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Artigo do Jornal: Jornal Julho 2018

Sobre o autor

Cláudio Conti

Cláudio Conti

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Por “acervo do espírito” devemos entender as suas conquistas morais e intelectuais ao longo da sua caminhada evolutiva. Ambos os “tipos” de conquistas estão intimamente ligados, pois, o avanço moral é decorrente do avanço intelectual, no sentido de que o segundo fornece material para o primeiro, viabilizando o entendimento de questões necessárias ao espírito, tal como o próprio significado da sua existência [1].

Em termos de duração de existência, não temos informação disponível e nem os meios para considerar algum tipo de idade para os espíritos que compartilham o espaço que é denominado de Terra, pois, o tempo, tal como o conhecemos e conduzimos todas as considerações numa sequência de eventos, não pode ser aplicado ao espírito. O tempo, assim como o espaço e a matéria, está relacionado com o universo conhecido, neste em que se movimentam os planetas e estrelas que vislumbramos quando olhamos para o céu.

Como tanto Deus quanto os espíritos não estão sob a influência do tempo, elaborar uma avaliação temporal seria um grande equívoco. Contudo, pode-se avaliar a caminhada do espírito, não em termos do tempo, mas da condição moral que tenha alcançado.

O nível moral de um espírito não necessariamente está relacionado com a quantidade de experiências que tenha vivenciado, mas com o quanto foi utilizado para a sua evolução. Em outras palavras, a caminhada evolutiva não está relacionada com o tempo, mas com o aproveitamento daquilo que vivencia, possibilitando o discernimento entre o bem e o mal. Quanto a isso, os espíritos responsáveis pela Codificação Kardequiana dizem que o progresso intelectual propicia o progresso moral por fazer “compreensíveis o bem e o mal”, complementam que “o homem, desde então, pode escolher” e que “o desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos” [2].

Há, nesta colocação, um alerta muito importante com relação a responsabilidade dos atos e a ampliação do livre-arbítrio, em decorrência da inteligência mais desenvolvida.

Dentre os diferentes tipos de mundos (primitivo, expiações e provas, regeneração, ditoso e celeste), “a Terra pertence à categoria dos mundos de expiações e provas, razão por que aí vive o homem a braços com tantas misérias” [3].

Assim, é em um mundo de expiações e provas o local onde as consequências dos atos se fazem mais prementes e mais facilmente observáveis, visando a transformação do espírito que se mantém em fuga constante de suas responsabilidades. A expiação está atrelada ao entendimento, contudo, para muitos, é um processo demorado.

Nesta categoria de mundo, de expiações e provas, o mal predomina nos espíritos [3] e, consequentemente, há necessidade de cerceamento do livre-arbítrio, mesmo que seja para evitar maior comprometimento com as Leis Divinas.

Neste contexto, no qual o espírito já alcançou um significativo acervo intelectual e que não faz o uso adequado para o aprimoramento moral, há necessidade de restrições ao livre-arbítrio, o que pode ser realizado pelo cerceamento do próprio acervo intelectual, limitando suas ações.

A manifestação do espírito no mundo ocorre através da encarnação em corpos materiais, portanto, este último poderá servir como um limitador. A limitação será mais ou menos intensa em decorrência das necessidades de aprendizado do espírito. Como o aprendizado está relacionado com as experiências que vivenciará, o corpo físico, através dos órgãos, deverá ser adequado para a finalidade.

Nesta situação, entra em ação a hereditariedade. Consideramos ser de fundamental importância a estruturação, na reencarnação, de um corpo com as características necessárias para que o espírito possa cumprir sua jornada de aprendizado de forma efetiva, dispondo do ferramental necessário. Assim, será preciso buscar a componente genética adequada para os compromissos assumidos, sejam eles de larga atuação na sociedade ou recluso em decorrência de enfermidades ou necessidades especiais [4].

A estruturação do ferramental que o espírito utilizará durante a encarnação deverá estar em conformidade com as suas necessidades de aprendizado, limitando, muitas vezes, a capacidade intelectual para que possa vivenciar a experiência na mensuração devida, além de, é claro, dificultar comportamentos decorrentes de um conhecimento superior ao que lhe estaria disponível. Em outras palavras, os órgãos físicos impõem limitações ao acervo do espírito.

Contudo, o conhecimento não se apaga, permanece como uma conquista do espírito e, por isso, pode transparecer de uma forma ou de outra, são as ideias inatas [5].

Os espíritos dizem que “os conhecimentos adquiridos em cada existência não mais se perdem. Liberto da matéria, o espírito sempre os têm presentes. Durante a encarnação, esquece-os em parte, momentaneamente; porém, a intuição que deles conserva lhe auxilia o progresso. Se não fosse assim, teria que recomeçar constantemente. Em cada nova existência, o ponto de partida, para o espírito, é o em que, na existência precedente, ele ficou” [6].

Notas bibliográficas:

1. Allan Kardec; O Livro dos Espíritos, questão 780.

2. Idem; questão 780a.

3. ___; O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. III.

4. Claudio C. Conti; Hereditariedade, Jornal Correio Espírita, edição de junho de 2018.

5. Allan Kardec; O Livro dos Espíritos, questão 218.

6. Idem; questão 218a.

 

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