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Artigo do Jornal: Jornal Julho 2017

Sobre o autor

Cláudio Conti

Cláudio Conti

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       No artigo publicado no jornal Correio Espírita de maio de 20171, falamos a respeito do laço de união entre a alma e o corpo, mais especificamente, entre o perispírito e o corpo. Neste artigo, apresentamos a ideia desta união ser estabelecida através da troca de partículas virtuais, isto é, partículas sem massa responsáveis pela ação das forças, tal como a gravidade, dentre outras. O desenvolvimento desse conceito tem origem no Modelo Padrão da Física2.

       Cabe-nos, aqui, discutir sobre o processo de geração/formação dessas partículas virtuais, que denominamos de “lácitons”1, relacionando-as com o laço fluídico.

       Uma resposta interessante foi apresentada a Kardec em um dos seus questionamentos relacionados com o processo de desencarnação. A pergunta consistiu em esclarecer se a desencarnação em si tem algo de doloroso; na resposta consta que não é dolorosa, mas acrescentam uma afirmativa que merece atenção, dizem os espíritos responsáveis que “a alma nenhuma parte toma nisso”3.

       Em comentário à esta resposta, Kardec conclui que na situação da morte que "sobrevém pelo esgotamento dos órgãos, em consequência da idade, o homem deixa a vida sem o perceber: é uma lâmpada que se apaga por falta de óleo”3.

       Juntando os dois conceitos que estão sendo considerados, podemos correlacionar o “óleo” que vai se extinguindo, na colocação de Kardec, com a geração/formação de lácitons. Assim, conforme o óleo vai queimando, em uma caldeira, por exemplo, necessita ser reposto para que a chama continue acesa. Similarmente, conforme o corpo físico vai processando fluido, equivalente a queima do óleo, é necessária a reposição que é realizada através do próprio funcionamento do corpo, isto é, alimentação, respiração e outros processos inerentes à sua manutenção relacionados com assimilação de fluido.

       Assim, ao atingir determinada condição, que pode ser a idade avançada ou algum tipo de enfermidade, o corpo vai perdendo gradativamente sua capacidade de assimilação de fluido com a consequente perda de capacidade de geração/formação de lácitons – as partículas virtuais. Como decorrência desta condição, o corpo vai, também gradativamente, enfraquecendo a sua ligação com o perispírito até que, finamente, ocorra a desencarnação natural. A desencarnação, sendo um processo natural e lento, propicia a adequação gradual de todo o sistema para culminar na completa dissociação do corpo físico.

       Contudo, ainda resta analisar as “mortes” por acidentes e os suicídios. Aqui, neste contexto, por “acidentes” serão considerados apenas os casos em que a desencarnação é provocada exclusivamente por outrem, na qual aquele que desencarna não teve qualquer participação no evento, tal como negligência ou que tenha se colocado voluntariamente em uma condição de risco.

       Nos casos de acidente, no qual o corpo sofre um dano grande o suficiente para não mais manter a condição de vida, haverá interrupção abrupta na geração/formação de lácitons. Nas situações deste tipo, o espírito passará por uma etapa de perturbação, que poderá ser mais ou menos longa, dependendo do seu grau de entendimento e depuração. Nestes eventos, não houve adequação gradativa do perispírito para não mais trocar lácitons com o corpo, por isso, o espírito não se acredita desencarnado. A cessação da condição receptiva de lácitons por parte do perispírito ocorrerá em decorrência de processos mentais do espírito na adequação à sua nova condição.

       Importa ressaltar que, apesar de normalmente se considerar acidente, mesmo na conotação aqui empregada, o espírito que desencarna nunca é completamente passivo no evento, pois todos nós, de alguma forma, somos partícipes em todos os processos em que nos vemos envolvidos. O espírito está sujeito a todos os eventos, sejam quais forem, no mundo em que se encontra ligado em decorrência das suas próprias escolhas.

       Nos casos de suicídio, seja direto (quando há intenção) ou indireto (quando não há intenção, mas se coloca voluntariamente em condição de risco), o processo é semelhante ao acidente com relação aos lácitons provenientes do corpo físico. Porém, pelo fato da desencarnação ser decorrente de processos mentais enfermiços, o espírito não estabelece a condição mental adequada para estabilizar os processos físicos de interação do corpo com o perispírito. Desta forma, em decorrência da mente “congelada” que o espírito mantém no evento que causou a desencarnação, o perispírito se mantém em condição receptiva na troca de lácitons. Este processo é doloroso para o espírito tanto mental quanto fisicamente.

 

Notas bibliográficas:

1. Claudio C. Conti; Os Laços que Ligam a Alma ao Corpo; Jornal Correio Espírita; maio de 2017.

2. Marco A. Moreira; O Modelo Padrão da Física de Partículas; http://www.if.ufrgs.br/~moreira/modelopadrao.pdf

3. Allan Kardec; O Livro dos Espíritos; comentário à questão 154.

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