Dentro da primeira e principal obra espírita, O Livro dos Espíritos, podemos deduzir que a vida, em qualquer nível em que ela se dê, guarda relacionamento direto e inseparável do Fluido Vital. Senão vejamos:
Comentando a questão de número 70 dessa obra, assim se expressou Allan Kardec:
“Os órgãos se impregnam, por assim dizer, desse fluido vital e esse fluido dá a todas as partes do organismo uma atividade que as põe em comunicação entre si, nos casos de certas lesões, e normaliza as funções momentaneamente perturbadas. Mas, quando os elementos essenciais ao funcionamento dos órgãos estão destruídos, ou muito profundamente alterados, o fluido vital se torna impotente para lhes transmitir o movimento da vida, e o ser morre”. (grifei)
Um pouco mais adiante, na mesma questão, ele adiciona:
“A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-se insuficiente para a conservação da vida, se não for renovada pela absorção e assimilação das substâncias que o contêm. - O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tiver em maior porção pode dá-lo a um que o tenha de menos e em certos casos prolongar a vida prestes a extinguir-se”. (grifei)
Na questão 424, entretanto, já não se trata de uma teoria ou hipótese de Allan Kardec, mas sim de uma confirmação dos próprios Espíritos que lhes responderam a questão:
“Por meio de cuidados dispensados a tempo, podem reatar-se laços prestes a se desfazerem e restituir-se à vida um ser que definitivamente morreria se não fosse socorrido?”
Ao que os Espíritos responderam:
“Sem dúvida e todos os dias tendes a prova disso. O magnetismo, em tais casos, constitui, muitas vezes, poderoso meio de ação, porque restitui ao corpo o fluido vital que lhe falta para manter o funcionamento dos órgãos”. (grifei)
Este ponto é crucial: não apenas o fluido vital é intrínseco ao organismo vivo, como ainda pode ser transmitido de um ser a outro.
E isto parece extremamente óbvio, até que começam a surgir teorias estranhas dizendo que Allan Kardec mudou de ideia a respeito desse elemento, sem, contudo, ser apresentado quando e onde ele registrou essa mudança de opinião, bem como de que maneira os Espíritos teriam igualmente descoberto que estavam equivocados.
Mas sejamos racionais: existe a possibilidade de Allan Kardec ter mudado de ideia? Pensemos que sim. Então a primeira coisa que ele – e os Espíritos – deveriam ter feito seria apresentar que nova teoria ou uma forte evidência que retiraria integralmente a possibilidade de se transmitir um fluido vital a outro ser. Em seguida dizer como tal se daria, porque a mais nova argumentação existente é um tanto quanto destituída de lógica, a não ser que uma “osmose fluídica” prevalecesse inclusive sobre o bom senso.
Cito um exemplo: está sendo dito que quando um magnetizador ou passista se aproxima de uma pessoa doente e aquele, com seu corpo sadio, tem vontade de que o outro fique bem, o paciente, em sua “natureza”, assimila aquela “vontade” e se restabelece, pois o “doador do passe” está bem. Imaginemos agora a seguinte configuração. O mesmo paciente está portador de uma virose qualquer, enquanto o magnetizador traz em si um câncer, do qual ele desconhece ser portador; seria de se deduzir, então, que osmoticamente esse mal seria “assimilado” pelo enfermo virótico, e vice-versa. Claro que isso não ocorre, logo a teoria não resiste a uma simples comparação, contudo ela é trazida com o peso de um analista que se defende como grande conhecedor de Mesmer – e aí surge uma problemática ainda maior: na lógica do dito conhecedor, o próprio Mesmer teria desconsiderado a teoria do fluido vital, o que diria ser Allan Kardec um estudante relapso, já que ele surgiu como seu seguidor.
Como é de se lamentar coisas do tipo ocorrendo no movimento espírita, especialmente quando quer desconsiderar algo irrefutável!!! Por um lado se questiona o que seria “livre pensar”, com isso querendo inferir que Allan Kardec era materialista; por outro se sugere que se retire o termo Magnetismo de todas as obras de Kardec, sem indicar como fazê-lo sem desnaturar completamente a obra; depois se aponta o Magnetismo como uma ciência que nunca decolou e, por fim, mesmo contrariando Allan Kardec e Espíritos como André Luiz, Bezerra de Menezes e tantos outros, surge agora o mais bizarro: é simples: Allan Kardec mudou de ideia. Só que mudou e não disse nem o porquê nem o que colocou no lugar. No mínimo, muito estranho se fosse verdade.
Não sei até aonde isso vai, mas eu continuo e continuarei com Allan Kardec. Para mim é vital saber e comprovar na prática, e não só na teoria, que o fluido vital existe, a despeito de tanta teoria solta e insustentável.
Diferentemente do que se quer pregar agora, sinto nos Espíritos da codificação uma percepção muito lúcida. E aqui está: Livro dos Espíritos, questão 427. “De que natureza é o agente que se chama fluido magnético? - “Fluido vital, eletricidade animalizada, que são modificações do fluido universal”.
Portanto; escolho mesmo seguir com Kardec. E você?