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Artigo do Jornal: Jornal Maio 2019

Sobre o autor

Djalma Santos

Djalma Santos

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Jesus havia sido sentenciado à morte na cruz, pelos romanos, a pedido dos sacerdotes da religião judaica, que, em síntese, dominavam as Leis de Moisés e o próprio povo, e se arvoravam de tutores e responsáveis pela aplicação das penas aos infratores, que, se arriscassem em desobedecer esses mandatários, perversos, cruéis e acoitados pelo próprio Rei dos Judeus, também ajudados por Poncio Pilatos, governador indicado por César, para fiscalizar os territórios ocupado por Roma.

       Jerusalém fervilhava de emoções, e o assunto reinante era a morte de Jesus, comentada por centenas de pessoas, gente de toda a parte, que se aglomerava pelas ruas, hotéis, pequenas pousadas, e até ao ar livre nos campos, na expectativa de entender o porquê da morte de um homem, que não era um criminoso, nada havia feito que desabonasse sua conduta, ao contrário, só pregava o bem das pessoas, amoroso e fraterno, e no entanto, fora cruelmente assassinado, de uma forma covarde, brutal e chocante, num madeiro infamante, junto com dois ladrões confessos.

       Os sacerdotes do templo, principais algozes de Jesus e autoridades de Jerusalém, estavam preocupadas com aquele grande número de pessoas numa cidade pequena, muitos a favor da execução do Cristo, e muitos contra, ao mesmo tempo que a perseguição aos adeptos de Jesus aumentava e os discípulos haviam se dispersados, indo cada um para destino diferente, afim de dificultar a prisão deles, e aguardando que alguma coisa acontecesse para minimizar aquela situação constrangedora por que passavam.

       Para demonstrar que eram democráticos e haviam agido certo ao sentenciar Jesus, os Sacerdotes do Templo resolveram construir um palanque numa praça no centro da cidade, para que as pessoas pudessem falar a respeito da crucificação, a favor e contra, e para não ficar em desvantagem, já que o número de adeptos do Cristo crescia assustadoramente, contrataram pessoas de má índole, para discursar contra Jesus, colocando pechas em seu comportamento enquanto vivia, o que fez que a maior parte das pessoas começaram a falar mal de Jesus e de seus discípulos.

       Em dado momento, assumiu a tribuna um jovem de nome Estevão, até então desconhecido de todos, e iniciou seu discurso de uma forma normal, até que, depois de alguns minutos, ele se imanta a uma entidade do alto e passa a falar sobre a história do povo judeu. Fala de Abraão, que iniciou o monoteísmo, de Isaac, de Jacó e seus 12 filhos, que formariam as tribos de Israel; da ida de José para o Egito, vendido pelos próprios irmãos, fala da mediunidade de José e dos sonhos de Faraó, esclarecidos pelo médium, e se tornando governador do Egito. Esclarece a ida de Jacó e dos filhos para o Egito, por ordem de José, onde se instalaram e formaram um grande povo.

       O povo estava em delírio com a explanação do jovem Estevão, irritando os Sacerdotes, que deram ordem para que Saulo, um jovem da cidade de Tarso e auxiliar direto dos religiosos, intervisse de imediato, contratando sicários para vaiar Estevão e apedrejá-lo em público, para que servisse de lição par novos aventureiros, que se arriscassem a defender Jesus. Iniciou-se então um grande tumulto, com Estevão sendo vaiado e apedrejado ao mesmo tempo, vindo a falecer em pouco espaço de tempo.

       Cumprida a difamante missão, Saulo procurou os sacerdotes, que o elogiaram e lhe deram nova missão: agora ele teria de dirigir-se à cidade de Damasco, vizinha a Jerusalém, e ali prender Ananias, um senhor já de idade avançada, amigo e seguidor de Jesus, como também todos que estivessem em sua casa, pois certamente seriam seguidores do mestre nazareno. Para isso, foram lhe dadas as condições de representante do Templo, com ordens expressas para as autoridades de Damasco, para que ajudassem Saulo a cumprir a sinistra empreitada.

       Comandando a expedição com vários soldados, todos a cavalo e bem armados, Saulo partiu para a cidade de Damasco, tendo de atravessar um pequeno deserto que dividia as duas cidades. Já no meio deserto Saulo e sua comitiva ouvem um estrondo, e um forte clarão invadiu Saulo e sua tropa, dispersando os animais e suas montarias, ficando apenas Saulo completamente cego e seu ajudante de armas. Quase inconsciente, Saulo ouve uma voz de trovão que o chamava: “Saulo, Saulo, por que me persegues? Duro será para ti suportar os aguilhões!  Saulo pergunta: Quem és? Sou Jesus de Nazaré a quem persegues. Saulo então ajoelha na areia escaldante do deserto e faz uma pergunta histórica para a humanidade terrestre: Senhor Jesus, que queres que eu faça? Vá até a cidade de Damasco, e ali se hospeda aguardando novas ordens que vou ditar para você.

       Naquela noite, Jesus aparece em sonhos para Ananias e lhe diz: Vá até a Rua chamada direita, e devolve a visão para um jovem de nome Saulo que ali está hospedado. Ananias pergunta ao Mestre: Mas, Senhor, esse não é o Saulo de Tarso, perseguidor dos adeptos do Senhor? Sim, disse Jesus, mas é também um vaso escolhido, para levar meu Evangelho para todos os povos. Ananias vai até onde Saulo está hospedado e lhe diz: Eu vim em nome de Jesus para que veja; e impondo as mãos sobre os olhos de Saulo ele tronou a ver. Ananias conversa com o novo convertido, e lhe dá de presente pergaminhos com anotações sobre as palavras e parábolas do Cristo, anotações que, anos mais tarde, Paulo entrega a Lucas seu discípulo que veio a escrever um dos Evangelhos, e Lucas repassa a Barnabé, discípulo de Lucas, que passou a seu filho Marcos que também é autor de um dos Evangelhos de Jesus, ficando claro que nos Evangelhos de Lucas e de Marcos está, sem dúvida nenhuma, o pensamento de Paulo.

       As autoridades da cidade de Damasco, sabendo da conversão de Saulo e temendo represália por parte dos sacerdotes, expulsam Saulo da cidade, que resolve votar a Jerusalém, mas antes dar uma passadinha na casa dos seus pais para contar a novidade, mas é relegado pelo próprio pai, que também temia os Sacerdotes, sendo acolhido apenas pela empregada da casa, que lhe deu algum mantimento para a viagem.

Chegando a Jerusalém, procurou os Apóstolos, que também lhe receberam mal, pois não acreditaram na sua conversão ao cristianismo, e somente Pedro conversou com ele, aconselhando-o a procurar Gamaliel, seu antigo professor e Doutor da Lei, que havia se aposentado e estava em casa. Saulo foi bem recebido pelo antigo jurista, que o aconselhou a sair da cidade, e ir para um local distante, para meditar e aprender a doutrina de Jesus, contida nos pergaminhos que ganhara de Ananias. Disse ainda, que tinha uma casa no meio do deserto, onde moravam dois refugiados discípulos do Cristo, Aquila e Prisca. O velho jurista o aconselhou ainda, a mudar de nome, de Saulo para Paulo, e permanecer com cabelos e barba longos, para não ser identificado pelos moradores, como o antigo algoz dos cristãos.

       De posse de uma carta, que o apresentava aos dois moradores do deserto, o agora Paulo seguiu para o deserto, onde foi recebido com festa pelos dois cristãos, sendo informado que ali passavam caravanas de nômades, vendendo mercadorias e comprando artefatos de couro, que era a especialidade de Paulo, e lhe foi de grande utilidade para manter sua subsistência no deserto.

De dia trabalhava no artesanato e, à noite, à luz de vela, estudava fervorosamente o Evangelho de Jesus. Durante três anos consecutivos, trabalhava, estudava e orava a Jesus para que lhe indicasse o caminho a seguir, quando recebeu em sonhos a ordem para voltar a Jerusalém.

       Paulo volta a Jerusalém e procura novamente os Apóstolos que até o receberam bem, mas lhe disseram que estavam em paz com as autoridades, e sua presença só iria tumultuar o ambiente. Como ele tinha consigo as ideias de Jesus nos pergaminhos, o ideal seria que ele fosse para as cidades vizinhas pregar a doutrina de Jesus e depois voltasse a Jerusalém, quando tudo estaria calmo, pois a ordem de sua prisão ainda estava de pé.

Pedro, que já acreditava em sua conversão, chorou quando ele partiu, identificando em Paulo um missionário eleito pelo Cristo, enquanto Tiago ainda permanecia em dúvida. Paulo sai de Jerusalém e percorre várias cidades, doutrinando os colossenses, tessalonicenses, gálatas, corintos e outras cidades, assim como pequenas vilas e aldeias, deixando sua marca e formando grupos evangélicos, que pudessem continuar com as pregações das ideias de Jesus.

       Depois de alguns anos, volta a Jerusalém e é preso, porque sua fama de seguidor ferrenho de Jesus se espalhara e os Sacerdotes do Templo tinham medo de que provocasse uma rebelião, tal a sua força mental e intelectual. Paulo era formado e tinha duas cidadanias, uma romana e outra judaica, além de conhecer a Lei de Moisés como ninguém, o que o colocaria em evidência acima das autoridades romanas e de Jerusalém.

Ao ser preso, invocou a lei romana, que lhe dava o direito de ser julgado em Roma, pelo próprio César, e por isso foi enviado para cidade de Roma, em um navio que naufragou e foi parar numa Ilha habitada por primitivos, que adoravam a cobra “naja”, venenosa e responsável por muitas mortes na ilha. À beira de uma fogueira acesa por nativos, Paulo foi picado pela cobra e os nativos disseram que ele morreria dentro de minutos, mas como não aconteceu, passaram a adorá-lo como se fosse um Deus.

       Chegando a Roma, Paulo foi instalado numa choupana rústica, guardada por dois soldados, e não poderia falar com ninguém, só receber mensagens escritas que poderia devolver.

Durante os dois anos de reclusão, Paulo recebeu bilhetes e escreveu bilhetes, através dos guardas, e ninguém poderia imaginar que os bilhetinhos simples que dava aos seus discípulos iriam se transformar nas “Cartas de Paulo”, uma das maiores verdades sobre Jesus de todos os tempos.

Uma semana antes de sua morte, recebe a visita dos Apóstolos e os guardas os deixam entrar e encontram um Paulo envelhecido, macilento e fraco, mas com um olhar brilhante no infinito, e começam a chorar. Paulo então se levanta e diz: “Não chorem por que estou bem. Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé, não sou eu mais quem vive, mas é o Cristo que vive dentro de mim”.

       Temos agora alguns trechos de suas Cartas:

“Aquele que segue Jesus de perto, nova criatura é. Tudo posso naquele que me fortalece, Jesus. Busque com zelo e carinho os melhores dons, e Deus vos mostrará coisas mais excelentes. O bem que eu quero não faço, mas o mal que não quero esse eu faço, porque não é o mal que está em mim, e sim o pecado que ainda vive em mim. Porque tudo que o homem semear, isso ele colherá. Na morte semeia-se corpo material e colhe-se corpo espiritual. O corpo espiritual é o corpo da ressurreição. Existem corpos celestes e corpos terrestres. Lute, trabalhe, com fé, coragem e determinação, com as coisas que você pode ver; afim de que depois de muito tempo, você consiga entesourar, no fundo do seu coração, aquilo que você ainda não consegue ver.”

 

Referências:

Paulo, o Predestinado, José Duarte de Castro.

As Marcas do Cristo. Hermínio C. Miranda        

A Bíblia Sagrada. Atos dos apóstolos e As Cartas de Paulo.

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