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Artigo do Jornal: Jornal Dezembro 2017

Sobre o autor

Cláudio Conti

Cláudio Conti

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       Para fins de aprimorar o entendimento das questões de manifestação do espírito em planos materiais, pode-se considerar dois constituintes principais que gerenciam, por assim dizer, as condições, isto é, como e quando da sua manifestação em regiões de matéria mais densa. Assim, em uma apresentação didática, o espírito Criado seria uma estrutura em si mesmo, isto é, Deus, em seu processo Criador, cria estruturas que possuem, intrinsecamente, a capacidade de exercer funções. Dentre estas funções se encontra a formação e gerenciamento de uma estrutura psíquica, ou mente, responsável pelo armazenamento e gerenciamento da informação que estará disponível para o espírito processar e, com isso, direcionar sua existência, seja em acordo com a finalidade da Criação ou não, conforme o uso que faz de seu livre-arbítrio.

       Desta forma, todos os espíritos são iguais enquanto estrutura, porém diferem enquanto conteúdos da mente e a forma como são processados. O processo evolutivo consistindo de aprimoramento do espírito seria, portanto, a aquisição de informação pertinente com a finalidade da Criação combinado com o justo processamento.

       A este respeito, importa ressaltar as palavras de Paulo [1]: “Quem é, com efeito, o culpado? É aquele que, por um desvio, por um falso movimento da alma, se afasta do objetivo da criação…”. Desta forma, pode-se estabelecer uma forte correlação entre todos os habitantes do planeta no sentido de haver cometido um “falso movimento” que conduziu todos para o mesmo local, isto é, a Terra. As faltas cometidas por todos podem não ser iguais, mas certamente, são equivalentes, sendo todos “culpados” na mesma extensão.

       Observando os habitantes do planeta é facilmente percebido a grande diversidade no comportamento, nas suas crenças e valores, sendo possível, até certo ponto, creditar a diferenças no nível evolutivo. Todavia, variados são os fatores que influenciam tanto no comportamento quanto nas crenças e nos valores de um determinado espírito, pois, todos na condição de expiações e provas são muito influenciáveis pelo meio, principalmente na infância, inviabilizando, desta forma, avaliações precisas sobre o nível evolutivo de um indivíduo ou de um grupo, seja este pequeno ou grande.

       Em teoria, portanto, pode-se estabelecer uma faixa de nível evolutivo que seja compatível com uma determinada morada ou mundo.

       Considerando que o espírito enquanto estrutura e a condição mental que tenha alcançado não degeneram, por ser o primeiro uma Criação de Deus e o segundo decorrente do esforço e aprendizado próprios. Contudo, sua expressão no mundo material, no sentido de oportunidade de aprendizado, será sempre compatível com esta aquisição. Desta forma, quando em um mundo que não mais fornece material para o aprendizado, seja porque o mundo se elevou ou o próprio espírito que ultrapassou as oportunidades disponíveis, este irá para locais que propiciam as oportunidades que necessita.

       Pode-se, portanto, compreender a seguinte questão colocada por Kardec e a resposta fornecida pelos espíritos responsáveis pela Codificação [2]: Mas, não pode dar-se também por expiação? Não pode Deus degredar para mundos inferiores Espíritos rebeldes? – “Os Espíritos podem conservar-se estacionários, mas não retrogradam. Em caso de estacionamento, a punição deles consiste em não avançarem, em recomeçarem, no meio conveniente à sua natureza, as existências mal empregadas”.                        

       A partida do espírito de um mundo para outro é decorrente das necessidades inerentes às suas escolhas, em como usa o livre-arbítrio. Isso fica bem claro na seguinte colocação dos espíritos responsáveis pela CodifIcação e apresentado a seguir [3]: Tornar a viver na Terra constitui uma necessidade? – “Não; mas, se não progredistes, podereis ir para outro mundo que não valha mais do que a Terra e que talvez até seja pior do que ela”.

       Em uma análise superficial da possibilidade encarnar em mundos ainda inferiores à Terra, tem-se a impressão de arbitrariedade, severidade e tragédia. Contudo, a grande maioria dos espíritos encarnados no planeta utiliza os momentos de liberdade do corpo, decorrentes do sono natural, para ir a locais bem mais rudimentares em termos morais. Esta assertiva é muito clara na seguinte colocação apresentada em O Livro dos Espíritos [4]: “… esses vão, enquanto dormem, ou a mundos inferiores à Terra, onde os chamam velhas afeições, ou em busca de gozos quiçá mais baixos do que os em que aqui tanto se deleitam. Vão beber doutrinas ainda mais vis, mais ignóbeis, mais funestas do que as que professam entre vós”.

       As condições de expiações e provas, por exemplo, estão relacionadas com uma determinada faixa e, pelo que pode ser visto, não é uma faixa muito ampla. Um espírito, sem retrogradar e, portanto, sem ir para mundos inferiores ao que se encontra, poderá, contudo, ir para mundos condizentes com a mesma faixa, cujo limite superior estaria compatível com o limite inferior da faixa do local onde se encontra, traduzindo em existências mais difíceis e mais árduas.

 

Notas bibliográficas:

[1] Allan Kardec; O Livro dos Espíritos, questão 1009.

[2] Idem; questão 178a.

[3] Idem; questão 174

[4] Idem; questão 402.

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