos de existência. Também o programa “Luz na Penumbra”, criado em 19 de novembro de 1954, completa neste mês de novembro de 2011 57 anos de existência. Ele vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 21 às 22 horas, também pela Rádio Rio de Janeiro, no qual são comentadas todas as obras publicadas por Allan Kardec, inclusive a Revista Espírita de Kardec (1858 – 1869).

Fontes pesquisadas:

1 – Documento da Assistência Cristã-Espírita Paulo de Tarso sobre a criação da HORA ESPIRITUALISTA JOÃO PINTO DE SOUZA;

2 – Publicação mensal dos Fascículos das matérias irradiadas do Programa HORA ESPÍRITA RADIOFÔNICA – nº 1 – junho de 1939, pela Secretaria do programa, com sede na Avenida Passos, nº 30 – Rio de Janeiro.

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